domingo, 11 de janeiro de 2015

DHLAKAMA AMEAÇA CRIAR REPÚBLICA “SECESSIONISTA” DO CENTRO E NORTE DE MOÇAMBIQUE




Maputo, 11 Dez (AIM) - O Líder da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique e antigo movimento rebelde, Afonso Dhlakama, ameaçou este sábado criar uma república secessionista do Centro e Norte de Moçambique, integrando seis das sete províncias destas duas regiões do país.

Dhlakama, que não reconhece os resultados das eleições de 15 de Outubro passado por considerar que o sufrágio foi fraudulento, anunciou a sua pretensão durante um comício que teve lugar no largo junto ao edifício dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), na cidade da Beira, a capital da província central de Sofala.

Dhlakama e o seu partido têm vindo a acusar os órgãos eleitorais, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), de terem manipulado os resultados eleitorais, não obstante os seus quadros fazerem parte destes orégãos a todos os seus níveis, e terem estado representados inclusive nas mesas de voto.

Para Dhlakama, a chamada
República do Centro e Norte de Moçambique irá integrar as províncias de Sofala, Manica, Tete, Zambézia (no Centro), Nampula e Niassa (norte), onde ele assume ter vencido.

Segundo os resultados das últimas eleições gerais, já validados pelo Conselho Constitucional (CC), nas presidenciais, Filipe Nyusi, da Frelimo, obteve 57 por cento e Dhlakama ficou em segundo lugar com 36,6 por cento, enquanto Daviz Simango, do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), ficou em terceiro com 6,04 por cento.

Por sua vez, nas legislativas, a Frelimo, partido no poder, venceu com 55,68 por cento, elegendo 144 deputados. A Renamo obteve 32,95 por cento (89 lugares no Parlamento) e o MDM ficou em terceiro, com 8,4, tendo conseguido 17 mandatos.

Das seis províncias que Dhlakama ameaça governar, apenas em cinco delas saiu vitorioso (Sofala, Tete, Manica, Zambézia e Nampula). A Frelimo venceu na província do Niassa tanto nas legislativas quanto nas presidenciais.

Entretanto, daquelas cinco províncias, nas legislativas, a Renamo apenas teve supremacia em Sofala, onde conseguiu dez, dos 21 mandatos no parlamento, contra oito da Frelimo e três do MDM, e na Zambézia, com 22 mandatos, contra 18 da Frelimo e cinco do MDM.

Em Manica, a Renamo e a Frelimo tiveram igual número de mandatos, oito cada, enquanto em Nampula, a Renamo conseguiu 22 mandatos, o mesmo que a Frelimo, enquanto o MDM teve três.

'A Renamo vai formar os governos provinciais nas seis províncias e eu, Afonso Dhlakama, passarei a ser presidente da república do centro e norte de Moçambique', declarou Dhlakama durante o comício.

Contudo, o líder da Renamo disse que, com a formação da república do centro e norte, não quer dividir o país nem dar independência a esta região, mas 'autonomia política e económica' das províncias, não sendo necessários passaportes para circular entre a zona sul e o centro e norte de Moçambique.

'Não me venha a Frelimo dizer que é inconstitucional, porque em nenhuma parte do mundo a Constituição não é emendável. Há democracias no mundo com províncias autónomas', afirmou Dhlakama.

Num outro desenvolvimento, Dhlakama manifestou-se disponível para negociar com o Governo, indicando, porém, que ele é 'superior política e militarmente', daí que não se irá 'ajoelhar perante a Frelimo' nem recuar e, se for necessário, 'governará à força' na república que pretende criar.

O líder da Renamo chegou ao local do comício escoltado por viaturas protocolares da Polícia moçambicana e elementos da sua segurança armada.

Depois da Beira, seu bastião, Dhlakama promete realizar um périplo por outras províncias do Centro e Norte do país, para depois escalar a região Sul.

(AIM) DT

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