quarta-feira, 1 de abril de 2015

Cabo Verde. O GRAU ZERO DO NEPOTISMO



Mário Silva – Expresso das Ilhas, opinião

O nepotismo tornou-se tema de combate político. É que muitos resolveram reconciliar-se com a família à volta do orçamento das entidades públicas. E isso não é muito canónico. Numa República democrática, claro está.

As famílias esforçam-se. Os filhos são bons técnicos. Competen­tes. Mas empregos, bons empregos mesmo, só para os filhos do regime. É vê-los: marido e mulher; pai e filho; tio e sobrinho. Factos são factos.

Muitos saíram ontem da Escola. Já são chefes, gestores de projectos e assessores. E mal sabem redigir um ofício. Um relatório. Pouco im­porta: são filhos! Dão o corpo pelo regime. Dão! E a alma também. Sabem que, se o regime cair nas próximas eleições, é um drama. Pessoal? Não, seria suportável. Familiar? Sim, a minha família não! O regime não pode cair.

E assim o interesse público vai ficando para traz. E assim a ética vai desaparecendo. E assim a Adminis­tração Pública vai sendo assaltada por famílias. Justiça seja feita: o regime tem sido justo para com os seus filhos. E os outros? Injustiça seja denunciada: ficam desempre­gados. Aqui e acolá, acontece uma adopção política. Cirurgicamente. Como que a justificar que os outros não são esquecidos.

Não podemos continuar com acusações recíprocas. Se estamos de acordo que o nepotismo é um mal, temos de erradicá-lo.

Uma vez que os princípios não são suficientes, seria bom que hou­vesse uma lei contra o nepotismo, para entrar em vigor no início da próxima legislatura. A República agradece. Até porque, não se sabe ainda quem vai ganhar as eleições. Deste modo, ninguém se sente atingido.

- Ou será que sabes quem vai ganhar as próximas legislativas, Joa Quim?

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