Lisboa,
28 jan (Lusa) - A Guiné Equatorial, com 37,8%, é, de entre os membros da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o que tem uma maior taxa de
crianças entre os 6 e os 11 anos fora da escola, revela a UNICEF.
O
ranking é liderado pela Eritreia, com 65,8%, seguida da Libéria (59,1%) e do
Sudão do Sul (58,6%) e que apresenta no fim da lista o Japão, o Irão e a
Tunísia, todos com 0,1%.
Dos
territórios que integram a CPLP, a Guiné Equatorial surge em 7º lugar (37,8%),
seguindo-se a Guiné-Bissau, 14ª (29,2%), Angola, 38ª (14,3%), Moçambique, 39º
(13,6%), Macau, 44º (12,8%), Timor-Leste, 60º (8,3%), São Tomé e Príncipe, 109º
(3%), Cabo Verde, 117º (2,7%), e Portugal, 152º (com 1,2%).
Por
falta de dados atualizados, o Brasil não consta do ranking, mas é um dos países
mais referidos no relatório, intitulado "Fixing the Broken Promise of
Education for All" ("Corrigindo a Promessa Quebrada da Educação para
Todos").
As
múltiplas menções ao Brasil devem-se ao facto de este ter integrado a
Iniciativa Global sobre Crianças Fora da Escola, um projeto lançado em 2010
pela UNICEF e pelo Instituto de Estatística da UNESCO (UIS) para auxiliar os
participantes no desenvolvimento de estratégias baseadas em dados empíricos
para reduzir o número de crianças e adolescentes fora da escola.
O
Brasil tinha, em 2009, uma taxa de crianças fora da escola de 2,4%, ou seja,
mais de 730 mil, sendo que, à semelhança de muitos outros países, essa taxa era
significativamente mais elevada nos agregados familiares mais pobres e rurais.
Por
esse motivo, abordagens comuns, nomeadamente focadas no aumento da dimensão do
sistema de ensino, não são, de acordo com o relatório, a solução para o Brasil,
onde o enfoque deve ser colocado em alcançar uma maior equidade na educação.
O
relatório refere os impactos positivos de medidas brasileiras como a Bolsa
Família -- que aumentou o número de crianças nas escolas, ao fazer depender a
transferência de dinheiro da assiduidade escolar da criança -- ou a campanha
"Fora da escola não pode!".
O
Brasil, onde mais de 70% das raparigas entre os 10 e os 17 anos que tiveram
filhos não frequentam o ensino, foi um dos 24 países integrados na Iniciativa
Global sobre Crianças Fora da Escola, a par de Timor-Leste, Moçambique e Índia,
entre outros países.
Em
relação a Angola, o relatório indica que este é um dos nove países (todos em
África, à exceção do Iémen) em que a percentagem de raparigas fora da escola no
escalão entre os 6 e os 11 anos é superior, em 10% ou mais, à percentagem de
rapazes na mesma situação.
No
escalão acima, dos 12 aos 14, Moçambique é um dos países com igual discrepância
entre géneros, assinala o relatório, segundo o qual, neste país, como na
Guiné-Bissau, programas de ensino multilingue mantêm as raparigas na escola por
mais tempo e permitem-lhes obter melhores resultados, dado poderem usar a
língua que falam em casa e confiarem nos professores bilingues locais.
Todavia,
em nome da unidade nacional, Moçambique tem a prática regular de colocar os
professores fora das suas comunidades linguísticas, limitando a capacidade de
se adotar uma abordagem bilingue no ensino do Português, língua oficial que
poucos professores dominam, o que pode explicar os maus resultados nos testes
que aferem a qualidade do ensino na África Oriental e Austral.
Este
país, destacado no relatório como um dos 42 que, entre 2000 e 2012, reduziu em
mais de metade o número de crianças fora da escola, tem também 27% de crianças
dos 7 aos 14 anos entregues ao trabalho infantil, além de o trabalho familiar
-- remunerado ou não -- representar mais de 80% das situações das crianças que
trabalham e estão ausentes das salas de aula.
Quanto
a Timor-Leste, é um dos três países (a par do Gana e da Nigéria) em que a
maioria das crianças que abandonam a escola está em idade escolar, pois, das
que estão fora da escola, 78% está em idade de frequentar o ensino básico, 10%
são um ou dois anos mais velhas e 12% são três ou mais anos mais velhas.
Em
Timor-Leste, 18% das crianças entre os 7 e os 14 anos fazem trabalho infantil,
sendo a taxa de trabalho infantil no território muito superior à dos outros
países da região (Extremo Oriente e Pacífico).
No
relatório, a única referência a São Tomé e Príncipe é a sua inclusão numa
tabela em que se indica que, das crianças que estão fora da escola, 14% estão
em idade de frequentar o ensino básico, 20% são um ou dois anos mais velhas e
65% são três ou mais anos mais velhas.
A
finalizar, sublinhe-se a liderança de Cabo Verde na admissão de rapazes no
ensino básico, com uma taxa de 100%, estando a das raparigas a cinco pontos
percentuais de distância.
HSF
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