Investigação
da Greenpeace revela importação irregular de madeira da República Democrática
do Congo.
A
denúncia é das organizações ambientalistas Greenpeace e Quercus: Portugal é a
segunda maior porta de entrada de madeira de origem duvidosa ou alegadamente
ilegal no mercado europeu.
Grande
parte das exportações têm como destino o porto de Leixões, no norte do
país, por onde já passaram 3210 toneladas de madeiras oriundas da República
Democrática do Congo. A madeira é movimentada pela Cotrefor, empresa de
origem libanesa, investigada nos últimos dois anos pela Greenpeace.
“O
resultado desta investigação revela um registo chocante de tratamento
inadequado dos seus empregados, impostos não pagos, irregularidades
operacionais no que toca ao abate de árvores e à ultrapassagem das quotas de
espécies protegidas”, disse a organização em comunicado, citado hoje pelo Público.
A
investigação da Greenpeace, que contou com a colaboração da Quercus, seguiu a
trajectória da madeira exportada pela Cotrefor, cujos registos apontam para a
entrada em vários países, destacando-se dois: Portugal, com 3210 toneladas, e
França, com 3256.
“Está
claro que alguns agentes importadores de madeira portugueses continuam sem
avaliar correctamente os riscos de comprar madeira legal”, concluiu Domingos
Patacho, da Quercus, falando à Rádio Renascença.
Desde
2013 que a União Europeia proíbe a comercialização de madeira ilegal e produtos
derivados em mercado europeu, sem grandes efeitos, como comprovam investigações
recentes de associações ambientalistas. A ineficácia da regulamentação é
um problema apontado a ambos os lados.
“O
tipo de operações florestais da empresa Cotrefor são indicativas do caos
absoluto em que vive o sector madeireiro na República Democrática do Congo,
onde a governação é muito débil e a corrupção compromete a protecção das
florestas tropicais”, acrescentou Domingos Patacho.
O
relatório da Greenpeace chama à atenção para o perigo da desflorestação do
habitat dos bonobos ou chimpanzés-pigmeus, espécie de símio encontrada apenas
naquele país africano.
A
RD Congo acolhe a maior mancha de floresta húmida de África, casa para animais
ameaçados como o elefante ou o bonobo.
Rede
Angola (ao)
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