Bocas
do Inferno
Mário
Motta, Lisboa
Como
sabem há um manifesto que é contra a privatização da TAP. O manifesto diz para
não taparmos os olhos. Vê-se mesmo que António Pedro Vasconcelos não se lembrou
que já nascemos com os olhos abertos. Com os olhos fechados era antes. No tempo
dele e no meu. Se há dúvidas reparem bem no Pedro Passos Coelho e no Paulo Portas,
entre outros daquela estrebaria em
São Bento e arredores. São cá uns vivaços! Com uns olhos tão
arremelgados, tão arremelgados… O Portas, por exemplo, ainda hoje comemorou
aquela sua visão ultra-super-ultra: o processo dos submarinos foi arquivado!
O Portas perdeu as fotocópias e tudo. E tudo. E tudo. Tudo menos o pilim. Um milhão, dois milhões? Que maravilha! Grande visão!
E
o Passos com aquela passada “história” da Tecnoforma? Que olhões. Perdeu a
memória e pronto. Era assim mas não foi assim. Pois… Tá bem, deixa… Rapa… Tira…
“Eu sou honesto. Estão a desconfiar de mim? Nem vos admito!” Se não disse
pensou. Ah. E o que recebeu foi contra-faturas de despesas… Baaaah. Topam a visão,
os olhos que até estão abertos na barriga da mãe? Antigamente não. O Salazar não
deixava. Os portugueses eram então uns ceguinhos governados por um ditador míope.
Atualmente somos uns míopes governados por uns quantos com grandes olhos,
grandes ambições, grandes rapinanços… E são eles que ditam, apesar de constar
nos manuais que Portugal tem um regime democrático. Pois tem. São eles que
ditam e nós obedecemos, senão… É de facto um regime “democrático” porque eles são
muitos mais que um e votam entre eles. E comem desalmadamente sem se fartarem! Por isso cabe aos portugueses passarem fome e quase nem terem força para abrirem os olhos.
E
pronto. Tudo isto para dar para aqui umas bocas infernais aproveitando para
pedir que Não TAP os Olhos. Nem sequer o do traseiro. É que esse olho ainda vai dar jeito,
já que os portugueses estão míopes. Pense. Usando esse tal olho traseiro talvez
um dia ele seja útil para correr com estes tais dos grandes olhos abertos e
destapados, os iluminados “democratas”. Correr com eles à bufa. Ou à bufa ou então à bofetada.
Não
TAPem os olhos. Os três. E agora com esse dois que a terra há-de comer leia (se
quiser) porque dizem que o governo mente sobre a TAP. (MM / PG)
Não
TAP os olhos!
As
5 mentiras do Governo
O
estado Português está impedido por normas europeias de ter companhias aéreas próprias
– é obrigado a privatizar a TAP
Tais
normas não existem pura e simplesmente! Não se poderá confundir os interesses
dos credores estrangeiros em obter participações estratégicas nos sectores
europeus e portugueses com a Lei do Tratado Europeu em vigor. Não TAP os
olhos!
O
estado português não pode injectar dinheiro na TAP por causa das normas
europeias
O
Tratado Europeu revisto na Cimeira de Lisboa diz o contrário! Existem regras e
normas que protegem a livre-concorrência na União Europeia – e são precisamente
essas regras que regulamentam quais os meios pelos quais os estados nacionais
poderão injectar ou emprestar dinheiro às companhias estratégicas de interesse
nacional como a TAP. Não TAP os olhos!
O
principio de: “Uma vez, a última vez”: especificamente para o sector dos
transportes aéreos a UE prevê a injecção directa de capital, sem
contra-partidas, em transportadoras aéreas desde que estas empresas provem ser
sustentáveis no mercado de livre-concorrência da União. E como o podem provar?
Os países estão proibidos de injectar capital mais que uma vez a cada 10 anos.
A
TAP já recebeu algum apoio deste género? Sim, há quase 18 anos, o dobro do
tempo preconizado para provar a sustentabilidade.
Ajuda
estatal em zonas geográficas com graves problemas: a UE prevê também que haja
um suporte estatal em situações relacionadas com zonas da União que estão sob
ameaça de graves riscos estruturais, como a pobreza ou o desemprego
generalizado. O ênfase está na gravidade da situação.
Infelizmente,
Portugal está a atravessar uma das piores fases a nível de desemprego, pobreza
e desigualdade social. Será o suficiente para ser considerado uma zona em
risco? A entrada da Troika em Portugal diz-nos que sim!
A
TAP tem de ser privatizada ou está condenada a desaparecer
Esta
frase dramática, e pouco própria de membros do Governo, pronunciada pela
Ministra das Finanças Maria Luísa Albuquerque foi pouco tempo depois desmentida
pelo Ministro da Economia Pires de Lima que referiu explicitamente: “não é uma
questão de vida ou de morte”, porque “não crê que a TAP deixará de existir no
curto prazo” caso se mantenha na esfera do Estado. O mesmo ministro, que antes
de ser empossado referia: “Não se vendem monopólios” numa entrevista à Antena
1. Não TAP os olhos!
O
estado português está a proteger os interesses dos portugueses ao privatizar a
TAP
Mentira!
