quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Portugal - BES: Ricardo Salgado foi dizer a Barroso que estava “muito alarmado”




Durão Barroso revelou o conteúdo da conversa que teve com Ricardo Salgado quando ainda era presidente da Comissão Europeia, e citada no parlamento, na qual ele se mostrou «muito alarmado com a situação» no Banco Espírito Santo e que pretendia pedir ajuda ao Governo.

O ex-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro eleito pelo PSD falou à margem de uma cerimónia de entrega de diplomas na Universidade Católica, em Lisboa, a propósito da intenção manifestada pelo Bloco de Esquerda de ouvir Durão Barroso na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.

A intenção dos bloquistas surgiu após o antigo presidente do BES Ricardo Salgado ter afirmado, naquela comissão, que contactou o então presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para o avisar sobre os problemas do GES, garantindo, no entanto, que não lhe solicitou qualquer ajuda para o grupo empresarial.

Durão Barroso confirmou que recebeu Ricardo Salgado e que este lhe expôs a situação do banco.

«Estava muito alarmado com a situação no banco. Deu-me a entender que queria pedir ajuda ao Governo, queria mais tempo e um programa especial do Governo português. Encorajei-o a falar com o Governo e ele disse que ia falar com o primeiro-ministro», adiantou.

Durão Barroso sublinhou que recebeu Ricardo Salgado, tal como «os presidentes de quase todos os bancos portugueses: BCP, BPI, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos ou o governador do Banco de Portugal».

«Com certeza que quando pessoas relevantes da economia portuguesa me pedem para falar comigo, enquanto, na altura, presidente da Comissão Europeia, os recebi e ouvi os seus argumentos», adiantou.

O ex-primeiro-ministro disse ainda que se havia um banco em Portugal sobre o qual ele e a Comissão Europeia «tinha pouca informação era o BES».

«O BES foi, dos grandes bancos portugueses, o único que não pediu apoio de recapitalização que havia e há para a banca portuguesa», declarou.

Na altura, Durão Barroso disse que achou o caso «um pouco estranho», já que «os argumentos apresentados pelo banco em causa eram de que a situação na altura era boa nesse banco».

Sobre a possibilidade de ir ao parlamento, Durão Barroso respondeu que ainda não recebeu «nenhuma indicação» nesse sentido.

Durão Barroso mostrou-se disponível para responder a qualquer pergunta que seja feita, à qual responderá, mas em princípio por escrito.

«Normalmente faço por escrito, pelo menos foi o que aconteceu no passado», concluiu.

Lusa, em TSF

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