segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Moçambique – Eleições: VIOLÊNCIA PREVALECE ATÉ AO FINAL DA CAMPANHA ELEITORAL




Quinze feridos em atos de violência eleitoral em Nampula

Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade, em resultado de atos de violência envolvendo membros da Renamo e da Frelimo, em Nampula, no último dia da campanha para as eleições gerais em Moçambique.

Além da entrada de feridos no Hospital Provincial de Nampula, noticiado pela agência moçambicana AIM, onze pessoas foram detidas, de acordo com o canal de televisão privado STV, no dia em que o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, encerrava a campanha para as eleições de quarta-feira, com um comício na capital do maior círculo eleitoral do país.

"Na manhã de hoje, membros da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] espalharam-se pela cidade e praticaram atos de violência, arremessando pedras contra carros e pessoas", disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), referindo-se ao "comportamento selvático" de elementos do principal partido de oposição.

Além dos confrontos, as autoridades tentaram também dispersar, com gás lacrimogéneo, a multidão que se concentrava no estádio 25 de Setembro para ouvir Dhlakama, no seu comício final da campanha para as eleições de quarta-feira, testemunhou a Lusa no local.

Segundo Ivone Soares, deputada da Renamo e que também foi atingida pelo gás lançado no comício, os apoiantes da Renamo foram perseguidos hoje com provocações, insultos e manobras de intimidação de 'motards' do partido no poder.

"Os ânimos aceleraram e houve situações de pancadaria nas redondezas do local onde ia acontecer o comício. "Mas nada explica", para a dirigente da Renamo, "a força que depois foi aplicada", acusando as autoridades de recorrerem a um blindado do exército e a elementos da Força de Intervenção Rápida (FIR) e provocarem uma "situação de guerra e salve-se quem puder em plena cidade".

A situação não se tornou pior, adiantou, porque houve contactos entre autoridades locais e dirigentes da Renamo e "o blindado foi-se embora e os homens da FIR também".

Ivone Soares disse que em Angoche, distrito da província de Nampula, a delegação local da Renamo foi vandalizada, registando-se também casos de agressões e pelo menos um esfaqueamento de um elemento do partido de oposição.

A AIM informou que em Nacala Porto, também na província de Nampula, houve registo de mais confrontos, feridos e viaturas danificadas.

Apesar dos incidentes, a Renamo manteve o comício de Dhlakama em Nampula e que começou com quase duas horas de atraso, quando a situação tendia a serenar na cidade.

"Felizmente os jornalistas puderam ver em primeira mão aquilo que está a acontecer. Eu não sei se todos os regimes que estão em decadência têm que se comportar dessa maneira. Se o povo não quer a Frelimo {Frente de Libertação de Moçambique, no poder] não insistam. Saiam a bem", disse Ivone Soares.

Um membro da Polícia da República de Moçambique disse à Lusa que "as ordens para disparar contra as pessoas vieram da chefia máxima", não esclarecendo o que levou a polícia a atuar. "Nós apenas viemos cumprir", afirmou.

Moçambique realiza na quarta-feira eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais).

Lusa, em Notícias ao Minuto

Polícia tenta dispersar comício de Dhlakama em Nampula

A Polícia da República de Moçambique (PRM) tentou hoje, sem sucesso, dispersar, com gás lacrimogéneo, os eleitores que acorreram ao estádio 25 de Setembro em Nampula, norte do país, para o comício final da campanha do líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

A cerca de meia hora do início da hora prevista para o comício de encerramento da campanha do líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais), a PRM disparou gás lacrimogéneo no local onde se concentrava a multidão e zonas adjacentes, testemunhou a Lusa no local.

A deputada da Renamo Ivone Soares, e candidata ao parlamento por Nampula, o maior círculo eleitoral do país, reagiu de imediato à atuação da PRM.

"Felizmente os jornalistas puderam ver em primeira mão aquilo que está a acontecer. Eu não sei se todos os regimes que estão em decadência têm que se comportar dessa maneira. Se o povo não quer a Frelimo {Frente de Libertação de Moçambique, no poder] não insistam. Saiam a bem", disse Ivone Soares.

"Lançaram gás lacrimogéneo até para mim que sou deputada da Assembleia da República. Se a polícia não consegue entender que em Moçambique o povo é soberano, é tempo realmente de mudar esse governo. Estamos fartos de discriminação. A Frelimo acabou em Moçambique", declarou.

