Pequim,
08 mar (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi,
defendeu hoje que a ordem internacional "precisa de ser atualizada",
mas negou que o país pretenda derrubar o atual sistema.
"Estamos
no mesmo barco, com mais de 190 outros países. Não queremos virar o barco,
evidentemente, mas sim trabalhar com os outros passageiros para assegurar que o
barco navegue com firmeza e na direção certa", disse Wang Yi, referindo-se
à Organização das Nações Unidas (ONU).
Wang
Yi salientou, contudo, que o mundo "mudou dramaticamente" desde a
criação da ONU, há 70 anos, e apelou a "promoção da democracia nas
relações internacionais e ao primado da lei na governação global".
"É
muito importante salvaguardar os legítimos direitos e interesses dos países em
vias de desenvolvimento, que são a maioria, para fazer do mundo um lugar mais
equilibrado, harmonioso e seguro", afirmou.
Wang
Yi falava no Grande Palácio do Povo, em Pequim, numa conferência de imprensa
organizada no âmbito da reunião anual da Assembleia Nacional Popular chinesa.
Segunda
economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China continua a
assumir-se como "um país em vias de desenvolvimento" e descreve o seu
crescente poder global como um processo de "ascensão pacífica".
Este
ano, pela primeira vez, a China vai organizar uma parada militar em Pequim, em
setembro, para assinalar o final da segunda guerra mundial no Pacífico e a
"Vitória do povo chinês na Guerra de Resistência à Agressão
Japonesa".
Líderes
de importantes países e organizações internacionais serão convidados para
assistir às comemorações, indicou Wang Yi.
"O
nosso objetivo é lembrar a história, homenagear os mártires, promover a paz e
olhar para o futuro", afirmou.
Questionado
sobre um eventual convite ao Japão, Wang Yi respondeu que a China saúda a
participação de "todos os que sejam sinceros".
"Há
70 anos. O Japão perdeu a guerra. Setenta anos depois, não deve perder a
consciência", disse o MNE chinês. "Quanto mais o criminoso estiver
consciente acerca da sua culpa, mais a vítima poderá sentir-se aliviada acerca
do seu sofrimento".
Mais
de 35 milhões de chineses morreram durante a ocupação japonesa, entre 1937 e
1945, ensinam os manuais de Historia da China.
Sobre
as relações sino-russas, consideradas cada vez mais estreitas, Wang Yi observou
os dois países mantêm "uma boa tradição de se apoiarem mutuamente",
mas defendeu que isso "não visa terceiros países".
Durante
a conferência de imprensa, o ministro chinês anunciou que China e Canada
acordaram conceder vistos com validade de dez anos aos cidadãos dos respetivos
países.
O
acordo com o Canadá, idêntico ao que a China estabeleceu no final do ano
passado com os Estados Unidos, entra em vigor já na próxima segunda-feira.
A
reunião anual da Assembleia Nacional Popular decorre até dia 15 com cerca de
3.000 deputados.
AC
// JCS
Sem comentários:
Enviar um comentário