quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Moçambique – Eleições: "Posso dizer que já ganhei" afirma Dhlakama à DW África




Em entrevista exclusiva à DW África, esta quinta-feira (09.10), o líder da RENAMO e candidato a Presidente, Afonso Dhlakama, se mostrou tranquilo e otimista. "Estou em vantagem, mas em vantagem mesmo!" garantiu.

A entrevista exclusiva à DW África foi concedida pelo candidato da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), à presidência de Moçambique em plena pista de aterragem do aeroporto internacional da cidade da Beira, na província de Sofala.

Afonso Dhlakama parecia animado, depois de ter feito, esta quarta-feira (08.10), um comício em pleno centro da segunda maior cidade de Mocambique.

A cidade da Beira é atualmente governada por um edil do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, que é também o candidato do partido às presidenciais. Mas isso não impediu que os cidadãos aderissem aos milhares "entupindo", praticamente, a praça do Caminhos de Ferro de Mocambique (CFM).

Dhlakama movimenta-se pelo país, acompanhado de um forte "aparato" de seguranças e homens armados, segundo informações do nosso enviado especial a Moçambique, António Cascais.

Depois da entrevista exclusiva, o líder da RENAMO seguiu para Ihambane. Não foi fácil obter acesso a Afonso Dhlakama, pois - por motivos de segurança - os lideres do partido recusam-se a marcar encontros com muita antecedencia.

Na conversa, Afonso Dhlakama revela como tem sido a sua campanha eleitoral.

DW África: Como tem decorrido até agora a campanha eleitoral?

Afonso Dhlakama: Está a andar bem, muito obrigado! Está a andar bem. Estamos quase a terminar a campanha. No dia 12 [de outubro] vamos proceder ao encerramento da campanha.

Mas, como sabe, eu iniciei a campanha duas semanas depois de ter iniciado. Embora tenha demorado, por onde passei, senti-me muito satisfeito com aqueles enchentes de pessoas que, vê-se do coração, vêm porque querem ouvir a mensagem.

A minha campanha é diferente da dos outros candidatos que têm muitas condições, panfletos, bandeiras e camisetas - até oferecem dinheiro, músicos, bebidas. E eu, não. Faço aquela campanha: chego numa aldeia, paro, toda a gente já sabe que o Dhlakama vai chegar, enche. O mais importante é que é gente com capacidade eleitoral, a partir dos 20 anos para cima. Jovens que querem mudança, não é?

Agora, não sei o que é que dita isto, mas a partir do norte até aqui no centro [do país], que são as províncias mais populosas, que são os grandes círculos eleitorais, conseguia milhares e milhares nos meus comícios.

Não posso dizer que já ganhei. Mas, comparativamente com o candidato [Filipe Nyusi] da FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, o partido no poder], e o candidato [Daviz Simango] do MDM, se na verdade os enchentes, a presença massiva significasse a vitória, eu posso dizer que já ganhei!

DW África: Falava-se que os moçambicanos estivessem decepcionados, por ventura, com o Dhlakama depois do conflito que houve durante dois anos. Mas, afinal, o Dhlakama não foi esquecido.

AD: Não, ao contrário. Eu fiz a campanha em Satunjira. Porque, de fato, um ano e meio ou dois anos que estive na serra da Gorongosa a ser bombardeado todos os dias, todos os intelectuais, jovens moçambicanos, todos assistiam e sentiam e sabiam que não era para a minha família, mas sim que era para obrigar o regime da FRELIMO a aceitar uma boa governação, a aceitar que houvesse a alternância governativa no país.

Aliás, eu não sabia que eu estava a fazer a pré-campanha. Veja lá, saí com duas semanas de atraso da campanha. Mas hoje posso dizer, as pessoas e na internet, intelectuais, académicos, estou em vantagem. Mas em vantagem mesmo!

DW África: Houve algum tipo de impedimento da sua campanha, nos últimos dias?

AD: Só aquela coisa, censura na TVM. Não por parte de repórteres que estiveram comigo. São bons jovens jornalistas. Lá, os diretores da TVM que tentavam, assim, diminuir um mucadinho para facilitar mais minutos ao candidato da FRELIMO com relação à minha candidatura. Mas isto foi ultrapassado nos últimos dias. Parece que as coisas já estão a andar bem.

António Cascais (enviado especial à Beira) – Deutsche Welle

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