terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Metade dos funcionários públicos timorenses pode ser desnecessária - primeiro-ministro




Díli, 24 fev (Lusa) - O primeiro-ministro timorense considerou hoje que metade dos atuais 32 mil funcionários públicos permanentes e casuais pode ser desnecessária, defendendo um processo de reforma do setor público que o torne mais eficaz e eficiente.

"Fico com a impressão de que só metade destes 32 mil funcionários é que estão a cumprir serviço efetivo", afirmou Rui Maria Araújo, num programa de debate da televisão timorense.

"Temos de nos perguntar: precisamos de tantos funcionários públicos? Ou com contratos para toda a vida? Podemos introduzir contratos de cinco anos, com mecanismos de avaliação", questionou.

Rui Maria Araújo foi o convidado da terceira edição do programa de debate "Talk Show Ita Nia Governo", da Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL), gravado no auditório do Arquivo e Museu da Resistência Timorense em Díli e moderado por Rui Viana, da Secretaria de Estado da Comunicação Social.

Em resposta a perguntas do moderador e de alguns membros da audiência sobre a sua estratégia de governação, Rui Araújo disse que o Governo quer trabalhar "em equipa" mas que, muitas vezes, "há um buraco" entre a ordem política e a "ordem burocrática".

"Às vezes falha a comunicação ou a monitorização e a supervisão não funciona como deve ser. E isso implica que, em alguns casos, não se vejam os resultados concretos", disse.

"A nível político, os membros do Governo estão conscientes de que têm que fazer mais esforços para orientar funcionários. Mas depois temos alguns problemas ao nível do funcionalismo público e, por isso, precisamos de uma reforma da administração, da função pública", afirmou.

Desde que tomou posse, há uma semana, Rui Maria Araújo tem levado a cabo várias iniciativas, incluindo visitas surpresa a Ministérios e departamentos governamentais, mensagens para a população pela sua página no facebook e até a apresentação da sua declaração de bens: foi o primeiro governante a fazê-lo.

Ao mesmo tempo, e a nível governativo, arrancou um período intenso de análises que abrangem desde "gastos supérfluos" a reformas educativas para introduzir o ensino vocacional e profissional, passando por uma análise da diversificação económica do país, entre outras.

"Queremos marcar diferença na implementação dos programas", disse.

Para defender um corte em "despesas supérfluas", o primeiro-ministro - médico de profissão - chegou a usar argumentos de saúde pública, considerando que se deve cortar nos "snacks, almoços e lanches" que ocorrem em qualquer evento em Timor-Leste.

O país, disse, está a viver uma "transição epidemiológica" passando de um cenário em que as doenças infecciosas eram prevalentes para outro em que aumentam "as doenças de coração, colesterol e ácido úrico".

Ao mesmo tempo, o elevado número de carros nas mãos de funcionários públicos, está a levar muitos a ter uma "vida sedentária", com o custo que as viaturas representam.

"Não vamos cortar nos carros que são precisos. Mas no supérfluo", disse, explicando que o Ministério das Finanças está a rever itens como viagens nacionais e para o estrangeiro, viaturas e até o elevado número de seminários "sem grandes resultados" que se realizam no país.

ASP // JPS

Sem comentários:

Mais lidas da semana