quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Guiné-Bissau. OBVIAMENTE QUE O PR DEMITIA O GOVERNO, MAIS CEDO QUE TARDE




O presidente da Guiné-Bissau demitiu o governo. Já se estava à espera que assim acontecesse. A instabilidade que pode causar é inimaginável. Um governo com todo o apoio internacional e dos próprios guineenses – o mais importante – que foi eleito há pouco mais de um ano e que José Mário Vaz, o presidente da República, tem vindo a tudo fazer ao longo desse período para o demitir sem justa causa, não deixa construir perspetivas risonhas para o país e para os guineenses que se estavam a sentir realmente a iniciar um tempo de estabilidade e de desenvolvimento democrático, económico e social.

A seguir pode desfrutar de algumas das notícias de autoria da Agência Lusa e que retirámos de Notícias ao Minuto. São notícias de ontem e de hoje que não queremos deixar de fazer constar no Página Global. Neste período de veraneio temos reduzido bastante as nossas publicações mas na verdade a Guiné-Bissau merece a nossa especial atenção neste seu novo ato de “acarinhar” a instabilidade, sendo que desta vez o detentor dos “carinhos” é o presidente da República. Que quererá ele, Mário Vaz, para a Guiné-Bissau? Um novo entreposto de traficantes? Mais miséria prolongada para os guineenses? O tempo e os acontecimentos que se seguirem deverão revelar quais os objetivos daquele presidente, Mário Vaz.

Ficámos a saber que as reações em Timor-Leste, sobre a demissão do governo de Domingos Simões Pereira, são de desagrado. Ramos-Horta e Mari Alkatiri já se pronunciaram. Isto apesar de atualidade em TimorLeste também andar muito conturbada e cheia de “rabos de palha made in Xanana Gusmão".

A seguir, fiquem com as notícias da Agência Lusa, como referimos.

Redação PG

Ban Ki-moon tenta pessoalmente evitar instabilidade na Guiné

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, envolveu-se pessoalmente nos esforços para evitar um novo episódio de instabilidade politica na Guiné-Bissau, anunciou a comunidade internacional no país, em comunicado.

Os representantes dos parceiros externos da Guiné-Bissau reconhecem "o envolvimento pessoal do secretário-geral das Nações Unidas, bem como os esforços feitos por outros parceiros de forma individual e coletiva", refere-se no documento divulgado na última noite.

A situação no país lusófono vai estar em debate numa reunião do Conselho de Segurança da ONU agendada para dia 28 de agosto, disse à Lusa fonte das Nações Unidas.

No comunicado são igualmente enaltecidas as iniciativas regionais do presidente do Senegal, Macky Sall (presidente da autoridade da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e da União Africana.

"Os representantes da comunidade internacional juntam as suas vozes às de todos os outros que clamam e apelam ao diálogo como único meio para uma solução durável de qualquer diferendo político", lê-se.

O documento resulta de uma reunião realizada na segunda-feira, em Bissau.

Nesse encontro, a comunidade internacional reiterou a disponibilidade para financiar a Guiné-Bissau, tal como anunciou na mesa redonda de doadores realizada em março, com intenções de apoio de mil milhões de euros, mas refere que só a estabilidade permitirá aplicar os planos de desenvolvimento.

A tensão cresceu na última semana depois de veiculada a possibilidade de José Mário Vaz demitir o Governo, alegadamente por causa de dificuldades de relacionamento com o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, e por discordar de algumas medidas do Executivo.

O primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, fez uma declaração ao país em que acusou Vaz de pretender derrubar o Governo e cujo teor a Presidência considerou "calunioso e ofensivo".

O chefe de Estado anunciou no domingo que em breve faria uma declaração ao país, mas a comunicação ainda não tem data nem hora marcada.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Situação política levou presidente a mudar de ideias

O Presidente da Guiné-Bissau que em julho foi ao Parlamento dizer que não pretendia derrubar o Governo, mudou de ideias depois de o primeiro-ministro "desdenhar" daquele discurso e querer manter em funções governantes a contas com a justiça.

Numa declaração à nação feita na última noite, antes de demitir o governo, José Mário Vaz referiu que "logo no dia seguinte" à sua intervenção na Assembleia, a 03 de julho, o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira "entendeu oportuno desdenhar do espírito reconciliador e apaziguador" com que o Presidente diz ter discursado.

A juntar a isto, a "remodelação profunda" do Governo, que Vaz apontava como uma possível solução para a crise de relacionamento entre ambos (que se agravava praticamente desde o início dos mandatos, há um ano), encalhou nos membros sob suspeita.

Ou o primeiro-ministro ou o Procurador-Geral da República, um dos dois "está a faltar a verdade" sobre o número de pessoas alvo de processo judiciais, referiu o chefe de Estado, que diz serem mais que as quatro pessoas que Simões Pereira lhe apontou.

"Não estava em condições de viabilizar a proposta de remodelação", acrescentou o chefe de Estado, que disse ter transmitido essa preocupação ao presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá.

O conteúdo dessa reunião foi alegadamente deturpado e revelado por Cassamá a 05 de agosto, dizendo que o Governo estava em perigo - gerando o debate público dentro e fora do país sobre a possibilidade de José Mário Vaz atirar o país para a instabilidade sem razões plausíveis.

"Como diz o ditado: uma pequena mentira, repetida mil vezes, transforma-se em grande verdade", referiu o Presidente da Guiné-Bissau.

"A conduta do presidente da Assembleia Nacional Popular é de uma irresponsabilidade sem precedentes na história da nossa democracia e das instituições do Estado", acrescentou.

Vaz lamenta ainda que Simões Pereira se tenha baseado naquela "pequena mentira" para acusar o chefe de Estado de tentar deliberadamente provocar uma crise para destituir o Governo.

