Paula
Ferreira – Jornal de Notícias, opinião
António
Costa, no encerramento do Congresso dos socialistas, deixou a garantia de não
ressuscitar o Bloco Central. Os que estão habituados a leituras políticas veem
nestas palavras uma meia-verdade, que as circunstâncias pós-eleitorais poderão
desmentir. Seria dramático, todavia, para a credibilidade da política e dos
políticos. É bom que António Costa esteja mesmo a falar verdade,
independentemente de muitos, mesmo no interior do PS, considerarem importante
um entendimento ao Centro. Neste caso, seria a que resta da pouca credibilidade
da política a sofrer um novo golpe. Os portugueses cansaram--se de
meias-verdades. Não é mais tolerável garantir uma coisa na campanha eleitoral
e, instalado no Poder, apresentar outra bem diversa.
O
desafio foi lançado. António Costa assumiu a rutura com a Direita como "um
fosso ideológico, cultural e civilizacional". Está nas mãos dos partidos
de Esquerda fazerem a sua parte, para não dar ao líder socialista a desculpa do
regresso ao centrão. O PCP e Bloco, como lembrou Costa, não podem insistir na
posição cómoda de serem apenas vozes de protesto. O país está na encruzilhada,
é preciso unir as águas.
Aapresentação
pública do plano estratégico da PT, marcada para hoje, foi cancelada. Surpresa?
Nem por isso. A estratégia mudou de campo. A incógnita, agora, é saber-se em
que se vai transformar uma empresa, tida como estratégica para Portugal e para
a língua portuguesa, entretanto vendida - num "grande negócio" - à
brasileira Oi. Para a Oi, seguramente, será um bom negócio. Os franceses da
Altice ultrapassaram a Semapa de Pedro Queirós Pereira e apresentaram uma
proposta de 7,4 mil milhões de euros pela operadora que detém a MEO. Os
brasileiros livram-se, assim, de um negócio que se transformou numa dívida.
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