terça-feira, 13 de janeiro de 2015

“EXÉRCITO” DE XANANA INGRESSA NAS FORÇAS DE SEGURANÇA E FAZ JURAMENTOS…


Bocas do Inferno

António Veríssimo, Lisboa

Já aqui foi veiculada a notícia sobre arruaceiros timorenses integrantes de grupos de artes marciais que foram admitidos nas forças de segurança de Timor-Leste, exército e polícia. Esses mesmos elementos fizeram juramento sobre a fidelidade aos grupos de arruaça de que fazem parte e esse juramento é inquebrável para os líderes e elementos dos referidos bandos, pelo que aqueles que posteriormente optem por integrarem as forças de segurança devem o cumprimento primordial e inquebrável do juramento ao seu grupo de artes marciais, caso contrário estarão sujeitos a represálias. Assim, as obrigações e cumprimento daquilo que jurarem na polícia ou no exército estará em segundo plano. Tem de estar, senão...

Segue em baixo a notícia de novo juramento daqueles elementos ao cumprimento das regras no exército e na polícia. É inútil. Dá-se aqui o caso de que “quem mais jura, mais mente”. Os elementos de grupos de artes marciais, muitas vezes nas faldas da criminalidade, não podem cumprir com aquilo que juram perante as forças de segurança timorenses se de algum modo tiverem de violar o juramento feito ao grupo de artes marciais a que pertencem. Temos assim, com a notícia que se segue, o prolongamento de uma fantochada, pois, melhor que ninguém, as altas patentes das forças armadas e da polícia sabem que a verdade nua e crua é que em muitíssimos aspetos os juramentos são antagónicos. Estando reservada a primazia de cumprimento para o bando ou grupo de artes marciais. Juramento tantas vezes efetuado quando os agora jovens homens (no exército ou na polícia) eram adolescentes e, às vezes ainda crianças. Já é algo que lhes está na pele. Por isso urge encontrar uma solução que não seja a atual, procedendo à teatralização de juramento em juramento… Que vale nada!

Só um pormenor: muitos desses bandos eram afetos a Xanana Gusmão ou a sicários seus. Xanana Gusmão pode demitir-se de todos os altos cargos em Timor-Leste mas a arma da desestabilização continua em sua posse. Quando do golpe de Estado (2005) que ele chefiou e o levou a primeiro-ministro com o amén da ONU, os bandos das artes marciais foram um dos seus “exércitos” na desestabilização. Mortes e feridos contaram-se às dezenas. A desestabilização foi tal que o então PM Mari Alkatiri demitiu-se declarando que o fazia para evitar o banho de sangue que estava a ocorrer e teria muito maiores proporções caso Alkatiri não tomasse aquela decisão de desprendimento ao poder.

Admitir o “exército” de Xanana na polícia e no exército é uma péssima realidade. Vamos ver quais serão os custos (se existirem) para os timorenses e para Timor-Leste. (AV / PG)
  
Polícias e militares timorenses renovam juramento depois de incidentes

Díli, 13 jan (Lusa) - Cerca de 290 elementos da polícia (PNTL) e forças armadas timorenses (F-FDTL) que participaram em grupos de artes marciais renovaram hoje o seu juramento em Díli num ato simbólico depois de recentes incidentes envolvendo estruturas rivais.

O ato decorreu depois de nas últimas semanas pelo menos três pessoas terem sido mortas em Baucau e uma outra em Díli em confrontos que alegadamente envolveram membros de grupos de artes marciais.

Este é um problema recorrente em Timor-Leste e já em 2002 e 2003 as organizações de artes marciais viram-se envolvidas em incidentes idênticos que agora, segundo explicou à Lusa o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, envolvem elementos da PNTL e da F-FDTL.

"Tem havido o envolvimento direto e indireto dos membros da PNTL e da F-FDTL em relação aos jovens das artes marciais. Têm havido problemas, incluindo homicídios em que as artes marciais se envolveram", explicou à Lusa.

