Em
2011, a
bancada maioritária da Frelimo impingiu ao Parlamento a revisão da Constituição
da República evocando fundamentos que nunca foram claros para alguns círculos
de opinião e entendidos na matéria, pese embora o partido o poder tenha
considerado o assunto prioritário e urgente para supostamente adequar o quadro
jurídico nacional à evolução sócio-político e económica que o país atravessa.
Com o beneplácito do Ministério da Finanças, que aprovou “gastos” de dinheiro
para o efeito, a Comissão Ad-Hoc da Assembleia da República andou em seminário
regionais, em mesas-redondas com académicos e peritos em matérias
constitucionais e realizou debates, mas, volvidos três anos nenhum resultado
foi trazido para o povo a respeito desta matéria.
Refira-se
que este projecto está orçado em milhões de meticais provenientes do erário,
cujos valores nunca foram revelados de forma concisa. Publicamente falou-se de
diferente montantes para execução do projecto em causa: de mais de 16 milhões
de meticais e noutra altura de 20 milhões meticais para o efeito.
Na
verdade, a discussão sobre a revisão da Constituição da República começou antes
de 2011, mas foi neste ano que o assunto começou a fazer "eco" e
gerar alaridos. Anos depois, o que a Comissão Ad-Hoc conseguiu trazer ao povo é
um documento que se resume apenas num relatório de cinco artigos e transformado
numa resolução parlamentar, que transfere as suas responsabilidades para a VIII
legislatura.
O
valor da revisão da Constituição da República incluía também transporte dos
membros da comissão ao estrangeiro para as visitas de estudo, visitas às
regiões sul, centro e norte do país. Todavia, Os camaradas, entre eles Alfredo
Gamito, Eduardo Mulémbwè (presidente da Comissão Ad-Hoc), Teodoro Waty, José
Chichava, Manuel Tomé, Eneas Comiche, José Katupha, Edson Macuacua, Telmina
Pereira, não trouxeram nenhum resultado palpável que fundamente a necessidade
de revisão da Lei-Mãe, um assunto com o qual a Renamo nunca esteve de acordo.
Os
cinco artigos que compõem o relatório da Comissão Ad-Hoc, para além de aprovar
o documento desta comissão e extingui-la, diz que adopção o Projecto Lei de
Revisão da Constituição da República e submete-o para apreciação da VIII
legislatura, bem como determina a entrada em vigor da resolução de transferência
de competências para os deputados eleitos no escrutínio de 15 de Outubro
passado.
A
Comissão Ad-Hoc para a Revisão da Constituição da República estava composta por
21 membros das três bancadas parlamentares, dos quais 16 da Frelimo, quatro da
Renamo e um do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Quando
se questionava para quê a revisão da Lei-Mãe, a Frelimo justifica que se
pretendia que a mesma fosse adequada à dinâmica da ordem interna e
internacional por ser “a mais alta expressão do direito e da política numa sociedade”.
A “Perdiz” rebatia dizendo que não se trava de “uma prioridade nacional”.
Na
altura, o MDM deu subsídios para que a matéria seguisse em frente, mas a
Renamo, céptico quanto ao projecto defendido com garras pelo partido no poder,
boicotou uma das sessões de debate sobre a informação da Comissão Ad-Hoc à
Assembleia da República.
Verdade
(mz)
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