domingo, 18 de janeiro de 2015

CAVACO SILVA FOI PASSEAR O BOLOR DO ANTIGAMENTE A MOÇAMBIQUE



Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Cavaco Silva foi a Moçambique à cerimónia de posse do novo presidente da República, Filipe Nyusi. Parece que foi o único PR lusofono a assistir à cerimónia. De qualquer modo o erro foi crasso por parte dos moçambicanos ao convidá-lo. Se julgam que Cavaco representa os portugueses estão muito enganados. Cavaco atualmente representa uma ínfima parte dos portugueses. Moçambique merecia melhor representante dos portugueses. Mas já está. Já foi a cerimónia. Contudo Moçambique merecia melhor representante. Este foi mais um ensejo para o casal Silva passear de cu tremido à custa dos portugueses esfaimados e miserabilizados. Não se julge que a fome de populações só existe em África e em Moçambique, neste caso. Também em Portugal a fome se instalou. O que não invalida que Cavaco não sorria ao ignorar corpos esqueléticos de portugueses. Ou ao ignorar os portugueses que morrem nas urgências dos hospitais por via dos cortes orçamentais impostos pelo governo de que Cavaco Silva é cúmplice.

Na troca de palavras de Cavaco com Filipe Nyusi o restrito presidente da República de Portugal afirmou que o país "está disponível para apoiar o novo ciclo de desenvolvimento em Moçambique". Se Cavaco referia desenvolvimento da fome, que tem sido o que mais tem pautado em Portugal com a sua cumplicidade e perícia do seu governo de eleição, o novo PR de Moçambique devia ter respondido imediatamente "não, obrigado, disso já cá temos e até demais." Se acaso se referia ao desenvolvimento de cortes orçamentais e de profissionais na saúde, também Nyusi devia ter respondido "não, obrigado, o que precisamos é de mais profissionais de saúde, mais hospitais, mais equipamentos, maiores verbas a dispensar à saúde dos nossos cidadãos." Mas parece que Nyusi sorriu e não respondeu nesse sentido. A diplomacia assim o exige. Exige mesmo quando o anfitrião fica avisado de que Cavaco Silva atualmente só representa uma ínfima parte dos portugueses, que se insere nos ricos e abastados. Uma minoria com um presidente minoritário - que mesmo assim viaja de cu tremido para aqui e acolá à custa de todos os portugueses. Até dos que passam muita fome e outro tipo de carências. Isto no país em que ainda há quem vá oferecer lá para fora seus préstimos no desenvolvimento. Ele, Cavaco, um presidente do antigamente colonial-salazarista, retrógrado para além do basta. O mesmo que se declarou contra a libertação de Nelson Mandela.

Afinal, esclareçam-me se fizerem o favor. O que foi fazer Cavaco Silva a Moçambique? Pobres moçambicanos que se contentam com tão pouco mas com muito odor a bolor do "antigamente". E convidam esse cheiro tão desagradável a passear-se por lá?

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