segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Indonésia lança mega-projeto para impedir inundações em Jacarta




Jacarta, 20 out (Lusa) - As autoridades da Indonésia decidiram construir um mega-projeto de uma cidade offshore ao longo da costa de Jacarta, que servirá para travar as inundações na capital do país e ainda para modernizar e descongestionar a cidade.

A primeira fase do projeto, iniciada na semana passada e que deverá estar concluída em 2025, passa por melhorar os diques costeiros já existentes e por construir uma estrutura de 32 quilómetros e 17 ilhas artificiais na baía de Jacarta.

Na segunda fase, que poderá demorar décadas, será desenvolvida a zona com cerca de 4000 hectares, criando portos, um aeroporto, espaços para transportes públicos terrestres e uma estrada para ligar as zonas a oeste e a este de Jacarta e descongestionando, assim, uma cidade onde habitam 13 milhões de pessoas.

A estrutura, em forma da águia Garuda, uma personagem da mitologia indonésia, incluirá ainda zonas residenciais para mais de 1,5 milhões de pessoas, áreas industriais e de negócios e ainda espaços verdes e de lazer, que escasseiam em Jacarta.

A "Grande Garuda" inclui um enorme reservatório entre o muro e as ilhas, onde a água das chuvas ficará armazenada, evitando assim inundações na cidade.

O projeto, orçado em cerca de 31 mil milhões de euros, envolve ainda a limpeza dos rios, muitas vezes usados como fontes de água pelas comunidades mais pobres.

Em declarações à agência Lusa, Victor Coenen, da consultora holandesa Witteveen+Bos, que concebeu o plano diretor do projeto, destacou que, apesar de a construção de muros gigantes junto a cidades costeiras não ser uma novidade, "a integração de todos estes aspetos num projeto" desta natureza e dimensão nunca foi realizada.

Algumas zonas da costa norte de Jacarta, construída sobre argila mole, estão a afundar 14 centímetros por ano e as autoridades receiam que até 2030 metade de Jacarta fique debaixo de água.

Em 2007, um dos piores anos de que há registo, as cheias provocaram 76 mortos, 590 mil refugiados, doenças em, pelo menos, 190 mil pessoas e prejuízos na ordem dos 426 milhões de euros.

Victor Coenen entende que a construção de um muro gigante é a única solução para cidades à beira da água onde as cheias são frequentes e onde não é possível "parar o afundamento do solo", como é o caso de Jacarta.

Embora garantindo que os riscos técnicos são "bastante limitados", Victor Coenen alertou que esta obra tem "muitos riscos", por isso, aconselhou a contratação dos melhores especialistas do mundo e uma gestão que garanta "que todo o dinheiro chega no momento certo e é gasto de forma adequada".

A conclusão de uma infraestrutura desta dimensão gera dúvidas entre a população, sobretudo depois de o projeto da construção de um sistema de transporte público por monocarril na cidade ter sido posto em causa por casos de corrupção.

Em resposta às preocupações das comunidades piscatórias residentes junto à costa de Jacarta que serão prejudicadas durante a implementação do projeto, Victor Coenen disse que 17 por cento da área de construção da "Grande Garuda" destinar-se-á às comunidades de pescadores e às pessoas com baixos rendimentos.

AYN // PJA - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana