O
secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou hoje o Governo de querer
"estoirar" com o património público empresarial em Portugal,
referindo que "a raiz do problema" da TAP é o executivo
"insistir em privatizar" a empresa.
O
executivo PSD/CDS-PP "volta a insistir nessa privatização por razões que
não têm a ver com razões económicas", mas "fundamentalmente com uma
opção de fundo do Governo de estoirar com tudo aquilo que é património público
empresarial em Portugal", disse Jerónimo de Sousa aos jornalistas, durante
uma visita à feira Ovibeja, em Beja.
A
propósito da greve de 10 dias dos pilotos da empresa, que começa às 00:00 de 01
de maio, "independentemente do juízo crítico que possa ser feito, tendo em
conta algumas questões que são reivindicadas, designadamente no caso de
privatização poder haver uma parcela para os pilotos, gostaria de sublinhar que
o problema e a causa funda que neste momento existe na TAP tem a ver com a
privatização", frisou.
"Podemos
fazer o enfoque em relação à greve dos pilotos, podemos questionar e até fazer
esse reparo crítico em relação a alguns objetivos que defendem, mas a questão
de fundo é esta: se se resolvessem os problemas dos pilotos, o Governo abdicava
de privatizar a TAP?", questionou.
Segundo
Jerónimo de Sousa, "a questão central, a raiz do problema continua a ser
este objetivo de privatização", com o qual o PCP discorda
"profundamente" e é o que "leva a que os trabalhadores,
preocupados com o seu futuro, reajam".
"Há
uma verdade muito linear: O Governo quer simplesmente entregar a TAP a grupos
económicos e financeiros, particularmente estrangeiros. Acabe-se com esse
objetivo de privatizar a TAP, mantendo-a como uma empresa de bandeira, nacional
e o conflito resolve-se. Não se admite que se esteja a financiar as empresas
'low-cost' e não haja possibilidades de financiar a TAP", defendeu,
referindo que "considerar que não deve haver nenhum investimento na TAP é
uma forma de tentar matar" a empresa, "mas pela chantagem, pela
ameaça".
Para
Jerónimo de Sousa, "fala-se dos prejuízos que resultam da greve",
mas, "no verão passado, por atos errados de gestão, foram canceladas
centenas de voos, com atrasos significativos".
"Alguma
vez ouviram o Governo ameaçar que despedia o conselho de administração? Não.
Nem piou", acusou, referindo tratar-se de uma "demonstração de dois pesos
e duas medidas".
Os
pilotos da TAP marcaram uma greve, entre 01 e 10 de maio, por considerarem que
o Governo não está a cumprir o acordo assinado em dezembro de 2014, nem um
outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação no capital
da empresa no âmbito da privatização.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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