< Artur Queiroz*, Luanda >
Eugénio Manuvakola é deputado da UNITA. Assinou o Protocolo de Lusaka na qualidade de secretário-geral do Galo Negro em 20 de Novembro 1994. Pelo Governo assinou o ministro das Relações Exteriores Venâncio de Moura. Na época era apresentado como democrata e contrário à ala belicista. Nunca acreditei. Se tivesse esse perfil jamais chegava onde chegou. Na UNITA ser pela democracia e contra a guerra dava condenação à morte.
Manuvakola tinha que ser mentiroso como Savimbi e todos os outros. Assassino como os outros. Criminoso de guerra como os outros. Tinha de carregar lenha para as fogueiras da Jamba como os outros. Matar críticos do chefe à paulada como os outros.
A UNITA revelou uma intervenção pública de Eugénio Manuvakola na qual estava presente o dirigente do MPLA Mário Pinto de Andrade, barbaramente agredido verbalmente. Num estilo savimbista o desalmado disse que os racistas sul-africanos invadiram Angola, pela mão do MPLA Chipenda! Os sicários da UNITA podem fazer todas as provocações, todas as falsificações, dizer as mentiras mais hediondas.
Daniel Chipenda desligou-se da direcção do MPLA e do movimento em 1972. Chamaram à sua facção “Revolta do Leste”. Tentou matar Agostinho Neto. Quando falhou o golpe desapareceu. Tinha ligações à PIDE/DGS e ao regime racista de Pretória. No 25 de Abril 1974 colocou-se ao serviço do ditador Mobutu e da FNLA de Holden Roberto. Foi ele que serviu de ignição à guerra nas ruas de Luanda em Fevereiro de 1975.
O objectivo dessa guerra era afastar o MPLA do processo de descolonização. Apresentava-se como presidente do movimento. Criou o Esquadrão Chipenda, uma unidade de choque que durante as invasões sul-africanas, tinha à sua responsabilidade o saque de empresas e dependências bancárias. A unidade militar era constituída por antigos agentes da PIDE que após o 25 de Abril 1974 fugiram para a África do Sul. Membros dos esquadrões da morte dos independentistas brancos. Mais militares portugueses contra a Revolução do Movimento das Forças Armadas (MFA). E alguns guerrilheiros que o seguiram em 1972.
Os milhões roubados pelo Esquadrão Chipenda durante a Operação Savana (primeira invasão da África do Sul a Angola) levaram Agostinho Neto e Saidy Mngas a lançar o Kwanza com caracter de urgência após a Independência Nacional.A Operação Savana (primeira invasão dos racistas de Pretória a Angola) começou em 9 de Agosto 1975 e com a ocupação do complexo hidroeléctrico do Calueque. As tropas invasoras avançaram rapidamente em direcção a norte e dois dias depois estavam no Lubango. Jonas Savimbi estava integrado na coluna invasora. E no dia 11 fez uma intervenção aos microfones do Rádio Clube da Huíla. Anunciou que em breve chegava a Luanda. De facto o objectivo da Operação Savana era capturar Luanda antes do dia 11 de Novembro 1975. Os invasores foram derrotados na Grande Batalha do Ebo, já depois da Independência Nacional em Dezembro de 1975. E tudo o vento levou. De derrota em derrota retiraram de Angola em Março 1976.
Uma coluna dos racistas/UNITA/Esquadrão Chipenda partiu da Huila para o Planalto Central. Os invasores criaram na cidade do Huambo “defesas intransponíveis”. Enganaram-se. Foram desbaratadas pelas FAPLA. Os sul-africanos e seus aliados da UNITA montaram na cidade do Cuito (Silva Porto) um centro de treino para formar militares do Galo Negro e da FNLA. O objectivo era criar condições para instalar destacamentos permanentes de tropas sul-africanas no Sul, Centro e Leste de Angola. Falharam.
No dia 4 de Setembro 1975 o primeiro-ministro sul-africano, Baltazar Johannes "John" Vorster assinou a “autorização oficial” de treino militar aos membros da UNITA e a FNLA. Assistência logística e fornecimento de armas, no valor de 14 milhões de dólares, às unidades dos dois movimentos dentro de Angola. O Esquadrão Chipenda recebeu também armamento. Foi criado o Batalhão Búfalo.
Manuvakola diz que Chipenda levou os sul-africanos para Angola! Foi assim. Um senhor negro chegou Pretória, os guardas do edifício do governo ajoelharam-se perante ele. Foi conduzido à presença de PW Botha e disse: Seus brancos de merda, venham comigo para Angola. Se não me obedecem rebento já com o regime de apartheid.
Os karkamanos tremeram de medo e seguiram Chipenda. Savimbi pediu boleia e também foi. O mentiroso compulsivo Eugénio Manuvakola ao dizer que as tropas sul-africanas foram levadas para Angola pelo MPLA revelou sinais de demência senil avançada. Em Agosto de 1975 Jonas Savimbi estava integrado na coluna invasora que chegou ao Lubango. Só um doente da cabeça pode dizer que a UNITA só se ligou aos racistas de Pretória em 1977.
Manuvakola também disse que o MPLA “fugiu” das eleições de 1975 porque ia perder. E invoca o “voto étnico”. Em Março de 1975 o Alto-Comissário, Silva Cardoso, anunciou que era impossível realizar eleições em Novembro de 1975, como consta no Acordo de Alvor. Em Abril de 1975, José Ndele (UNITA) e Johnny Eduardo Pinnock (FNLA) disseram que ere impossível realizar eleições no prazo previsto. Em Maio de 1975, Agostinho Neto concedeu-me uma entrevista publicada no jornal português “Diário de Notícias” e que foi para o ar na antena da Emissora Oficial de Angola (RNA) na qual exigia a realização de eleições. Criticou quem queria desistir do acto eleitoral: “Temos de passar pelo crivo das eleições”, afirmou.
O demente Manuvakola vem agora com a aldrabice de que o MPLA queria fugir das eleições! Já se esqueceu da derrota da UNITA em 1992. E até se esqueceu da derrota de 2022. Quando diz que o Galo Negro “tinha o eleitorado do corredor Caminho-de-Ferro de Benguela” está louco varrido. A UNITA nunca vai ganhar eleições nas províncias onde cometeu crimes hediondos: Benguela, Huambo, Bié, Moxico e Lundas.
Informem Manuvakola dos
resultados no “corredor” do Galo Negro: Benguela, vitória do MPLA com 54 por
cento e eleição de três deputados. Huambo, MPLA 56 por cento eleição de três
deputados. Bié, MPLA 60 por cento, eleição de três deputados. Moxico, MPLA 67
por cento e eleição de quatro deputados
* Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário