Voz
da América, em Angola Fala Só
A
prisão de activistas em Cabinda por quererem realizar uma manifestação “não
ajuda a justiça angolana”, disse Agostinho Sikato do Centro de Debates e
Assuntos Académicos.
Falando
no programa “Angola Fala Só”, Sikato respondia a um ouvinte de Cabinda que se
referiu à recente detenção do activista Marcos Mavungo e do advogado Arão Tempo
pelas autoridades.
O
director daquele centro que é também professor universitário disse que as
autoridades deveriam libertar os dois activistas e exortou as autoridades a
“investigarem antes de fazerem o que se fez”.
Educação
em Angola
A
maior parte do programa foi contudo dedicada á situação da educação em Angola,
e Agostinho Sikato considerou que o facto de dirigentes angolanos enviarem os
filhos para estudarem no estrangeiro é apenas reflexo de um sentimento
generalizado.
“Não
acreditamos no nosso ensino”, disse, e embora tenha manifestado optimismo
de que esse cepticismo possa ser superado tal não acontecerá se continuar a
haver “apatia” na educação.
Sikato
disse que haverá qualidade no ensino angolano “quando colocarmos pessoas certas
no lugar certo”.
“Há
pessoas que não deviriam lá estar”, disse o professor universitário afirmando
que muitos desses “não têm formação”.
“Há
professores a darem aulas de disciplinas de que nada sabem”, acrescentou.
Agostinho
Sikato abordou também a questão de haver professores e directores de
estabelecimentos de ensino que são ali colocados devido a sua afiliação
política.
“Temos
o hábito de não distinguir a academia das ideologias”, disse, afirmando
que “as pessoas que estão ligadas à academia devem dedicar-se exclusivamente à
ciência”.
O
problema, acrescentou, é que “não pensamos ciência, pensamos ideologias”.
Sikato
disse ainda que um dos problemas com a educação angolana é a falta de
fiscalização.
Política
nas universidades
Agostinho
Sikato expressou-se também contra campanhas de mobilização partidárias nas
universidades.
“As
universidades não são de partido algum”, disse, afirmando que nas
universidades “não se deve fazer política partidária, deve-se estudar”.
Venda
de notas no ensino
“Ninguém
é fiscalizado, nem professores, nem alunos nem directores”, acrescentou, e “é
um facto que se troca sexo por notas”, referindo-se à pergunta de um ouvinte
sobre troca de favores sexuais por notas nas escolas.
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