O
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, defende "mão dura" para o abate
ilegal de florestas em Moçambique e desafia o Governo a aplicar a legislação em
benefício da população.
"Não
vamos tolerar o abate ilegal de madeira e seremos rigorosos na fiscalização das
concessões", afirmou Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição em Moçambique, sobre a sua
expetativa em governar em seis províncias do país.
O
líder da Renamo falava na quarta-feira na Beira, centro de Moçambique, no fim
de uma ação de capacitação dos quadros do partido, no âmbito do projeto do
partido de criação de províncias autónomas.
Para
Afonso Dhlakama, a maioria das empresas madeireiras não cumpre com a legislação
em prejuízo das comunidades, que além de não receberem as quotas fiscais de 20%
das explorações, continuam sem escolas, água e hospitais.
Segundo
o presidente da Renamo, em várias zonas de intensa atividade deste negócio, nas
províncias de Tete, Manica, Sofala e Zambézia (centro) e Nampula e Niassa
(norte), não há repovoamento das florestas.
"Desafio
a governadora de Sofala a ir verificar as áreas concessionadas, que estão a
ficar carecas. Os madeireiros não estão a plantar nas áreas abatidas. Não há
escolas, carteiras, água nem estradas", disse Afonso Dhlakama, ele próprio
madeireiro, com grandes concessões em Caia, norte de Sofala, uma região do seu
domínio durante a guerra civil em Moçambique.
Afonso
Dhlakama disse que a sua empresa tem feito operações legais e vem cumprindo com
a legislação, tendo construído salas de aula, equipadas com carteiras, e aberto
furos de água, como responsabilidade social, além de aplicar a política de
plantar três árvores por cada uma que corta.
Moçambique
aprovou, em maio de 2010, uma legislação que baniu a exportação de madeira em
toro e sem processamento, sobretudo sete espécies de primeira qualidade,
nomeadamente chanfuta, jambirre, umbila, pau-ferro, mecrusse (cimbirre),
panga-panga e mondzo.
Um
relatório, de 2013, da Agência de Investigação Ambiental, organização
não-governamental do Reino Unido, aponta que "entre 80% e 90% das árvores
derrubadas em Moçambique têm como destino final a China".
"Nestas
províncias vamos cancelar todas as licenças de exploração até agora emitidas
para restruturar o setor florestal e passar controlar o abate indiscriminado de
madeira", concluiu o líder da Renamo.
A
Renamo contesta o resultado das últimas eleições gerais e propõe a criação de
autarquias à escala provincial em todo o país, mas pretende governar com
efeitos imediatos as seis regiões onde reivindica vitória eleitoral.
O
projeto das autarquias provinciais foi chumbado no parlamento pela maioria da
Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), mas Afonso Dhlakama já declarou
que este modelo de governação vai avançar "a bem ou a mal".
Segundo
o semanário Savana, suspeitas de corrupção na indústria madeireira levaram a
governadora de Sofala, Helena Taipo, a estabelecer uma moratória ao período de
início de exploração, previsto para abril, mas no final de maio acabou por
reconhecer que as contas das empresas estavam corretas e que a percentagem
devida às comunidades estava a ser paga.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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