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1
– A 28 de abril de 1823, John Quincy Adams, Presidente dos Estados Unidos no
período entre 1825 e 1829, em relação a Cuba proferiu esta esclarecedora
sentença:
“Quando
se der uma olhada ao curso que tomarão provavelmente os acontecimentos nos
próximos cinquenta anos, é quase impossível resistir à convicção de que a
anexação de Cuba à nossa república federal será indispensável para a
continuação da união e a manutenção da sua integridade.
Há
porém leis de gravitação política, tal como as há de gravitação física e assim
como uma fruta separada de sua árvore pela força do vento não pode, ainda que o
queira, deixar de cair no solo, assim Cuba, uma vez separada de Espanha e da
rota de conexão artificial que a liga a ela, é incapaz de suster-se a si
própria e tem de gravitar necessariamente em direcção à União Norte-Americana,
porquanto à mesma união, em virtude da própria lei, ser-lhe-á impossível deixar
de a admitir no seu seio”.
Essas
palavras foram proferidas num momento de euforia, quando dos treze estados
originais, os Estados Unidos se expandiam para oeste, com a compra da Luisiana
aos franceses (em 1803), uma cedência de território dos britânicos no norte (em
1818) e a anexação da Florida aos espanhóis (1819).
Nessa
euforia seguir-se-iam, depois de John Quincy Adams ter passado pela
presidência, outras integrações de território em proveito dessa expansão:
-
A anexação do Texas (1845);
-
A cedência pela Grã Bretanha do Oregon (1846);
-
A cedência mexicana junto ao oeste, costa do Pacífico (1848);
-
A aquisição de Gadsen, à custa do México (1853);
-
A compra do Alaska à Rússia (1867);
-
Em 1898, a
tomada e anexação do Havaí, de Guam (transformada em base naval) e de Porto
Rico (que Espanha cedeu para pagar os gastos das guerras), bem como a aquisição
das Filipinas (compradas por 20 milhões) e a tutela por via de intervenção de
Cuba, marcaram a vitória norte americana na guerra hispano-americana, com a
neutralização das forças independentistas.
2
– O nascimento da potência Estados Unidos foi efectivamente feita nessa época,
dando sequência à colónia que foi, à independência arrancada à força à Grã
Bretanha a 4 de junho de 1776 (com reconhecimento pelo Reino Unido a 3 de
Setembro de 1783, por via do Tratado de Paris) e à guerra de secessão, que
terminou a 28 de junho de 1865, com a transferência dos bancos de família que
comandavam os destinos da Europa desde os tempos imediatamente anteriores às
guerras napoleónicas, sustentados pelos empreendimentos colossais que
caracterizaram a revolução industrial, com investimentos privados que foram
também sendo experimentados e aplicados no esforço de expansão para oeste.
Dessa
expansão se alimentou desde logo o imperialismo, que instrumentalizou as
culturas anglo-saxónicas tornando-as dominantes face às culturas francófonas e
hispânicas, que na altura perdiam sua capacidade de colonizar a América por não
terem absorvido ao nível, as tecnologias da revolução industrial que já haviam
sido conseguidas pelos poderes económicos e financeiros que se transferiam
sobretudo do Reino Unido e do império britânico para os “povoadores do
novo mundo”que deram corpo aos Estados Unidos.
O
nexo entre a expansão e o imperialismo foi por demais evidente nessa época, um
gérmen que influenciou o carácter dos relacionamentos dos Estados Unidos até
aos nossos dias, em que o seu refinado poderio, agora nas mãos duma poderosa
minoria que constitui 1% de sua população que de há muito controla a própria
Reserva Federal, está a ser aplicado de acordo com uma globalização capitalista
e neo liberal, nos termos duma hegemonia unipolar que procura a todo o transe
ditar as regras da globalização e neutralizar todo o tipo de resistências,
inclusive os processos nacionalistas.
3
– Em 1898, depois do fecho do território entre a costa leste (Atlântico) e a
costa oeste (Pacífico) e da aquisição do Alaska, a expansão alimentou desde
logo os apetites imperiais manifestados por via do Havaí (que foi conquistado e
integrou como novo estado da federação), de Porto Rico (anexada pela foça das
armas e com Espanha a entregar o país, como indemnização dos gastos de guerra),
das Filipinas, (vendida por 20 milhões e assumida em 1903), Guam (transformada
em base naval) e de Cuba (cuja independência foi imediatamente posta sob tutela
e intervenção, desde quando sacudiu o jugo colonial espanhol).
Foi
por via do Tratado de Paris de 10 de Dezembro de 1898, que a coroa espanhola
cedeu aos Estados Unidos, (excluindo qualquer exigência das nações que até
então manteve sob ocupação colonial, apesar da luta pela independência que
ocorreu e em que foi derrotada em Cuba), Guam, Porto Rico, Cuba e as Filipinas!
As
Filipinas viram-se na contingência de, depois da expulsão dos espanhóis, lutar
pela sua independência subvertida pela tutela norte-americana, com um
auto-governo que só entrou em vigor em 1934 e com os Estados Unidos só a
reconhecerem a independência em 1946, após a IIª Guerra Mundial, através do
Tratado De Manila, sem contudo deixarem de agenciar em função dos seus interesses
a oligarquia nacional.
Desse
processo de subversão resultou a aculturação dos filipinos, que adoptaram o
inglês e se abriram a outras religiões que não as do dominador colonial, com os
islamizados a fazerem o contraponto em relação ao domínio instalado em Manila…
Os
acontecimentos históricos provam assim os nexos entre colonialismo e neo
colonialismo, de forma a sustentar o domínio imperialista, que desse modo, em
relação a toda a América, começou a praticar todo o tipo de ingerências com
vista a fortalecer e defender os seus próprios interesses, passando a
arregimentar as oligarquias locais, resultantes da pulverização de estados que
face ao poderio do império foram pasto de todo o tipo de vulnerabilidades.
Duma
forma ou de outras, as frutas iam caindo de maduras, um fenómeno que foi
ocorrendo durante o século XX, todavia com a maior das contrariedades em Cuba.
Cuba
tornou-se efectivamente assim, ao longo de mais das cinco últimas décadas, não
só uma fruta que não caiu, mas um exemplo de luta para todos, para que não
caíssem!
Ilustração:
cronologia da expansão norte-americana de leste para o oeste, para depois se
tornar ultramarina.
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