Organizadores
do protesto cancelado de sábado querem libertação imediata dos detidos, caso
contrário convocam nova marcha.
Rede
Angola
Os
organizadores do protesto contra a má governação em Cabinda, cancelado no
último sábado devido à intervenção da polícia, planeiam regressar às ruas
com uma nova marcha, isto se os activistas José Marcos Mavungo e Arão Tempo não
forem libertados nas próximas horas. A intenção foi manifestada ao Rede
Angola pelo porta-voz do protesto, Alexandre Kwanga Nsitu.
“Queremos
que sejam libertados o mais rapidamente possível. Ainda hoje, ou organizamos
uma nova marcha”, disse Alexandre Kwanga, adiantando o próximo sábado ou a
quarta-feira da semana seguinte como os dias mais prováveis. “Não decidimos se
será no fim-de-semana, ou num dia de trabalho. Vamos reunir e formalizar a
decisão em breve”.
Detidos
desde sexta-feira, José Marcos Mavungo e Arão Tempo faziam parte da
organização de uma marcha em Cabinda, no último sábado, cujo objectivo era
protestar contra a alegada má governação e violações dos direitos humanos na
província. A manifestação não foi autorizada pelo Governo da Província de
Cabinda.
Até
ao momento não foi formalizado qualquer processo contra os detidos. Segundo
Alexandre Kwanga, a situação tende a complicar-se uma vez que Arão Tempo também
é presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados de Angola em
Cabinda, estatuto que o impede de ser representado por um advogado, pelo menos
até que o Procurador Provincial de Cabinda se pronuncie.
Já José
Marcos Mavungo está a ser acompanhado pelo advogado Francisco Luemba. Por outro
lado, as famílias estão a ser impedidas de contactar com os detidos. “Nem água
podem deixar e isso está a gerar desentendimentos com a polícia”, explica
Alexandre Kwanga.
Detenções
ilegais e segurança “vinda de fora”
Para
Alexandre Kwanga, a ameaça de uma nova marcha serve também como chamada
de atenção para os problemas de governação e direitos humanos
na província de Cabinda, e que ficaram ainda mais evidentes no último
sábado.
“A
manifestação foi organizada nos trâmites legais. Informamos as autoridades
do dia e por onde ia passar o protesto. Responderam-nos que era uma ofensa
aos governantes e uma ameaça à ordem pública”, refere o porta-voz, concluindo:
“Estamos a ser injustiçados. Não temos um espaço onde nos possamos exprimir”.
Por
estes dias tem sido reportado pela Associação Mãos Livres um
reforço do aparato policial na província de Cabinda, confirmado por Alexandre
Kwanga ao RA. O porta-voz descreve um ambiente de “constante perseguição”
a todos os membros da marcha. “Há segurança sempre do nosso lado. Carros
sem matrícula que nos seguem, passo a passo. São forças de segurança vindas de
fora da província”.
Até
ao momento o porta-voz da Polícia Nacional, Aristófanes dos Santos, continua
sem se pronunciar sobre o caso.
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