terça-feira, 23 de junho de 2015

Afonso Dhlakama admite ter ordenado emboscada contra exército moçambicano




O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, admitiu hoje ter autorizado uma emboscada às Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, em Tete, centro do país, para evitar uma nova movimentação das suas tropas e pede uma comissão de inquérito parlamentar.

Em declarações à Lusa na cidade da Beira, Afonso Dhlakama, líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), disse que a emboscada ocorreu a 14 de junho, a três quilómetros da base de Mucombeze (Moatize, Tete), que reagrupa o braço militar do partido, e avançou que dos confrontos resultaram 45 mortos do lado das forças de defesa e segurança e nenhum do seu, contrariando dados da polícia que referem apenas um morto e um ferido.

"Não posso esconder, dei ordens", declarou Afonso Dhlakama, acrescentando que a sua força se apercebeu da presença das tropas do Governo a quase cinco quilómetros da base.

"O comandante perguntou 'mais uma vez temos de mudar a base porque esses vêm nos atacar?' Eu disse que não, vão ao encontro deles", disse o líder da Renamo, reconstituindo a conversa com o responsável militar da base da Renamo, que alegadamente já tinha mudado três vezes de local para evitar confrontações, e precisando que os combates ocorreram a três quilómetros da unidade.

Afonso Dhlakama propõe a criação de uma comissão de inquérito, constituída pela presidente da Assembleia da República e as chefes das bancadas da Renamo e da maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), para apurar as reais causas do confronto.

O líder da Renamo disse que o braço militar do maior partido da oposição sofreu cinco ataques na semana passada, dois em Funhalouro (Inhambane) e em Guijá e Dindisa (Gaza), no sul do país, sem vítimas, e o quinto em Mucombeze, distrito de Moatize (Tete).

A polícia moçambicana descreveu que dois camiões transportando militares e um veículo Land Cruiser equipado com uma metralhadora foram atacados por homens armados, quando estavam envolvidos na operação de abastecimento das posições governamentais, com a morte de um agente e ferimentos noutro.

Na semana passada, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, chamou os jornalistas para denunciar um ataque a posições da Renamo em Tete, mas afinal, segundo Dhlakama, a ordem partiu dele.

O líder do maior partido de oposição voltou a avisar que a sua "paciência está a esgotar-se", devido ao que considera frequentes provocações e ataques militares, e acusou o Governo de manter o país na "incerteza".

Entretanto, ameaça retaliar a qualquer ataque governamental a partir de hoje, assegurando que tem aumentado a "pressão e preocupação" dos seus comandos militares para responder a eventuais ofensivas.

"Eu sou um homem da paz, lutei pela democracia, continuo a lutar e não quero afugentar os investimentos nacionais e internacionais, nem assustar as populações, mas estou cansado das brincadeiras da Frelimo", declarou Afonso Dhlakama.

A Renamo não reconhece os resultados das últimas eleições gerais e exige a criação de autarquias províncias em todo o país e gerir as seis regiões onde reclama vitória eleitoral, sob ameaça de tomar o poder à força.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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