quarta-feira, 1 de outubro de 2014

FMI. INVESTIMENTO PÚBLICO NOS RICOS, AUSTERIDADE NOS POBRES



António Ribeiro Ferreira – jornal i

Relatório apela a mais despesa pública em países como a Alemanha. Zona euro cada vez mais ameaçada pela deflação

É mais uma pedrada no charco da zona euro. Vem de Washington, do Fundo Monetário Internacional, uma organização que nos últimos meses tem sido bastante crítica da política europeia e em particular da levada a cabo e imposta pela Alemanha. O FMI tem vindo a referir de forma sistemática que a zona euro e a União Europeia são responsáveis pelo fraco crescimento da economia mundial. Ontem, no seu outlook do Outono, a instituição liderada por Christine Lagarde abre nova polémica ao defender mais investimento público nos países com economias desenvolvidas, isto é, como a Alemanha. Mas Berlim, alvo de críticas fortíssimas por ter excedentes comerciais enormes e não fomentar mais a procura interna, uma forma de ajudar os periféricos a aumentar as exportações, responde de forma gelada: já instituiu o salário mínimo e subiu pensões num ano em que na sua economia está a sofrer com a crise da Ucrânia, com crescimentos abaixo das expectativas, a confiança dos empresários a cair de mês para mês e o desemprego a subir ligeiramente. Mas vamos ao FMI. O Fundo Monetário Internacional defende, num capítulo do World Economic Outlook divulgado ontem, que um aumento do investimento público em infra-estruturas pode ajudar a impulsionar a actividade económica e a criar empregos, sem aumentar a dívida. No caso das economias avançadas, o Fundo indica que "um aumento de um ponto percentual no PIB em despesas de investimento em infra-estruturas aumenta o nível de produção 0,4% no mesmo ano e 1,5% quatro anos depois".

CRESCIMENTO COMPENSA DÍVIDA 

Além disso, "o crescimento no PIB que um país ganha através do aumento do investimento público em infra-estruturas compensa o aumento da dívida", conclui o FMI: "Por outras palavras, o investimento público pagar-se-ia a si próprio se feito de forma correcta." Para o fundo, os ganhos do investimento dependem do grau de folga económica, da eficiência do próprio investimento e da forma como é financiado. Segundo o estudo, os dados sobre os países com economias avançadas "sugerem que o investimento público que é financiado através de emissão de dívida tem efeitos produtivos mais prolongados que quando é financiado através do aumento de impostos ou da redução de despesa".

INFLAÇÃO PRESSIONA DRAGHI 

A taxa de inflação anual na zona euro recuou em Setembro 0,1 pontos, para os 0,3%, face a Agosto, segundo uma estimativa rápida ontem divulgada pelo Eurostat. Mais um dado a pressionar Mario Draghi e o BCE, que reúne amanhã o Conselho de Governadores. Segundo o gabinete oficial de estatísticas da União Europeia, o sector dos serviços foi o que registou uma taxa de inflação mais elevada (1,1%, contra 1,3% em Agosto), seguindo-se os da alimentação, bebidas alcoólicas e tabaco (0,2%, face aos -0,3% de Agosto), bens industriais (0,1%, comparando com 0,3% de Agosto) e energia (-2,4%, face aos -2,0% registados em Agosto). Com Lusa

Foto: Yuya Shino/Reuters

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