"Não proibimos tudo, taekwondo, aikido, mas há determinadas organizações às quais esta gente pertence que têm uma ideologia muito diferente, muito destrutiva. Eles juram a bandeira merah putih, a bandeira indonésia, e se são irmãos e são de grupos diferentes, perdem até as relações familiares", disse.

Apesar dos conflitos serem antigos, alimentados por rivalidades de várias décadas entre os principais grupos de artes marciais, Xanana Gusmão explica que o problema é mais sério pelo envolvimento de elementos das forças de segurança.

"Isto é antigo mas se, por exemplo, houver um confronto entre pessoas dos dois grupos e vier um agente da PNTL que pertence a um dos grupos, manda seguir o seu companheiro e atua só contra o outro. Isso não dá", disse.

Questionado pelo facto de até membros do seu executivo terem sido, no passado, membros dos grupos de artes marciais, Xanana Gusmão garante que em breve haverá uma cerimónia idêntica à de hoje para as restantes estruturas do Estado.

Em causa estão, em particular, três organizações de artes marciais, todas com origem na Indonésia e que existem em Timor-Leste desde a ocupação do território, nomeadamente a Korka, o PHST e o Kera Sakti.

Na cerimónia de hoje estiveram presentes 55 agentes da PNTL e efetivos da PNTL que no passado pertenceram à Korka, 88 pertencentes à Kera Sakti e 145 à PSHT (Persaudaraan Setia Hati Terate).

Fundada em Java Oriental, na Indonésia, em 1922, a PSHT tem atualmente mais de um milhão de membros naquele país, bem como elementos na Malásia, Singapura, Holanda, França e Portugal, entre outros.

Em Timor-Leste, onde a PSHT chegou em 1983, a organização tem cerca de 3.500 "gurus", os instrutores mais graduados, com mais de 30 mil membros em todo o país. Estima-se que a Kera Sajkti.

Pelo menos cinco portugueses treinaram nos últimos anos com elementos da PSHT em Timor-Leste.

Com mais de três horas de duração, a cerimónia foi presidida pelo primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e contou, entre outros, com o comandante da PNTL, o comissário Longuinhos Monteiro, o chefe das F-FDTL, o major general Lere Anan Timur e praticamente todos os membros do Governo.

Em declarações à Lusa o coronel Falur Rate Laek disse que o problema é complexo e que a situação se mantém porque estas organizações "fazem parte da vida das pessoas" há vários anos, desde que eram crianças, ainda no tempo da ocupação indonésia.

"Há competição, rivalidades entre estes grupos. Todos querem intimidar e dominar. Tentamos combate-los. Mas é difícil dar uma resposta exata e clara porque já por várias vezes juraram, fizeram compromissos e acabaram por não cumprir. É um assunto complexo", explicou.

"Podem ser tomadas outras medidas disciplinares. Temos de agir com inteligência e com medidas que respeitem os seus interesses mas também os interesses das instituições e do Estado", referiu.

Longuinhos Monteiro, por seu lado, disse que é essencial perceber a forma como estes grupos indoutrinaram os jovens com um espírito de camaradagem "negativa" que está a ter impacto negativo na sociedade.

"A camaradagem não pode criar situações que perturbam a ordem pública e a tranquilidade dos cidadãos", disse, recordando que o ato de hoje pretendeu recordar a importância do respeito pelas instituições do Estado e pela população.

"Os que hoje participam nesta cerimónia já tinham declarado voluntariamente não estar ligados aos grupos de artes marciais. Mas fazemos este ato simbólico para mostrar aos outros serviços do Governo de que devem seguir este exemplo", explicou.

Armando Monteiro, superintendente chefe da PNTL, explicou que depois dos recentes incidentes, as autoridades timorenses terão "tolerância zero" para quem "se volte a envolver nos grupos de artes marciais após o juramento".

ASP // FV

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