Quinze
feridos em atos de violência eleitoral em Nampula
Pelo
menos 15 pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade, em resultado de
atos de violência envolvendo membros da Renamo e da Frelimo, em Nampula, no
último dia da campanha para as eleições gerais em Moçambique.
Além
da entrada de feridos no Hospital Provincial de Nampula, noticiado pela agência
moçambicana AIM, onze pessoas foram detidas, de acordo com o canal de televisão
privado STV, no dia em que o líder da Renamo (Resistência Nacional
Moçambicana), Afonso Dhlakama, encerrava a campanha para as eleições de
quarta-feira, com um comício na capital do maior círculo eleitoral do país.
"Na
manhã de hoje, membros da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana]
espalharam-se pela cidade e praticaram atos de violência, arremessando pedras
contra carros e pessoas", disse o porta-voz da Polícia da República de
Moçambique (PRM), referindo-se ao "comportamento selvático" de
elementos do principal partido de oposição.
Além
dos confrontos, as autoridades tentaram também dispersar, com gás lacrimogéneo,
a multidão que se concentrava no estádio 25 de Setembro para ouvir Dhlakama, no
seu comício final da campanha para as eleições de quarta-feira, testemunhou a
Lusa no local.
Segundo
Ivone Soares, deputada da Renamo e que também foi atingida pelo gás lançado no
comício, os apoiantes da Renamo foram perseguidos hoje com provocações,
insultos e manobras de intimidação de 'motards' do partido no poder.
"Os
ânimos aceleraram e houve situações de pancadaria nas redondezas do local onde
ia acontecer o comício. "Mas nada explica", para a dirigente da
Renamo, "a força que depois foi aplicada", acusando as autoridades de
recorrerem a um blindado do exército e a elementos da Força de Intervenção
Rápida (FIR) e provocarem uma "situação de guerra e salve-se quem puder em
plena cidade".
A
situação não se tornou pior, adiantou, porque houve contactos entre autoridades
locais e dirigentes da Renamo e "o blindado foi-se embora e os homens da
FIR também".
Ivone
Soares disse que em Angoche, distrito da província de Nampula, a delegação
local da Renamo foi vandalizada, registando-se também casos de agressões e pelo
menos um esfaqueamento de um elemento do partido de oposição.
A
AIM informou que em
Nacala Porto , também na província de Nampula, houve registo
de mais confrontos, feridos e viaturas danificadas.
Apesar
dos incidentes, a Renamo manteve o comício de Dhlakama em Nampula e que começou
com quase duas horas de atraso, quando a situação tendia a serenar na cidade.
"Felizmente
os jornalistas puderam ver em primeira mão aquilo que está a acontecer. Eu não
sei se todos os regimes que estão em decadência têm que se comportar dessa
maneira. Se o povo não quer a Frelimo {Frente de Libertação de Moçambique, no
poder] não insistam. Saiam a bem", disse Ivone Soares.
Um
membro da Polícia da República de Moçambique disse à Lusa que "as ordens
para disparar contra as pessoas vieram da chefia máxima", não esclarecendo
o que levou a polícia a atuar. "Nós apenas viemos cumprir", afirmou.
Moçambique
realiza na quarta-feira eleições gerais (presidenciais, legislativas e
assembleias provinciais).
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Polícia
tenta dispersar comício de Dhlakama em Nampula
A
Polícia da República de Moçambique (PRM) tentou hoje, sem sucesso, dispersar,
com gás lacrimogéneo, os eleitores que acorreram ao estádio 25 de Setembro em
Nampula, norte do país, para o comício final da campanha do líder da Renamo,
Afonso Dhlakama.
A
cerca de meia hora do início da hora prevista para o comício de encerramento da
campanha do líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) para as eleições
gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais), a PRM disparou
gás lacrimogéneo no local onde se concentrava a multidão e zonas adjacentes,
testemunhou a Lusa no local.
A
deputada da Renamo Ivone Soares, e candidata ao parlamento por Nampula, o maior
círculo eleitoral do país, reagiu de imediato à atuação da PRM.
"Felizmente
os jornalistas puderam ver em primeira mão aquilo que está a acontecer. Eu não
sei se todos os regimes que estão em decadência têm que se comportar dessa
maneira. Se o povo não quer a Frelimo {Frente de Libertação de Moçambique, no
poder] não insistam. Saiam a bem", disse Ivone Soares.
"Lançaram
gás lacrimogéneo até para mim que sou deputada da Assembleia da República. Se a
polícia não consegue entender que em Moçambique o povo é soberano, é tempo
realmente de mudar esse governo. Estamos fartos de discriminação. A Frelimo
acabou em Moçambique", declarou.
