Não
estaremos a fugir à verdade se dissermos que já faz parte do ADN dos partidos
de direita (PSD e CDS) da ilha da Madeira a prática de fraude eleitoral. Um
ex-deputado madeirense do PSD não teve problemas em assim se referir acerca do
cambalacho ocorrido em eleições de 1980.
António
Fontes revelou numa entrevista exclusiva ao Diário de Notícias como foram
adulterados os votos para as presidenciais e garantiu não ter medo de
represálias. Assim consta em artigo do DN no título "Deputado confessa fraude nas presidenciais de 1980".
Tal
prática, ali denunciada, pode ser indiciante de um costume do PSD. Isso
levar-nos-ia mais longe. Explicaria por que Alberto João Jardim se manteve
quase 40 anos como presidente do Governo Regional da Madeira. "Quem faz um
cesto faz um cento", é um adágio popular que significa isso mesmo. Se em
1980 o PSD e o CDS (apoiantes de Soares Carneiro contra Ramalho Eanes) cometeram
fraude eleitoral quem nos garante que não foi useiro e vezeiro - o PSD - nessa
prática?
Teríamos
assim o complemento que talvez possa justificar o que é dito pelo elemento da
CDU na Madeira quando disse que "saímos e quando voltámos já nos faltavam
10 votos" ou quando disse que "eram primeiro 48 votos e depois já
eram 148".
Se
nas declarações do ex-deputado António Fontes a denúncia esbarrou na
indiferença da legelidade e também dos eleitores. dos portugueses em geral, o
mais certo é que agora, neste caso destas eleições regionais na Madeira
aconteça o mesmo. O retrato do Portugal mafioso está aqui. Predomina nele a
face quase sempre oculta da desonestidade dos partidos políticos de direita.
Isso é indiscutível. Outra questão: quantas fraudes eleitorais são cometidas a
nível nacional pelos partidos referenciados por Arco da Governação? A questão é
legítima por serem sempre eles os eleitos, os que vêm desgovernando Portugal há
40 anos. E governando-se.
Redação
PG
Madeira CDU
entrega pedido de novo apuramento dos votos
O
mandatário da candidatura da CDU na Madeira, Leonel Nunes, revelou hoje que a
coligação já entregou o recurso junto ao Tribunal Constitucional para a
constituição de uma nova assembleia de apuramento geral relativa aos votos das
eleições de domingo na Madeira.
Esta
assembleia visa "a recuperação rigorosa e fiável da correspondência entre
os votos expressos pelos eleitores e os constantes das atas das assembleias de
voto e os resultados finais apurados".
"Entregámos
antes de esgotar o prazo, entregámos pouco antes das 16 horas", disse.
Fonte
do Tribunal Constitucional (TC) confirmou à Lusa que deram entrada três
recursos relativos às regionais da Madeira: da CDU, do MAS e da Plataforma de
Cidadãos.
De
acordo com os prazos previstos na lei, uma decisão final não deverá acontecer
antes da próxima segunda-feira, já que o TC terá agora de notificar os partidos
concorrentes até à tarde de quinta-feira e decidir definitivamente o recurso
nas 48 horas posteriores (sendo sábado, 'atira' o prazo para o dia útil
seguinte).
A
assembleia geral de apuramento de votos das eleições legislativas regionais
antecipadas de domingo reuniu-se na terça-feira nas instalações do
representante da República onde, depois de fiscalizados os votos, atribuiu mais
um deputado à CDU/PEV, anunciando, assim, em edital, a retirada da maioria
absoluta ao PSD.
Momentos
depois, a mesma assembleia retirava o deputado da CDU e conferia, de novo, a
maioria absoluta ao PSD devido a um "erro informático" porque o
sistema não tinha contado os votos registados na ilha do Porto Santo.
"Vamos
aguardar conscientes de que algumas das anomalias que apontamos sejam tidas em
conta pelo Tribunal Constitucional e, acima de tudo, o que se pede é que seja
eleita também uma nova assembleia que faça a fiscalização dos votos e de todas
as anomalias que ocorreram e que seja também uma assembleia plural",
adiantou o mandatário da CDU na Madeira.
Leonel
Nunes criticou ainda as condições em que decorreu a assembleia que, segundo
sustentou, decorreu num espaço exíguo.
"Não
podíamos exercer aquela tarefa que nos competia que era fiscalizar o trabalho
dos membros da assembleia, os votos que se pretendia fiscalizar ou qualquer
outra anomalia e ainda fomos diversas vezes ameaçados que podíamos ser expulsos
do local", denunciou.
"Isto
não são condições para funcionar uma assembleia de apuramento final",
deplorou.
A
CDU realça, em comunicado, que "perante a multiplicação de casos
conhecidos que indiciam uma desconformidade entre os votos expressos e os
resultados proclamados, perante o funcionamento irregular e anómalo da
assembleia de apuramento geral, impõe-se a reposição da legalidade e a correção
de erros e irregularidades que tenham sido cometidos".
A
CDU sublinha que "com este recurso não pretende obter no Tribunal o que
não obteve nas urnas, mas tão só que o apuramento confirme a real expressão da
vontade dos eleitores da Madeira e a confirmação do terceiro mandato da CDU que
corresponderá à retirada da maioria absoluta do PSD na Região".
O
PSD-Madeira viu terça-feira confirmada a sua 11.ª maioria absoluta, depois de
uma noite atribulada em que, durante duas horas, um erro informático retirou
aos sociais-democratas um resultado que têm conquistado em todas as eleições
desde 1976.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Madeira Rattón
decide na próxima semana a recontagem de votos
O
MAS – Movimento Alternativa Socialista, a Plataforma dos Cidadãos e a CDU
enviaram recursos para o Tribunal Constitucional a pedir a “recontagem de todos
os votos válidos e nulos para que seja reposta a legalidade e democraticidade
das eleições do passado dia 29 de março”.
Os
juízes do Tribunal Constitucional vão decidir, no início da próxima semana, se
dão ou não provimento aos três recursos apresentados relativamente à recontagem
de votos nulos, avança o Diário Económico, que cita fonte do Palácio Ratton.
A
decisão não será conhecida antes de segunda-feira pois, como explica a mesma
fonte, sexta-feira é feriado.
Os
juízes têm 24 horas para notificar todas as candidaturas que participaram nas
eleições – prazo que termina quinta-feira – e depois dispõem de 48 horas para
decidir se dão ou não provimento aos recursos, por isso, antes de segunda-feira
não deverá ser conhecida qualquer decisão.
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