domingo, 17 de maio de 2015

ANGOLA EXIGE DESCULPAS DA ONU SOBRE O “CASO KALUPETEKA”




Governo rebateu pedido de investigações das Nações Unidas e pediu uma retratação ou a apresentação de provas.

O Governo informou esta sexta-feira, em comunicado, que repudia as declarações do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) sobre o caso da seita “Kalupteka”, pedindo provas ou um pedido oficial de desculpas.

O porta-voz do Escritório do ACNUDH, na Suíça, pediu na terça-feira que seja nomeada uma comissão independente para investigar os confrontos entre a polícia e a seita “A luz do mundo”, liderada por Julino Kalupeteka, que terminaram, segundo as autoridades, com nove polícias mortos e mais treze vítimas entre os fiéis, número que a oposição angolana diz ser muito superior.

“Têm existido relatórios alarmantes nas últimas semanas sobre um alegado massacre na província central do Huambo, em Angola. Temos trabalhado para recolher mais informação sobre o incidente, mas os factos permanecem por esclarecer, com grandes diferenças do número de vítimas”, disse, em comunicado, o porta-voz da ACNUDH, Rupert Colville.

Em comunicado divulgado na noite de sexta-feira pela Angop, o Governo de Angola considera que que estas declarações “não são sustentadas por quaisquer provas” e que “foram amparadas por falsas declarações prestadas por elementos tendenciosos e absolutamente irresponsáveis, com a intenção de difamar não só as instituições angolanas, mas também todos os seus cidadãos”.

Pelo menos duas forças políticas da oposição estiveram na zona dos confrontos, ocorridos a 16 de Abril no município da Caála, e relataram publicamente um cenário de “massacre”, apontando entre “centenas” e mais de 1.000, o número de vítimas mortais entre os seguidores da seita, ilegal em Angola.

“Consideramos difícil de acreditar que tenham sido mortas e enterradas mais de 1.000 pessoas durante uma noite, sem deixar vestígios, por um efectivo de menos de 50 homens”, afirma o Governo, recordando que o líder da seita está detido e que o caso está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República.

No comunicado anterior, aquele organismo da ONU mostra-se preocupado com a posição do Estado angolano sobre aquela confissão religiosa e criticando a actuação dos media estatais que condenaram “violentamente” a seita, pedindo “um inquérito verdadeiro e independente, com uma rigorosa investigação” que faça um “balanço correcto do número de vítimas”.

“Percebemos que alguns dos membros da seita e seus familiares permanecem escondidos com medo de mais violência”, salientou o porta-voz ACNUDH.

Nesta resposta, o Governo de José Eduardo dos Santos “lamenta que o Alto Comissariado tenha ignorado deliberadamente as violações aos Direitos da Criança, em particular, e aos Direitos Humanos em geral, perpetrados pela referida seita”, numa alusão às práticas desta igreja, que travava a escolarização e vacinação dos fiéis, advogando o fim do mundo em 2015.

“Deste modo, o Governo Angolano, em nome de todos os seus cidadãos, insta o Alto Comissariado das Nações Unidas a apresentar provas das suas declarações ou que se retrate imediatamente apresentando um pedido oficial de desculpas”, remata a notícia, citando o comunicado oficial.

Lusa, em Rede Angola

Sem comentários:

Mais lidas da semana