sábado, 18 de abril de 2015

Agostinho Sikato: "As universidades não são de nenhum partido" - Angola Fala Só



Voz da América, em Angola Fala

A prisão de activistas em Cabinda por quererem realizar uma manifestação “não ajuda a justiça angolana”, disse Agostinho Sikato do Centro de Debates e Assuntos Académicos.

Falando no programa “Angola Fala Só”, Sikato respondia a um ouvinte de Cabinda que se referiu à recente detenção do activista Marcos Mavungo e do advogado Arão Tempo pelas autoridades.

O director daquele centro que é também professor universitário disse que as autoridades deveriam libertar os dois activistas e exortou as autoridades a “investigarem antes de fazerem o que se fez”.

Educação em Angola

A maior parte do programa foi contudo dedicada á situação da educação em Angola, e Agostinho Sikato considerou que o facto de dirigentes angolanos enviarem os filhos para estudarem no estrangeiro é apenas reflexo de um sentimento generalizado.

“Não acreditamos no nosso ensino”, disse,  e embora tenha manifestado optimismo de que esse cepticismo possa ser superado tal não acontecerá se continuar a haver “apatia” na educação.

Sikato disse que haverá qualidade no ensino angolano “quando colocarmos pessoas certas no lugar certo”.

“Há pessoas que não deviriam lá estar”, disse o professor universitário afirmando que muitos desses “não têm formação”.

“Há professores a darem aulas de disciplinas de que nada sabem”, acrescentou.

Agostinho Sikato abordou também a questão de haver professores e directores de estabelecimentos de ensino que são ali colocados devido a sua afiliação política.

“Temos o hábito de não distinguir a academia das ideologias”, disse, afirmando  que “as pessoas que estão ligadas à academia devem dedicar-se exclusivamente à ciência”.

O problema, acrescentou, é que “não pensamos ciência, pensamos ideologias”.

Sikato disse ainda que um dos problemas com a educação angolana é a falta de fiscalização.

Política nas universidades

Agostinho Sikato expressou-se também contra campanhas de mobilização partidárias nas universidades.

“As universidades não são de partido algum”, disse,  afirmando que nas universidades “não se deve fazer política partidária, deve-se estudar”.

Venda de notas no ensino

“Ninguém é fiscalizado, nem professores, nem alunos nem directores”, acrescentou, e “é um facto que se troca sexo por notas”, referindo-se à pergunta de um ouvinte sobre troca de favores sexuais por notas nas escolas.


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