Martinho Júnior, Luanda
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– A Federação Russa perdeu uma parte enorme de potencial militar em relação ao
que foi a URSS, mas possui uma base científica-tecnológica capaz de superar os
desafios e os obstáculos contemporâneos.
Sendo
o maior país em extensão da Terra e o único com território em dois continentes
(a Europa e a Ásia), a Federação Russa adopta uma doutrina defensiva e ao mesmo
tempo dissuasora e por isso capaz de contra golpes.
A
Rússia assestou contra golpes limitados em conflitos fronteiriços, ou próximos,
como nos casos da Chechénia, da Geórgia, ou da Ucrânia, assim como garantiu
capacidade de defesa à Síria no Mediterrâneo Oriental, de forma a
simultaneamente alargar a malha de cobertura da sua frota do Mar Negro.
A
Federação Russa é a potência que mais tanques possui, algo que tem a ver com as
preocupações de cobertura de sua enorme extensão territorial, estando agora a
introduzir novas e vantajosas tecnologias ao nível dos seus corpos de tanques,
de blindados, de artilharia e de agrupamentos de mísseis.
A
Rússia tem feito um aproveitamento das técnicas militares que tiveram seu curso
durante o período de “Guerra Fria”, introduzindo tecnologias avançadas,
algo que pode ser constatado nos vários ramos das suas Forças Armadas.
A
Rússia possui poucas bases “ultramarinas” e nas suas fronteiras
marítimas domina no Árctico, mantém uma força notável em relação ao Pacífico e
sistemas defensivos em profundidade nos circuitos fechados do Báltico e do Mar
Negro.
Sentindo
a necessidade de dissuasão por via de contra golpes, a Federação Russa possui
vantagens no número de ogivas nucleares e começa a estabelecer pontos de apoio
a partir de alianças, inclusive fora da Euro-Ásia (caso da Venezuela, na
América do Sul).
Em
relação aos componentes dos BRICS, a Rússia é o principal fornecedor de
armamento em relação à China e à Índia, em todas as componentes das respectivas
forças armadas, podendo em breve vir a ser o principal fornecedor do Brasil.
A
manobra militar russa ocorre no hemisfério norte e é muito rarefeita no
hemisfério sul.
A
poderosa frota do Norte serve de pontual reforço sempre que a Federação acha
necessário, quer às frotas que cobrem o Atlântico (Báltico e Mar Negro), quer à
frota do Pacífico.
Conforme
escrevi em “Verão quente no leste da Europa”:
… “O
facto da Federação Russa recorrer à memória histórica e épica da URSS na IIª
Guerra Mundial, tem muito mais a ver com a mobilização para a resistência hoje,
de forma a garantir a inviolabilidade da Federação Russa, do que com qualquer
nostalgia dessa época, ou uma referência consistente ao socialismo de então!
O
governo do tandem Putin-Medvedev é obrigado a enveredar por uma doutrina
nacionalista com recurso a essa memória histórica, capaz de garantir o máximo
de homogeneidade no imenso espaço euro-asiático da Federação Russa e os
desfiles comemorativos do 70º aniversário da vitória sobre a Alemanha Nazi, são
disso testemunho”…
É
evidente que, com uma economia de mercado e vivendo o impacto de ideologias
indexadas ao capitalismo, a Rússia, como os outros BRICS, é forçada à
associação multipolar, onde encontra espaço para suas doutrinas de resistência
à hegemonia unipolar.
É
evidente também, perante um processo dialéctico desta natureza, que o anátema
feudal acaba por se fazer sentir também na Rússia e, prova disso, é
o papel que está agora reservado à igreja ortodoxa, como factor que contribui
para a coesão promotora da Federação Russa, face aos riscos de implosão.
Esse
tipo de alianças, seriam impossíveis nos termos em que se regia a URSS e os
países socialistas que compunham o Pacto de Varsóvia, pelo que na corrente
guerra psicológica, o “conflito de civilizações” introduzido pela
doutrina Bush, não perde de vista os factores religiosos e étnicos.
À
dialéctica da “Guerra Fria”, entre o campo capitalista e o socialista, o
anátema feudal teve e tem tudo a ganhar, pelo tipo de contradições que estão a
ser geradas!
*Mapa
do cerco militar levado a cabo pelos Estados Unidos e seus aliados-vassalos à
Rússia (clicar para ampliar)
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