Marco
António Costa e Maria Luís Albuquerque juntaram-se com 40 personalidades numa
sala à porta fechada, ouviram opiniões e "venderam" que, sozinho, o
PSD estará taco a taco com o PS. A organização foi de uma consultora francesa.
Ângela Silva
Foi esta segunda-feira, entre as 17h00 e as 20h00, no Hotel Sana,
Marco
António informou os presentes de uma megassondagem (3700 entrevistas) que o PSD
encomendou e cujos resultados deixaram alguns dos presentes espantados.
"Ele falou de uma sondagem que dá menos de 29% ao PS, 26% ao PSD e 4% ao
CDS e explicou que o PSD sozinho está próximo do Partido Socialista porque a
diferença fica na margem de erro", relatou ao Expresso um dos
empresários que participou no encontro, onde estiveram, entre outros, nomes
como António Mexia, da EDP, Vasco de Melo, da Brisa, Diogo da Silveira, da
Portucel, António Melo Pires, da AutoEuropa, João Vieira de Almeida, da Vieira
de Almeida Advogados, e Vítor Matos, da Caixa Geral de Depósitos.
"O
tom foi que isto está taco a taco e que o PSD, que está tecnicamente colado ao
PS, vai lutar pela vitória", confirma outro dos presentes. Mas Marco
António Costa em nenhum momento terá deixado qualquer pista sobre se irão
sozinhos ou coligados com o CDS às próximas eleições legislativas. A
referência que fez aos 4% que, segundo a tal sondagem, traduziria o peso bruto
do CDS, arrepiou alguns dos presentes. Mas nada foi dito que pusesse em causa a
coligação ou as negociações para que ela possa avançar antes das legislativas
de setembro/outubro deste ano.
Isso,
a coligação, são contas de outro rosário
Ali, o que o n.º 2 de Passos quis claramente foi puxar pela alegada boa forma do PSD e passar a ideia de que o seu partido enfrenta as próximas eleições determinado a ganhá-las.
A
organização do encontro foi da Eurogrup Consulting, uma consultora francesa, de
Pierre Dubourdeau, que trabalhou com os Governos de Nicolas Sarkozy e François
Hollande e que já colaborou com o PSD na campanha de Passos Coelho em 2011. Ao Expresso,
Dubourdeau diz não ter nesta altura qualquer contrato com o partido. "A
iniciativa foi nossa, não fui contratado pelo PSD, o papel de uma consultora
que está bem é promover diagnósticos e visões estratégicas e fomos nós que
organizámos este encontro, como amanhã podemos organizar outros com
personalidades de outras áreas políticas", afirmou ao Expresso.
De
facto, na direção do PSD ninguém sabia de nada
Matos Rosa, secretário-geral do partido, garante desconhecer qualquer contratação de consultoras. E foi com surpresa que outros vice-presidentes do PSD consultados pelo Expresso ouviram falar do encontro do Sana. Quem lá esteve relata que Maria Luís Albuquerque puxou pelas reformas estruturais feitas pelo Governo nas áreas económica e financeira e Marco António Costa chamou a si a análise político social do que foi feito e falta fazer, com destaque para a reforma da segurança social.
Esta
dupla tem corrido o país. Marco António e Maria Luís já fizeram vários
encontros em várias localidades com influentes da sociedade civil, e sempre com
empresários, em que divulgam a obra feita e recolhem contributos para a
elaboração do programa eleitoral (do PSD ou de uma coligação com o CDS,
ver-se-á).
Na
frente económica, o partido de Pedro Passos Coelho conta a ajuda de Pedro Reis,
ex-presidente da AICEP, e João Moreira Rato, ex-presidente do IGCP, para
mobilizarem apoios e contributos programáticos. Os dois participaram, aliás, no
encontro no Sana. Até finais de março, o PSD conta ter uma primeira versão das
suas linhas programáticas, que estão a ser coordenadas pelo gabinete de estudos
do partido. E em abril, avançarão para a versão que hão de levar às conversas a
ter com o CDS.
Na
foto: Cúpula laranja. Marco António Costa, número dois do PSD, com Passos
Coelho / Alberto Frias
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