As
roupas criadas por Nadir Tati têm preços proibitivos para grande parte dos
angolanos. A designer sabe disso. Ela admite que a riqueza é mal distribuída,
mas também há vontade de combater as assimetrias
Nadir
Tati, que a revista norte-americana Forbes considera ser a mais internacional
dos estilistas angolanos, cria roupas exclusivas de alta-costura, geralmente
por recomendação de clientes de destaque da sociedade angolana, por exemplo, a
primeira-dama Ana Paula dos Santos, uma das suas principais fontes de
inspiração.
"As
minhas criações não são para elites. Como qualquer designer, tenho uma linha
mais simples, em que uma peça pode custar 50 ou 100 dólares. Mas há também
outras que são um pouco mais caras", diz a designer a propósito de um dos
seus vestidos, vendido a 10 mil dólares.
Estes
são preços inacessíveis para muitos bolsos e que contrastam com o poder de
compra da maioria dos cidadãos nacionais, ainda confrontados com a pobreza.
Nadir Tati sabe disso. "Não vale só dizer que temos os recursos. É preciso
saber o que devemos fazer com eles", diz. "Há pobreza mas também há
vontade de melhorar."
Angola
tenta combater assimetrias, diz Nadir Tati
A
designer, formada em Sociologia e Criminologia, diz que há um esforço de
desenvolvimento nacional ímpar em África, visando eliminar as assimetrias.
Nadir
Tati reforça que, depois da guerra, Angola ainda enfrenta muitos problemas de
desenvolvimento. Mas, "estamos a tentar ajustar e a tentar distribuir
melhor aquilo que os angolanos têm direito."
Um
dos problemas a combater é o analfabetismo. Segundo a estilista, o país precisa,
por exemplo, de mais escolas e de mais investimentos na formação dos jovens,
porque são precisos muitos mais profissionais qualificados.
"O
investimento deve ser feito de forma a garantir que o país, no futuro, tenha
uma capacidade forte, para poder estar ao nível de outras grandes
potências."
Doações
Nadir
Tati esclarece que doou algumas das suas peças mais caras, que foram leiloadas
entre 10 mil e 15 mil dólares por organizações da sociedade civil que trabalham
a favor de causas sociais, nomeadamente para apoiar mulheres vítimas do cancro
e a construção de uma escola para crianças deficientes.
"Fico
muito feliz em saber que um vestido de 15 ou 20 mil dólares seja leiloado para
uma causa social. Para mim, isto significa a valorização do meu trabalho."
João
Carlos (Lisboa) – Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário