Díli,
19 mar (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Hernâni Coelho,
afirmou hoje que Timor-Leste, que detém a presidência da CPLP, está em
"comunicação constante" com a Guiné Equatorial para acompanhar todos
os aspetos da sua integração na organização lusófona.
Em
entrevista à Lusa, Hernâni Coelho, que tomou posse há cerca de dois meses, com
o novo Governo timorense, insistiu que a Guiné Equatorial é um parceiro
importante para Timor-Leste, para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) e para outros países da sua região.
"Temos
que reconhecer a realidade. Sabemos que há desafios, mas os desafios que eles
têm, podem ser transformados em oportunidades", afirmou.
Questionado
sobre se Timor-Leste está a verificar se o país cumpre ou não todos os aspetos
inerentes à sua adesão e integração na CPLP, incluindo a moratória da pena de
morte, Coelho disse que o acompanhamento está a ser feito.
"Temos
que enquadrar o acompanhamento que tem que ser feito. Não podemos ir lá, saltar
de repente e dizer que temos que fazer isso e aquilo. Mas mantemos comunicação
constante", disse.
"O
embaixador da Guiné Equatorial apresentou as suas credenciais. Estamos a
trabalhar já em várias áreas. Mas estas coisas não acontecem de um dia para o
outro", disse.
O
chefe da diplomacia timorense preferiu não tecer comentários alargados sobre o
que o Presidente da República português, Cavaco Silva, escreveu no prefácio do
seu Roteiros IX sobre a entrada da Guiné Equatorial para a CPLP.
Nesse
texto, recorde-se, Cavaco Silva justificou a entrada da Guiné Equatorial com os
"danos" diplomáticos que provocaria a Timor-Leste - que acolheu a
cimeira em que a adesão foi ratificada.
"É
uma opinião que deve servir de base de análise a todos. Mas recordo que a
adesão da Guiné Equatorial passou por um processo definido pelos próprios
estatutos da CPLP. Não foi uma coisa que ocorreu de um dia para o outro, mas
sim um processo com vários passos", disse.
Recorde-se
que em resposta a esse texto, o ex-Presidente da República timorense José
Ramos-Horta considerou uma "falsidade" atribuir a Timor-Leste um
papel de relevo no lóbi para a adesão da Guiné Equatorial, recordando que
Angola e o Brasil sempre lideraram o lóbi favorável a Malabo na CPLP.
Em
resposta e mantendo a posição do texto de Cavaco Silva, fonte da Presidência da
República portuguesa disse ao jornal Sol que Timor-Leste e o próprio Ramos-Horta
não estaria a fazer o acompanhamento do processo de integração, incluindo a
moratória sobre a pena de morte.
Questionado
pela Lusa sobre esta matéria, José Ramos-Horta disse que só vários meses depois
da cimeira de Díli recebeu dos países membros da CPLP uma resposta à
presidência timorense da organização a confirmar que seria o enviado para a
Guiné-Bissau e Guiné Equatorial.
"Por
outro lado, ainda não recebi formalmente uma carta ou documento de nomeação e
termos de referência", disse, explicando que tem estado
"completamente absorvido" com as suas novas funções como presidente
do Painel Independente de Alto Nível para as Operações de Paz.
Apesar
disso, afirmou, já falou sobre essa questão, quer com Hernâni Coelho, quer com
o Presidente da República timorense, Taur Matan Ruak, para pedir algum
credenciamento para poder iniciar as atividades necessárias.
"Um
enviado especial de um órgão de Estados como a CPLP não pode pegar em si e ir a
um país sem receber um convite formal desse país", disse.
ASP
// VM
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