De facto, podemos perguntar-nos o que ganhámos nós, como consumidores e como
país, com a privatização, total ou parcial, dessas empresas? Aumento de preços
e pior serviço, despedimentos, lucros fantásticos para os accionistas, num
mercado protegido pelo Estado através de impostos favoráveis. Lucros que, na
maioria dos casos, não são injectados na nossa economia, uma vez que se tratam
de empresas de capital estrangeiro. Não TAP os olhos!
Os
trabalhadores da TAP são uns privilegiados
Sabia
que desde 2001 que alguns dos sindicatos decidiram ajudar a reconstruir a TAP
através dos seus próprios ordenados? Muitos trabalhadores da TAP tomaram a
decisão democrática de prescindir dos aumentos salariais baseados na inflação.
O que quer isto dizer? Que estas pessoas estão a perder poder de compra desde
2001, quase 10 anos mais de austeridade que a maioria dos portugueses. Não
TAP os olhos!
Os
Argumentos contra a privatização
Antes
de mais, consideramos intolerável um desenho europeu que promova empréstimos a
bancos falidos mas que o mesmo desenho europeu – com origem numa Comissão
Europeia não eleita – coloque entraves à nossa companhia bandeira.
A
TAP emprega mais de 12.000 trabalhadores e tem influência sobre o emprego de
mais de 120.000 pessoas.
Desde
serviços contratados a empresas de empregados de limpeza aos milhares de
empregos no sector turístico e à indústria produtora portuguesa que é promovida
através dos aviões, a TAP é uma empresa estratégica para os interesses
portugueses de forma transversal a todo o território nacional – desde os hotéis
do Algarve, passando pelas vinhas alentejanas até às empresas industriais de
transformação do norte do país.
A
TAP é consecutivamente considerada um dos maiores exportadores nacionais com um
peso considerável nos proveitos públicos do estado e uma presença positiva
assinalada no PIB português.
O
estado português não tem capacidade de suportar o apoio social aos
trabalhadores que seriam dispensados caso a TAP fosse privatizada. E não
tenhamos dúvidas que seriam mesmo! Se assim fosse estes milhares de
trabalhadores iriam engrossar o desemprego e pesar nas contas da Segurança
Social.
A
TAP contribui anualmente com 200 milhões de euros em impostos para o estado
português – sendo um dos maiores contribuintes para a Segurança Social.
A
TAP tem perto de 70 anos, ao longo dos quais se distinguiu internacionalmente,
num mercado de forte concorrência, com vários prémios que vão desde o sector da
manutenção à qualidade do serviço e segurança do voo.
A
TAP é uma empresa que funciona bem e prestigia o país, que compete com os
gigantes europeus, com uma frota diminuta (70 aviões, contra 240 da Air France,
420 da Lufthansa e 230 da British Airways).
A
TAP ganhou, por mérito próprio, um papel de liderança absoluta no Atlântico Sul
e um papel importante em África, sendo estratégica como uma alavanca de
negócios no mercado brasileiro (como aconteceu com a GALP ou PT, graças à
entrada da TAP em rotas estratégicas, ou mais recentemente na Colômbia e no
Panamá).
A
TAP, quando bem gerida, é rentável.
A
TAP não recebe apoios estatais há perto de 18 anos. Está prestes a atingir
maioridade de forma sustentada e independente.
A
OCDE reconhece que muitos países europeus tomaram medidas para proteger os
interesses estatais em empresas estratégicas, como os alemães, os franceses, os
holandeses e os suecos.
O
mito que os privados gerem melhor que o público deve, no mínimo, sentir-se abalado
pelos casos do BPN, do BES ou da PT.
Foi
a TAP quem salvou a Portugália da falência – uma empresa privada que concorria
com a TAP em destinos próximos.
O
estado português concede subsidios às Low-Costs através de programas directos e
indirectos como o pagamento das taxas aeroportuárias. Já agora, sabia que desde
que os aeroportos foram privatizados as taxas aeroportuárias aumentaram mais de
7%? Ficamos perplexos por saber que o estado tem dinheiro para pagar esses
encargos às Low-Costs concorrentes da TAP.
E
por fim, mas talvez o mais importante dos argumentos: as pessoas! A TAP não é
uma companhia qualquer, porque não somos um país qualquer: somos um país com
responsabilidades para com a diáspora de mais de cinco milhões de portugueses,
dispersos pelos cinco continentes, onde perto de 250 milhões de pessoas falam a
mesma língua: o português. Como alguém escreveu, “privatizar a TAP seria o
equivalente histórico a D. Manuel ter dado a exploração das caravelas
quinhentistas a navegadores espanhóis”.
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