quinta-feira, 2 de julho de 2015

Moçambique. RENAMO DEFENDE MÃO DURA PARA ABATE ILEGAL DE FLORESTA




O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, defende "mão dura" para o abate ilegal de florestas em Moçambique e desafia o Governo a aplicar a legislação em benefício da população.

"Não vamos tolerar o abate ilegal de madeira e seremos rigorosos na fiscalização das concessões", afirmou Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição em Moçambique, sobre a sua expetativa em governar em seis províncias do país.

O líder da Renamo falava na quarta-feira na Beira, centro de Moçambique, no fim de uma ação de capacitação dos quadros do partido, no âmbito do projeto do partido de criação de províncias autónomas.

Para Afonso Dhlakama, a maioria das empresas madeireiras não cumpre com a legislação em prejuízo das comunidades, que além de não receberem as quotas fiscais de 20% das explorações, continuam sem escolas, água e hospitais.

Segundo o presidente da Renamo, em várias zonas de intensa atividade deste negócio, nas províncias de Tete, Manica, Sofala e Zambézia (centro) e Nampula e Niassa (norte), não há repovoamento das florestas.

"Desafio a governadora de Sofala a ir verificar as áreas concessionadas, que estão a ficar carecas. Os madeireiros não estão a plantar nas áreas abatidas. Não há escolas, carteiras, água nem estradas", disse Afonso Dhlakama, ele próprio madeireiro, com grandes concessões em Caia, norte de Sofala, uma região do seu domínio durante a guerra civil em Moçambique.

Afonso Dhlakama disse que a sua empresa tem feito operações legais e vem cumprindo com a legislação, tendo construído salas de aula, equipadas com carteiras, e aberto furos de água, como responsabilidade social, além de aplicar a política de plantar três árvores por cada uma que corta.

Moçambique aprovou, em maio de 2010, uma legislação que baniu a exportação de madeira em toro e sem processamento, sobretudo sete espécies de primeira qualidade, nomeadamente chanfuta, jambirre, umbila, pau-ferro, mecrusse (cimbirre), panga-panga e mondzo.

Um relatório, de 2013, da Agência de Investigação Ambiental, organização não-governamental do Reino Unido, aponta que "entre 80% e 90% das árvores derrubadas em Moçambique têm como destino final a China".

"Nestas províncias vamos cancelar todas as licenças de exploração até agora emitidas para restruturar o setor florestal e passar controlar o abate indiscriminado de madeira", concluiu o líder da Renamo.

A Renamo contesta o resultado das últimas eleições gerais e propõe a criação de autarquias à escala provincial em todo o país, mas pretende governar com efeitos imediatos as seis regiões onde reivindica vitória eleitoral.

O projeto das autarquias provinciais foi chumbado no parlamento pela maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), mas Afonso Dhlakama já declarou que este modelo de governação vai avançar "a bem ou a mal".

Segundo o semanário Savana, suspeitas de corrupção na indústria madeireira levaram a governadora de Sofala, Helena Taipo, a estabelecer uma moratória ao período de início de exploração, previsto para abril, mas no final de maio acabou por reconhecer que as contas das empresas estavam corretas e que a percentagem devida às comunidades estava a ser paga.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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