Associação
quer esclarecer que versão posta a circular está mais próxima da verdade em
relação ao confronto entre a polícia e membros da seita religiosa.
A
associação Mãos Livres está a fazer uma “investigação independente” aos
confrontos que a 16 de Abril envolveram polícias e seguidores da seita
religiosa Adventista do Sétimo Dia a Luz do Mundo, no Huambo, face às
diferentes versões dos acontecimentos e do número de mortos.
A
informação foi avançada ontem à Lusa por Salvador Freire,
presidente desta associação cívica que reúne activistas e advogados angolanos,
acrescentando que um destes elementos já se prontificou a assegurar a defesa do
líder da denominada igreja “A Luz do Mundo”, Julino Kalupeteka, entretanto
detido.
Os
agentes tentavam na altura executar um mandado de captura do líder desta seita
ilegal, quando, na versão das autoridades, foram atingidos a tiro por
seguidores de Kalupeteka, provocando a morte de nove polícias. Na resposta, a
intervenção policial terá resultado, ainda segundo as autoridades, na morte de
13 seguidores da seita.
Contudo,
outras versões dos mesmos incidentes têm sido colocadas a circular nos últimos
dias – negadas pela polícia -, nomeadamente dando conta de “centenas de
mortos” provocadas por este confronto.
“Faz
parte da nossa actividade, enquanto Mãos Livres, fazer o levantamento real de
quantas pessoas morreram e em que circunstâncias foram mortas. É preciso que
haja uma informação independente, de fontes independentes, mas com
confirmação”, disse ontem à Lusa o advogado David Mendes, que
lidera a investigação lançada por aquela associação.
Os
confrontos deram-se na Serra Sumé, província do Huambo, onde estariam
concentrados, num acampamento sem condições, cerca de 4.000 seguidores daquela
seita, que advoga o fim do mundo em 2015.
“Já
temos dois advogados no terreno e estamos preocupados porque não nos conseguem
dizer onde está o senhor Kalupeteka, mas dizem-nos que já não estará no Huambo. Queremos saber onde está e em que condições de detenção se encontra”,
acrescentou David Mendes, que já se disponibilizou para assegurar a defesa do
líder desta seita.
A
seita, que não é reconhecida pelo Estado, é liderada por José Julino
Kalupeteka, sendo a mesma conhecida por queimar livros, travar a escolarização
e a vacinação dos fiéis, concentrando-os em acampamento sem condições.
Entretanto,
também têm sido colocadas a circular imagens que dão conta do líder da seita
com vários ferimentos, questionando o real estado de saúde do homem, de 52
anos.
“Tendo
em conta a mediatização do facto, presumimos que não esteja detido em condições
humanas. Pode estar a ser vítima de tortura, a ser coagido a fazer determinados
depoimentos. Pode-se concluir que há uma condenação prévia, face à
mediatização. É contra isso que queremos defender o senhor Kalupeteka”, rematou
o advogado David Mendes.
Lusa,
em Rede Angola
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