quarta-feira, 27 de maio de 2015

PORTUGAL É PORTA DE ENTRADA DE MADEIRA ILEGAL AFRICANA



Investigação da Greenpeace revela importação irregular de madeira da República Democrática do Congo.

A denúncia é das organizações ambientalistas Greenpeace e Quercus: Portugal é a segunda maior porta de entrada de madeira de origem duvidosa ou alegadamente ilegal no mercado europeu.

Grande parte das exportações têm como destino o porto de Leixões, no norte do país, por onde já passaram 3210 toneladas de madeiras oriundas da República Democrática do Congo. A madeira é movimentada pela Cotrefor, empresa de origem libanesa, investigada nos últimos dois anos pela Greenpeace.

“O resultado desta investigação revela um registo chocante de tratamento inadequado dos seus empregados, impostos não pagos, irregularidades operacionais no que toca ao abate de árvores e à ultrapassagem das quotas de espécies protegidas”, disse a organização em comunicado, citado hoje pelo Público.

A investigação da Greenpeace, que contou com a colaboração da Quercus, seguiu a trajectória da madeira exportada pela Cotrefor, cujos registos apontam para a entrada em vários países, destacando-se dois: Portugal, com 3210 toneladas, e França, com 3256.

“Está claro que alguns agentes importadores de madeira portugueses continuam sem avaliar correctamente os riscos de comprar madeira legal”, concluiu Domingos Patacho, da Quercus, falando à Rádio Renascença.

Desde 2013 que a União Europeia proíbe a comercialização de madeira ilegal e produtos derivados em mercado europeu, sem grandes efeitos, como comprovam investigações recentes de associações ambientalistas. A ineficácia da regulamentação é um problema apontado a ambos os lados.

“O tipo de operações florestais da empresa Cotrefor são indicativas do caos absoluto em que vive o sector madeireiro na República Democrática do Congo, onde a governação é muito débil e a corrupção compromete a protecção das florestas tropicais”, acrescentou Domingos Patacho.

O relatório da Greenpeace chama à atenção para o perigo da desflorestação do habitat dos bonobos ou chimpanzés-pigmeus, espécie de símio encontrada apenas naquele país africano.

A RD Congo acolhe a maior mancha de floresta húmida de África, casa para animais ameaçados como o elefante ou o bonobo.

Rede Angola (ao)

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