Jacarta,
20 out (Lusa) - As autoridades da Indonésia decidiram construir um mega-projeto
de uma cidade offshore ao longo da costa de Jacarta, que servirá para travar as
inundações na capital do país e ainda para modernizar e descongestionar a
cidade.
A
primeira fase do projeto, iniciada na semana passada e que deverá estar concluída
em 2025, passa por melhorar os diques costeiros já existentes e por construir
uma estrutura de 32
quilómetros e 17 ilhas artificiais na baía de Jacarta.
Na
segunda fase, que poderá demorar décadas, será desenvolvida a zona com cerca de
4000 hectares ,
criando portos, um aeroporto, espaços para transportes públicos terrestres e
uma estrada para ligar as zonas a oeste e a este de Jacarta e
descongestionando, assim, uma cidade onde habitam 13 milhões de pessoas.
A
estrutura, em forma da águia Garuda, uma personagem da mitologia indonésia,
incluirá ainda zonas residenciais para mais de 1,5 milhões de pessoas, áreas
industriais e de negócios e ainda espaços verdes e de lazer, que escasseiam em
Jacarta.
A
"Grande Garuda" inclui um enorme reservatório entre o muro e as
ilhas, onde a água das chuvas ficará armazenada, evitando assim inundações na
cidade.
O
projeto, orçado em cerca de 31 mil milhões de euros, envolve ainda a limpeza
dos rios, muitas vezes usados como fontes de água pelas comunidades mais
pobres.
Em
declarações à agência Lusa, Victor Coenen, da consultora holandesa
Witteveen+Bos, que concebeu o plano diretor do projeto, destacou que, apesar de
a construção de muros gigantes junto a cidades costeiras não ser uma novidade,
"a integração de todos estes aspetos num projeto" desta natureza e
dimensão nunca foi realizada.
Algumas
zonas da costa norte de Jacarta, construída sobre argila mole, estão a afundar 14 centímetros por
ano e as autoridades receiam que até 2030 metade de Jacarta fique debaixo de
água.
Em
2007, um dos piores anos de que há registo, as cheias provocaram 76 mortos, 590
mil refugiados, doenças em, pelo menos, 190 mil pessoas e prejuízos na ordem
dos 426 milhões de euros.
Victor
Coenen entende que a construção de um muro gigante é a única solução para
cidades à beira da água onde as cheias são frequentes e onde não é possível
"parar o afundamento do solo", como é o caso de Jacarta.
Embora
garantindo que os riscos técnicos são "bastante limitados", Victor
Coenen alertou que esta obra tem "muitos riscos", por isso,
aconselhou a contratação dos melhores especialistas do mundo e uma gestão que
garanta "que todo o dinheiro chega no momento certo e é gasto de forma
adequada".
A
conclusão de uma infraestrutura desta dimensão gera dúvidas entre a população,
sobretudo depois de o projeto da construção de um sistema de transporte público
por monocarril na cidade ter sido posto em causa por casos de corrupção.
Em
resposta às preocupações das comunidades piscatórias residentes junto à costa
de Jacarta que serão prejudicadas durante a implementação do projeto, Victor
Coenen disse que 17 por cento da área de construção da "Grande
Garuda" destinar-se-á às comunidades de pescadores e às pessoas com baixos
rendimentos.
AYN
// PJA - Lusa
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