Paula
Santos – Expresso, opinião
O
ditado popular "dois pesos e duas medidas" caracteriza muito bem a
política deste Governo. Um Governo com dois pesos e duas medidas, uma para os
trabalhadores, os reformados, os jovens e o povo em geral e outra para os
grupos económicos e financeiros.
Enquanto
o Governo impõe novos cortes nos salários, nas pensões e nas prestações
sociais, continua a pagar juros de uma dívida em crescimento. Só em
2015 o Governo vai pagar 8200 milhões de euros em juros da dívida. Para se ter
uma ideia da dimensão deste montante, é muito superior a todo o orçamento para
o Ministério da Educação e Ciência e superior ao orçamento para o Serviço
Nacional de Saúde.
Enquanto
o Governo aumenta a carga fiscal sobre os portugueses, em especial o IRS e o
IMI, as grandes empresas pagam menos impostos, com a redução do IRC.
Enquanto
o Governo corta no orçamento para o Serviço Nacional de Saúde e impõe taxas
moderadoras exorbitantes para os utentes, mantém os encargos com as parcerias
público-privadas e o financiamento direto aos grandes hospitais privados ao
abrigo da ADSE.
Enquanto
o Governo corta no orçamento da Escola Pública mantém os benefícios fiscais
para os grandes grupos económicos.
Enquanto
o Governo penhora a casa (a sua única habitação) a quem tenha pequenas dívidas
às finanças, cria uma lista VIP para proteger os dados fiscais de determinados
cidadãos, que não estão sujeitos às medidas de combate à fraude e evasão
fiscais.
Enquanto
os portugueses pagam mais de electricidade, combustíveis ou telecomunicações,
as empresas destes setores têm lucros absolutamente escandalosos.
Fruto
desta política, aprofunda-se o fosso entre os mais ricos e os mais pobres,
evidenciando a cada vez mais injusta distribuição dos rendimentos.
E
como se tudo isto não bastasse, como se não fosse já bastante as consequências
desta política na degradação das condições de vida dos portugueses - o
desemprego, a exploração, a precariedade, a emigração, a pobreza e o
aprofundamento das desigualdades - a Ministra das Finanças vem a público
afirmar que os cofres estão cheios, quando os portugueses vivem cada vez pior.
Como
pode a Ministra das Finanças afirmar que os cofres estão cheios de dinheiro
parado e que faz tanta falta no investimento público, no apoio aos setores
produtivos, no apoio às micro, pequenas e médias empresas, enfim na dinamização
da economia, na criação de emprego e riqueza, fundamental para o país sair da
situação em que se encontra.
Nos
últimos tempos, o país tem assistido a diversas declarações de membros de
Governo apregoando a tese da recuperação e de que o país está melhor, quando na
verdade está pior, mais enredado numa dívida insustentável e impagável e mais
submisso aos constrangimentos impostos pela União Europeia.
Se
o país está de facto melhor, como justifica o Governo a vigilância apertada
anunciada pela União Europeia?
O
povo não quer um Governo fraco com os fortes e forte com os fracos.
Está
nas mãos dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, dos democratas e
patriotas, do povo pôr fim a este rumo de desastre para o país e para a vida
dos portugueses.
Está
nas mãos do povo construir uma verdadeira política alternativa e uma
alternativa política que a concretize e que retome os valores de abril.
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