O
'mito da incomunicabilidade da esquerda' poderá ser quebrado. Rui Tavares, que
lidera o Livre, foi convidado para o Congresso do PS, no passado fim-de-semana,
e António Costa, entre elogios, abriu-lhe a porta a um entendimento
pós-eleitoral. Os socialista viraram à esquerda em busca de votos e,
‘livrando-se’ de BE e PCP, aceitaram, de forma 'camuflada', um encontro à
esquerda com o ex-bloquista.
Segundo
dá conta esta terça-feira o DN, poderá ter sido forjado no passado
fim-de-semana, a base para um ‘encontro’ de vontades de esquerda. Rui Tavares,
foi convidado elogiado, do PS de António Costa, e o fundador do Livre, diz que
há espaço para ouvir o PS, mas também todos os outros partidos. O ex-bloquista,
porém, tem um contra na ideologia defendida pelo partido rosa: o Tratado
Orçamental.
“O
Tratado Orçamental e uma aberração do ponto de vista económico e de projeto
europeu. Muita gente no Livre acha que este tratado não vai lá com leituras
inteligentes ou novas leituras”, explica Tavares ao DN.
Na
agenda de Costa assume-se uma posição de meio-termo. Na agenda para a Década
lê-se que “sem pôr em causa as regras fundadoras da disciplina orçamental da
União, Portugal deve acompanhar aqueles que defendem um leitura inteligente e
flexível dessas regras”, posição que Tavares não aceita.
Com
uma agenda eleitoral difícil, apesar do descontentamento dos portugueses para
com a direita governativa, Pedro Adão e Silva considera que o PS já virou à
esquerda, e deve ser aí que deverá procurar parceiros (se necessários).
“O
que é novo no discurso de António Costa é que – ao contrário das duas
maiorias absolutas do PS, em que o partido apontou ao eleitorado do centro e
centro-direita – agora aponta para o eleitorado de Esquerda. O voto disponível
está à esquerda”, refere o politólogo, que já assumiu posições de direção no PS
de Ferro Rodrigues.
Mas
não se pense que este namoro entre Livre e PS é casamento consumado, porque é o
próprio fundador do partido, Rui Tavares, a assumir que “o Livre e as pessoas
que estão no Livre não estão na lapela de ninguém porque senão não tinham feito
um partido”, deixando no entanto a porta destrancada para um confronto de ideias
com os socialistas.
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