segunda-feira, 16 de março de 2015

Angola. ATIVISTAS AMEAÇAM COM NOVA MARCHA EM CABINDA




Organizadores do protesto cancelado de sábado querem libertação imediata dos detidos, caso contrário convocam nova marcha.

Rede Angola

Os organizadores do protesto contra a má governação em Cabinda, cancelado no último sábado devido à intervenção da polícia, planeiam regressar às ruas com uma nova marcha, isto se os activistas José Marcos Mavungo e Arão Tempo não forem libertados nas próximas horas. A intenção foi manifestada ao Rede Angola pelo porta-voz do protesto, Alexandre Kwanga Nsitu.

“Queremos que sejam libertados o mais rapidamente possível. Ainda hoje, ou organizamos uma nova marcha”, disse Alexandre Kwanga, adiantando o próximo sábado ou a quarta-feira da semana seguinte como os dias mais prováveis. “Não decidimos se será no fim-de-semana, ou num dia de trabalho. Vamos reunir e formalizar a decisão em breve”.

Detidos desde sexta-feira, José Marcos Mavungo e Arão Tempo faziam parte da organização de uma marcha em Cabinda, no último sábado, cujo objectivo era protestar contra a alegada má governação e violações dos direitos humanos na província. A manifestação não foi autorizada pelo Governo da Província de Cabinda.

Até ao momento não foi formalizado qualquer processo contra os detidos. Segundo Alexandre Kwanga, a situação tende a complicar-se uma vez que Arão Tempo também é presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados de Angola em Cabinda, estatuto que o impede de ser representado por um advogado, pelo menos até que o Procurador Provincial de Cabinda se pronuncie.

Já José Marcos Mavungo está a ser acompanhado pelo advogado Francisco Luemba. Por outro lado, as famílias estão a ser impedidas de contactar com os detidos. “Nem água podem deixar e isso está a gerar desentendimentos com a polícia”, explica Alexandre Kwanga.

Detenções ilegais e segurança “vinda de fora”

Para Alexandre Kwanga, a ameaça de uma nova marcha serve também como chamada de atenção para os problemas de governação e direitos humanos na província de Cabinda, e que ficaram ainda mais evidentes no último sábado.

“A manifestação foi organizada nos trâmites legais. Informamos as autoridades do dia e por onde ia passar o protesto. Responderam-nos que era uma ofensa aos governantes e uma ameaça à ordem pública”, refere o porta-voz, concluindo: “Estamos a ser injustiçados. Não temos um espaço onde nos possamos exprimir”.

Por estes dias tem sido reportado pela Associação Mãos Livres um reforço do aparato policial na província de Cabinda, confirmado por Alexandre Kwanga ao RA. O porta-voz descreve um ambiente de “constante perseguição” a todos os membros da marcha. “Há segurança sempre do nosso lado. Carros sem matrícula que nos seguem, passo a passo. São forças de segurança vindas de fora da província”.

Até ao momento o porta-voz da Polícia Nacional, Aristófanes dos Santos, continua sem se pronunciar sobre o caso.

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