quarta-feira, 25 de março de 2015

Portugal. DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS – É A MARCA DA POLÍTICA DESTE GOVERNO



Paula Santos – Expresso, opinião

O ditado popular "dois pesos e duas medidas" caracteriza muito bem a política deste Governo. Um Governo com dois pesos e duas medidas, uma para os trabalhadores, os reformados, os jovens e o povo em geral e outra para os grupos económicos e financeiros.

Enquanto o Governo impõe novos cortes nos salários, nas pensões e nas prestações sociais, continua a pagar juros de uma dívida em crescimento. Só em 2015 o Governo vai pagar 8200 milhões de euros em juros da dívida. Para se ter uma ideia da dimensão deste montante, é muito superior a todo o orçamento para o Ministério da Educação e Ciência e superior ao orçamento para o Serviço Nacional de Saúde.

Enquanto o Governo aumenta a carga fiscal sobre os portugueses, em especial o IRS e o IMI, as grandes empresas pagam menos impostos, com a redução do IRC.

Enquanto o Governo corta no orçamento para o Serviço Nacional de Saúde e impõe taxas moderadoras exorbitantes para os utentes, mantém os encargos com as parcerias público-privadas e o financiamento direto aos grandes hospitais privados ao abrigo da ADSE.

Enquanto o Governo corta no orçamento da Escola Pública mantém os benefícios fiscais para os grandes grupos económicos.

Enquanto o Governo penhora a casa (a sua única habitação) a quem tenha pequenas dívidas às finanças, cria uma lista VIP para proteger os dados fiscais de determinados cidadãos, que não estão sujeitos às medidas de combate à fraude e evasão fiscais.

Enquanto os portugueses pagam mais de electricidade, combustíveis ou telecomunicações, as empresas destes setores têm lucros absolutamente escandalosos.

Fruto desta política, aprofunda-se o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, evidenciando a cada vez mais injusta distribuição dos rendimentos.

E como se tudo isto não bastasse, como se não fosse já bastante as consequências desta política na degradação das condições de vida dos portugueses - o desemprego, a exploração, a precariedade, a emigração, a pobreza e o aprofundamento das desigualdades - a Ministra das Finanças vem a público afirmar que os cofres estão cheios, quando os portugueses vivem cada vez pior.

Como pode a Ministra das Finanças afirmar que os cofres estão cheios de dinheiro parado e que faz tanta falta no investimento público, no apoio aos setores produtivos, no apoio às micro, pequenas e médias empresas, enfim na dinamização da economia, na criação de emprego e riqueza, fundamental para o país sair da situação em que se encontra.

Nos últimos tempos, o país tem assistido a diversas declarações de membros de Governo apregoando a tese da recuperação e de que o país está melhor, quando na verdade está pior, mais enredado numa dívida insustentável e impagável e mais submisso aos constrangimentos impostos pela União Europeia.

Se o país está de facto melhor, como justifica o Governo a vigilância apertada anunciada pela União Europeia?

O povo não quer um Governo fraco com os fortes e forte com os fracos.

Está nas mãos dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, dos democratas e patriotas, do povo pôr fim a este rumo de desastre para o país e para a vida dos portugueses.

Está nas mãos do povo construir uma verdadeira política alternativa e uma alternativa política que a concretize e que retome os valores de abril.

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