O
que leva um desacreditado presidente dos EUA a negociar com Cuba, na fase final
do seu segundo mandato, a troca dos últimos 3 heróis ainda presos nos EUA por
alguns espiões norte-americanos, a acordar uma futura troca de embaixadores em
substituição dos actuais escritórios de interesses e a comprometer-se a dar
passos para o levantamento do criminoso bloqueio que há mais de 52 anos os EUA
impõem ilegitimamente a Cuba?
Não
se pode esquecer que, apesar de ter uma maior capacidade intelectual que a
generalidade dos presidentes norte-americanos do último século, e de apresentar
um discurso fluente, bem elaborado e ritmado, Barack Obama apresenta a mesma
mentalidade imperial, e a crença fundada na fé que os EUA são o Estado eleito,
pelo que podem intervir sempre que «os [nossos] interesses básicos o exigirem,
quando o [nosso] povo for ameaçado, quando os [nossos] modos de vida estiverem
em jogo, quando a segurança dos [nossos] aliados estiver em perigo», como ele
próprio afirmou aos jovens oficiais saídos da Academia de West Point em 28 de
Maio último.
É
cedo para tirar conclusões.
Quem
poderá hoje avaliar o efeito da multiplicação explosiva de turistas americanos
em Cuba, por exemplo?
E
como afirmou Raúl Castro fica por resolver o principal obstáculo à normalização
das relações entre os dois países: o levantamento do bloqueio comercial,
económico e financeiro a Cuba, que os EUA mantêm ilegal e ilegitimamente há
mais de 52 anos, mas também a revogação da Lei de Ajuste Cubano, da Lei
Torricelli e da Lei Helmes Burton, sem o que o bloqueio não é verdadeiramente
levantado.
Estes
factos e a nova realidade, no entanto, não podem apagar a importância do que já
foi acordado nem, principalmente, o grande mérito de Fidel Castro que, perante
a incredulidade e a descrença de quase todos, em Setembro de 1998, profetizou
em jeito de promessa: «Voltarão»!
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