Os
moçambicanos estão com o coração nas mãos, porque a reação dos dois principais
partidos ao fracasso das suas expetativas pode provocar
"perturbação", disse à Lusa Lourenço do Rosário, mediador do diálogo
entre Governo e Renamo.
"É
uma situação que nós temos que ter os corações nas mãos e esperar que possa
sair daqui algo equilibrado, aquilo que o Presidente da República, Armando
Guebuza, disse, que qualquer que seja o resultado, o líder da oposição deve ter
dignidade de Estado", disse Rosário, após votar hoje à tarde para as
eleições gerais moçambicanas, que se realizam em Moçambique.
Para
Lourenço do Rosário, que é também reitor da universidade A Politécnica, o
estabelecimento universitário privado mais antigo em Moçambique, o país pode
experimentar alguma perturbação, caso os resultados das eleições gerais
frustrem as expetativas dos dois principais partidos, nomeadamente a Frente de
Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e a Renamo (Resistência
Nacional Moçambicana), o principal partido da oposição.
"O
pós-eleitoral é uma incógnita, vai depender dos resultados, em termos
objetivos, é tão difícil o partido no poder aceitar ceder fatias do poder, se
de facto acontecer aquilo que tem sido vaticinado, que não vai ganhar
retumbantemente, como será difícil para a própria Renamo, depois deste
´forcing` todo", declarou Lourenço do Rosário.
"Ele
[líder da Renamo, Afonso Dhlakama] está certo de que vai ganhar. Tanto de um
lado como de outro [Renamo e Frelimo], se não acontecer o que está nas suas
expectativas, poderá haver alguma perturbação", acrescentou Rosário,
afastando, contudo, o risco de retorno à violência militar.
Lourenço
do Rosário enfatizou que os riscos de fraude eleitoral alegada nas anteriores
eleições gerais pela oposição "podem estar diminuídos, dada a presença de
vários atores" no processo.
Lourenço
do Rosário foi um dos principais mediadores das negociações que puseram termo,
a 05 de setembro último, a mais de um ano e meio de violência militar entre as
Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e a Renamo.
Mais
de dez milhões de moçambicanos escolhem hoje um novo Presidente da República,
250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias
provinciais.
No
escrutínio, concorrem três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos
políticos.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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