Nikhil
Seth, representante da ONU, aponta a Macau problemas na qualidade do ar e nos
transportes públicos. A terceira edição do Fórum Internacional para as Energias
Limpas reúne hoje académicos, especialistas e membros de organizações
internacionais.
Catarina
Mesquita – Ponto Final
O
Fórum Internacional para as Energias Limpas (IFCE, na sigla inglesa), na sua
terceira edição, reúne hoje novamente em Macau vários académicos e
especialistas na área das energias renováveis sob o tema “A Revolução das
Energias Limpas e o Desenvolvimento Sustentável”. Há delegações do Continente,
Hong Kong, Taiwan, Europa, Estados Unidos da América, Japão, Índia, Brasil,
Emirados Árabes Unidos e África do Sul.
Ambrose
So, da SJM, responsável pela organização do evento, afirmou ontem que o fórum
tem como objectivo “fortalecer os intercâmbios e a cooperação entre os círculos
ligados às energias limpas nos vários países do mundo, partilhando ideias e as
investigações e desenvolvimentos feitos ao longo do ano relacionados com as
energias limpas”.
Entre
os participantes, está o subsecretário geral da ONU para os Assuntos Económicos
e Sociais, Wu Hongbo, que marcou presença no painel de abertura do fórum. O
responsável chinês nas Nações Unidas lembrou que “apesar de o uso da energia
limpa estar implementado nos países desenvolvidos, o contributo desta energia
mais sustentável para o sistema global de energia é limitado.”
O
importante papel do desenvolvimento da energia, principalmente da sustentável,
para o futuro das populações e na luta contra a pobreza foi defendido por Wu
Hongbo, assim como pelo director do departamento de desenvolvimento sustentável
da ONU, Nikhil Seth que afirmou “ser preciso implementar mais do que falar.”
Nikhil
Seth afirmou ao PONTO FINAL que “não são precisos mais debates para explicar em
que consiste a energia limpa e sustentável”. “O que o mundo precisa é de acções
para implementar as promessas de um desenvolvimento sustentável”, defendeu.
No
caso particular de Macau, entende o delegado da ONU, há “potencial para fazer o
trabalho [de implementação de energias sustentáveis] de uma forma muito mais
efectiva do que grande parte dos outros países do mundo”. A afluência local,
por contraste com o desafio de luta contra a pobreza no Continente chinês,
permitirão à região focar-se nas questões ambientais, considera.
“É
preciso haver uma revolução no mercado aliada às formas de pensar. É necessário
criar os incentivos certos às empresas para utilização das energias renováveis,
assim como educar a sociedade. Actualmente, os custos já não são a barreira
principal para a adopção de medidas sustentáveis”, defendeu.
O
delegado da ONU sublinha que as mudanças no ambiente são essenciais para o
futuro das gerações vindouras e que o crescimento económico não deve
sobrepor-se às questões ambientais, defendendo que é possível, a longo prazo,
ter um retorno financeiro com o recurso a energias limpas.
“Em
Macau o ar está poluído e existem muitos problemas de respiração. Mas se o
caminho por que optarmos for o das energias limpas, a longo prazo isto será
mais económico, porque não se terá de gastar tanto dinheiro, por exemplo, na
saúde”, exemplificou.
Nikhil
Seth destacou ainda que um dos problemas com os quais Macau se depara passa
pelos transportes. “Não vale a pena implementar [os autocarros eléctricos] só
para serem uma presença simbólica. É preciso que seja uma mudança fundamental
e, para isso, é preciso olhar para todo o processo desde o carregamento das
baterias aos combustíveis de forma integrada.”
Macau
estará no centro das discussões desta manhã do IFCE que na edição de 2014
reserva um espaço de exposição onde as empresas do ramo das energias renováveis
podem apresentar os seus projectos.
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