Um
membro da PRM disse à Lusa que "as ordens para disparar contra as pessoas
vieram da chefia máxima" da corporação, não esclarecendo o que levou a
polícia a atual. "Nós apenas viemos cumprir", afirmou.
Depois
da intervenção da PRM, um carro da Polícia de Trânsito passou do local e, com
recurso a colunas de som, apelou à população para se manter calma.
Apesar
do incidente, o comício de Dhlakama vai realizar-se e as pessoas mantiveram-se
no local para ouvir o líder da Renamo.
Dhlakama
chegou à cidade de Nampula ao meio da manhã de hoje e, foi recebido por uma
enorme moldura humana.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Presidente
da Renamo: "Violência é falta de transparência"
O
presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, associou em entrevista à Lusa a
violência à falta de transparência eleitoral e afirmou que as eleições em
Moçambique "serão aceites quando forem justas".
"As
pessoas preocupam-se com a violência e as eleições serem aceites. Serão aceites
quando forem justas e transparentes", declarou o líder da oposição, em
vésperas das eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias
provinciais), que se disputam na quarta-feira.
O
presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), que saiu vencido nas
quatro eleições presidenciais anteriores, questionou a utilidade de se
reconhecer uma derrota fraudulenta e ouvir sugestões nesse sentido de
conselheiros para passar por bom democrata. "Isso é ser estúpido."
"Por
isso, o aconselhamento que posso dar é que as eleições sejam
transparentes", insistiu Dhlakama, que espera ganhar a votação.
"Se
eu perder porque o povo não votou em mim, vou disparar contra o povo? Isto não
é democracia", afirmou, reiterando uma relação entre o reconhecimento dos
resultados e um processo limpo.
"A
interpretação [dos resultados] nem será feita por mim, porque eu sou pessoa,
político, sou Dhlakama. Esses todos que vão votar em mim é que vão exigir
explicações", destacou o líder da oposição, que assinou a 05 de setembro
um acordo com o Presidente moçambicano para encerrar 17 meses de hostilidades
militares com o Governo e que prevê a desmilitarização progressiva da Renamo,
embora permitindo que enfrente as próximas eleições ainda armada.
O
presidente da Renamo não espera que a próxima votação decorra de forma
totalmente livre, porque "nunca houve eleições transparentes em
Moçambique", mas acredita que a nova lei eleitoral que impôs no processo
de diálogo com o Governo vai diminuir a fraude.
"Não
digo que tudo vai poder correr bem, mas quero acreditar que, pela primeira vez,
na história de eleições em Moçambique, estas vão ser as melhores", disse
Afonso Dhlakama, que disse estar satisfeito com o trabalho dos órgãos
eleitorais, apesar de "quadros antigos que lá estão ainda a tentar
resistir".
O
líder da oposição falou também de um cenário de derrota da Frelimo (Frente de
Libertação de Moçambique), destacando o papel Presidente Armando Guebuza.
"Na
assinatura do [acordo de paz], o Presidente Guebuza deu-me a entender que,
depois desta vergonha toda dos dois anos, das mortes inocentes, gostaria de
abandonar o poder sem violência", mencionou, acrescentando que o chefe de
Estado "mandou alguns recados para que as coisas estejam calmas".
Se
o seu partido sair vencedor, Dhlakama quer "esquecer o passado" e
focar-se na reconciliação.
"Sei
muito que é difícil, sobretudo na África Austral, onde os partidos históricos
que trouxeram a independência consideram os partidos da oposição democráticos
como inimigo", observou, lembrando porém que um líder da oposição é
"um futuro chefe de Estado.
A
alternância, segundo Dhlakama, só assusta "os quadros da Frelimo que são
super-ricos", nascidos da "má distribuição da riqueza", e
"têm medo de que a Renamo vai vingar-se".
"É
uma mensagem forte que eu digo, porque são essas pessoas que têm receio",
sublinhou, prometendo "esquecer o passado, como elas enriqueceram",
mas lembrando que "um pé descalço não tem nada a perder".
Segundo
o líder da Renamo, "África não pode ter uma democracia chamada
africana", porque "a democracia tem regras, é um modelo para qualquer
ser humano". Por isso rebate "os velhos africanos" quando dizem
que a democracia não é viável: "É possível e Moçambique e África vão
mudar".
"Não
quero que a Frelimo desapareça, mas que se mantenha uns 15 anos na oposição
para aprender o que é a alternância governativa", disse ainda. "Sim
vai doer. Estamos na oposição desde 1992 até hoje, mas nunca morremos, estamos
cá."
Lusa,
em Notícias ao Minuto
*Título
PG
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