Um membro da PRM disse à Lusa que "as ordens para disparar contra as pessoas vieram da chefia máxima" da corporação, não esclarecendo o que levou a polícia a atual. "Nós apenas viemos cumprir", afirmou.

Depois da intervenção da PRM, um carro da Polícia de Trânsito passou do local e, com recurso a colunas de som, apelou à população para se manter calma.

Apesar do incidente, o comício de Dhlakama vai realizar-se e as pessoas mantiveram-se no local para ouvir o líder da Renamo.

Dhlakama chegou à cidade de Nampula ao meio da manhã de hoje e, foi recebido por uma enorme moldura humana.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Presidente da Renamo: "Violência é falta de transparência"

O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, associou em entrevista à Lusa a violência à falta de transparência eleitoral e afirmou que as eleições em Moçambique "serão aceites quando forem justas".

"As pessoas preocupam-se com a violência e as eleições serem aceites. Serão aceites quando forem justas e transparentes", declarou o líder da oposição, em vésperas das eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais), que se disputam na quarta-feira.

O presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), que saiu vencido nas quatro eleições presidenciais anteriores, questionou a utilidade de se reconhecer uma derrota fraudulenta e ouvir sugestões nesse sentido de conselheiros para passar por bom democrata. "Isso é ser estúpido."

"Por isso, o aconselhamento que posso dar é que as eleições sejam transparentes", insistiu Dhlakama, que espera ganhar a votação.

"Se eu perder porque o povo não votou em mim, vou disparar contra o povo? Isto não é democracia", afirmou, reiterando uma relação entre o reconhecimento dos resultados e um processo limpo.

"A interpretação [dos resultados] nem será feita por mim, porque eu sou pessoa, político, sou Dhlakama. Esses todos que vão votar em mim é que vão exigir explicações", destacou o líder da oposição, que assinou a 05 de setembro um acordo com o Presidente moçambicano para encerrar 17 meses de hostilidades militares com o Governo e que prevê a desmilitarização progressiva da Renamo, embora permitindo que enfrente as próximas eleições ainda armada.

O presidente da Renamo não espera que a próxima votação decorra de forma totalmente livre, porque "nunca houve eleições transparentes em Moçambique", mas acredita que a nova lei eleitoral que impôs no processo de diálogo com o Governo vai diminuir a fraude.

"Não digo que tudo vai poder correr bem, mas quero acreditar que, pela primeira vez, na história de eleições em Moçambique, estas vão ser as melhores", disse Afonso Dhlakama, que disse estar satisfeito com o trabalho dos órgãos eleitorais, apesar de "quadros antigos que lá estão ainda a tentar resistir".

O líder da oposição falou também de um cenário de derrota da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), destacando o papel Presidente Armando Guebuza.

"Na assinatura do [acordo de paz], o Presidente Guebuza deu-me a entender que, depois desta vergonha toda dos dois anos, das mortes inocentes, gostaria de abandonar o poder sem violência", mencionou, acrescentando que o chefe de Estado "mandou alguns recados para que as coisas estejam calmas".

Se o seu partido sair vencedor, Dhlakama quer "esquecer o passado" e focar-se na reconciliação.

"Sei muito que é difícil, sobretudo na África Austral, onde os partidos históricos que trouxeram a independência consideram os partidos da oposição democráticos como inimigo", observou, lembrando porém que um líder da oposição é "um futuro chefe de Estado.

A alternância, segundo Dhlakama, só assusta "os quadros da Frelimo que são super-ricos", nascidos da "má distribuição da riqueza", e "têm medo de que a Renamo vai vingar-se".

"É uma mensagem forte que eu digo, porque são essas pessoas que têm receio", sublinhou, prometendo "esquecer o passado, como elas enriqueceram", mas lembrando que "um pé descalço não tem nada a perder".

Segundo o líder da Renamo, "África não pode ter uma democracia chamada africana", porque "a democracia tem regras, é um modelo para qualquer ser humano". Por isso rebate "os velhos africanos" quando dizem que a democracia não é viável: "É possível e Moçambique e África vão mudar".

"Não quero que a Frelimo desapareça, mas que se mantenha uns 15 anos na oposição para aprender o que é a alternância governativa", disse ainda. "Sim vai doer. Estamos na oposição desde 1992 até hoje, mas nunca morremos, estamos cá."

Lusa, em Notícias ao Minuto

*Título PG

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