domingo, 8 de março de 2015

China não pretende derrubar atual ordem internacional, diz MNE chinês




Pequim, 08 mar (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, defendeu hoje que a ordem internacional "precisa de ser atualizada", mas negou que o país pretenda derrubar o atual sistema.

"Estamos no mesmo barco, com mais de 190 outros países. Não queremos virar o barco, evidentemente, mas sim trabalhar com os outros passageiros para assegurar que o barco navegue com firmeza e na direção certa", disse Wang Yi, referindo-se à Organização das Nações Unidas (ONU).

Wang Yi salientou, contudo, que o mundo "mudou dramaticamente" desde a criação da ONU, há 70 anos, e apelou a "promoção da democracia nas relações internacionais e ao primado da lei na governação global".

"É muito importante salvaguardar os legítimos direitos e interesses dos países em vias de desenvolvimento, que são a maioria, para fazer do mundo um lugar mais equilibrado, harmonioso e seguro", afirmou.

Wang Yi falava no Grande Palácio do Povo, em Pequim, numa conferência de imprensa organizada no âmbito da reunião anual da Assembleia Nacional Popular chinesa.

Segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China continua a assumir-se como "um país em vias de desenvolvimento" e descreve o seu crescente poder global como um processo de "ascensão pacífica".

Este ano, pela primeira vez, a China vai organizar uma parada militar em Pequim, em setembro, para assinalar o final da segunda guerra mundial no Pacífico e a "Vitória do povo chinês na Guerra de Resistência à Agressão Japonesa".

Líderes de importantes países e organizações internacionais serão convidados para assistir às comemorações, indicou Wang Yi.

"O nosso objetivo é lembrar a história, homenagear os mártires, promover a paz e olhar para o futuro", afirmou.

Questionado sobre um eventual convite ao Japão, Wang Yi respondeu que a China saúda a participação de "todos os que sejam sinceros".

"Há 70 anos. O Japão perdeu a guerra. Setenta anos depois, não deve perder a consciência", disse o MNE chinês. "Quanto mais o criminoso estiver consciente acerca da sua culpa, mais a vítima poderá sentir-se aliviada acerca do seu sofrimento".

Mais de 35 milhões de chineses morreram durante a ocupação japonesa, entre 1937 e 1945, ensinam os manuais de Historia da China.

Sobre as relações sino-russas, consideradas cada vez mais estreitas, Wang Yi observou os dois países mantêm "uma boa tradição de se apoiarem mutuamente", mas defendeu que isso "não visa terceiros países".

Durante a conferência de imprensa, o ministro chinês anunciou que China e Canada acordaram conceder vistos com validade de dez anos aos cidadãos dos respetivos países.

O acordo com o Canadá, idêntico ao que a China estabeleceu no final do ano passado com os Estados Unidos, entra em vigor já na próxima segunda-feira.

A reunião anual da Assembleia Nacional Popular decorre até dia 15 com cerca de 3.000 deputados.

AC // JCS

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