António
Ribeiro Ferreira – jornal i
Relatório
apela a mais despesa pública em países como a Alemanha. Zona euro cada vez mais
ameaçada pela deflação
É
mais uma pedrada no charco da zona euro. Vem de Washington, do Fundo Monetário
Internacional, uma organização que nos últimos meses tem sido bastante crítica
da política europeia e em particular da levada a cabo e imposta pela Alemanha.
O FMI tem vindo a referir de forma sistemática que a zona euro e a União
Europeia são responsáveis pelo fraco crescimento da economia mundial. Ontem, no
seu outlook do Outono, a instituição liderada por Christine Lagarde abre nova
polémica ao defender mais investimento público nos países com economias
desenvolvidas, isto é, como a Alemanha. Mas Berlim, alvo de críticas
fortíssimas por ter excedentes comerciais enormes e não fomentar mais a procura
interna, uma forma de ajudar os periféricos a aumentar as exportações, responde
de forma gelada: já instituiu o salário mínimo e subiu pensões num ano em que
na sua economia está a sofrer com a crise da Ucrânia, com crescimentos abaixo
das expectativas, a confiança dos empresários a cair de mês para mês e o
desemprego a subir ligeiramente. Mas vamos ao FMI. O Fundo Monetário
Internacional defende, num capítulo do World Economic Outlook divulgado ontem,
que um aumento do investimento público em infra-estruturas pode ajudar a
impulsionar a actividade económica e a criar empregos, sem aumentar a dívida.
No caso das economias avançadas, o Fundo indica que "um aumento de um
ponto percentual no PIB em despesas de investimento em infra-estruturas aumenta
o nível de produção 0,4% no mesmo ano e 1,5% quatro anos depois".
CRESCIMENTO
COMPENSA DÍVIDA
Além disso, "o crescimento no PIB que um país ganha
através do aumento do investimento público em infra-estruturas compensa o
aumento da dívida", conclui o FMI: "Por outras palavras, o
investimento público pagar-se-ia a si próprio se feito de forma correcta."
Para o fundo, os ganhos do investimento dependem do grau de folga económica, da
eficiência do próprio investimento e da forma como é financiado. Segundo o
estudo, os dados sobre os países com economias avançadas "sugerem que o
investimento público que é financiado através de emissão de dívida tem efeitos
produtivos mais prolongados que quando é financiado através do aumento de
impostos ou da redução de despesa".
INFLAÇÃO
PRESSIONA DRAGHI
A taxa de inflação anual na zona euro recuou em Setembro
0,1 pontos, para os 0,3%, face a Agosto, segundo uma estimativa rápida ontem
divulgada pelo Eurostat. Mais um dado a pressionar Mario Draghi e o BCE, que
reúne amanhã o Conselho de Governadores. Segundo o gabinete oficial de
estatísticas da União Europeia, o sector dos serviços foi o que registou uma
taxa de inflação mais elevada (1,1%, contra 1,3% em Agosto), seguindo-se os da
alimentação, bebidas alcoólicas e tabaco (0,2%, face aos -0,3% de Agosto), bens
industriais (0,1%, comparando com 0,3% de Agosto) e energia (-2,4%, face aos
-2,0% registados em Agosto). Com Lusa
Foto:
Yuya Shino/Reuters
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