"Esta crise revelou que vivíamos numa hipocrisia institucional com a qual não consigo coabitar. Não é intelectualmente honesto fingir não existir uma crise política", referiu, ao apontar para o desfecho - a demissão do Executivo.

Dentro e fora da Guiné-Bissau, ao longo da última semana, todas as forças políticas e entidades pediram estabilidade política, mas o Presidente José Mário Vaz considera que "todo este alarido visa, por um lado, desviar a atenção e manipular a opinião dos guineenses face à real situação difícil e incomportável" que o povo suporta "e, por outro, distrair o poder judicial".

"Para além da grave crise política suscetível de pôr em causa o regular funcionamento das instituições, no âmbito económico a situação é muito preocupante porque pouco ou nada se fez durante o primeiro ano de mandato", acrescentou no discurso ao país feito na última noite.

"Sempre que se fala neste sentido, evoca-se o pagamento de salários e o fornecimento regular de corrente elétrica", mas "o país não vive apenas com a satisfação destas duas necessidades".

José Mário Vaz negou ainda "qualquer intenção de ter uma participação ativa nas gestão dos fundos da mesa redonda de doadores", realizada em março, em Bruxelas, em que a comunidade internacional anunciou mil milhões de intenções de apoio aos projetos das novas autoridades.

Remeteu ainda para discussão no Conselho Superior de Defesa Nacional o apuramento de "todas as responsabilidades" acerca do regresso do contra-almirante guineense Zamora Induta ao país - que aponta como "matéria de natureza de segurança interna" sobre a qual o Governo falhou em informá-lo.

O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu na quarta-feira o Governo liderado por Domingos Simões Pereira através de decreto presidencial.

A decisão foi divulgada pela rádio pública da Guiné-Bissau às 23:10 (00:10 em Lisboa) duas horas e meia depois de o chefe de Estado ter feito um discurso à nação em que referiu que uma remodelação governamental não chegava para resolver a crise política no país.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Crise política não afeta madrugada tranquila no centro da capital

A crise política, com o Presidente da República da Guiné-Bissau a demitir o Governo, não afetou a tranquilidade da madrugada no centro da capital, constatou a agência Lusa.

Em plena época das chuvas, as principais ruas que ligam à zona do Palácio da Presidência e à Praça dos Heróis Nacionais, logo em frente, estão desertas e sem trânsito.

Nalguns dias da última semana, diversas manifestações pacíficas têm juntado a população naquela praça (onde fica também a sede do PAIGC) para pedir estabilidade política para o país.

Por outro lado, o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general Biaguê Nan Tan, garantiu na segunda-feira que os militares vão continuar afastados da atual tensão política no país.

O general assegurou que, além de se afastarem dos assuntos políticos, os militares vão igualmente manter distância em relação a qualquer situação que possa pôr em causa a estabilidade do país.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Ramos-Horta "consternado" quer que Timor congele apoio a Bissau

O ex-Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, manifestou-se hoje "consternado" com a decisão do chefe de Estado guineense demitir o Governo, defendendo que Timor-Leste deve congelar de imediato a cooperação com a Guiné-Bissau.

"A decisão não me surpreendeu mas não deixo de ficar consternado perante a total incapacidade da liderança guineense de superar as diferenças políticas e sociais, fazendo o país recuar de novo, face aos progressos registados nos últimos 12 meses", disse à Lusa em Díli.

Ramos-Horta reagia à decisão do Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitir o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, segundo um decreto presidencial lido às 23:10 de quarta-feira (00:10 em Lisboa) na Rádio Difusão Nacional.

"É demitido o Governo chefiado por Domingos Simões Pereira", refere-se no único artigo do decreto presidencial.

A decisão foi divulgada pela rádio pública da Guiné-Bissau duas horas e meia depois de o chefe de Estado ter feito um discurso à nação, no qual referiu que uma remodelação governamental não chegava para resolver a crise política no país.

Para Ramos-Horta "se há um país em que não há razão para mudança de um Governo, a Guiné-Bissau é um exemplo", já que "tem havido progressos visíveis no plano social e económico, no ambiente político geral, no plano de segurança e no apoio internacional".

"Não me parece que países como Timor-Leste devam continuar a manter o mesmo nível de relacionamento com a Guiné-Bissau face a esta nova situação", disse Horta, que é enviado especial do presidente da República de Timor-Leste para a Guiné-Bissau e Guiné Equatorial.

"Como timorense tenho que aconselhar o Governo de Timor-Leste, como mínimo, a congelar de imediato a sua cooperação com a Guiné-Bissau até que o Presidente e o Governo reúnam para tomar medidas definitivas", afirmou.

José Ramos-Horta mostrou-se preocupado que a situação se agrave significativamente no plano interno, notando que o primeiro-ministro demitido "goza de grande legitimidade, sobretudo da camada jovem da população, pelos progressos havidos nos últimos 12 meses da sua governação".

"O país pode ficar cronicamente instável e isso significa afugentar os parceiros e investidores. E não sabemos o dia de amanhã, as próximas semanas e meses, como será o futuro agora da Guiné-Bissau", disse.

Lusa, em Notícias ao Minuto

"Demitir o Governo só descredibiliza o país internacionalmente"

Mari Alkatiri considerou hoje que a decisão do Presidente da República da Guiné-Bissau demitir o Governo só descredibiliza o país num momento em que ainda estava a procurar recuperar essa credibilidade.

"Qualquer estadista, num momento de desenvolvimento, de criação do Estado, deve saber sempre encontrar soluções por via do diálogo", disse em entrevista à Lusa.

"Demitir um Governo eleito depois de pouco mais de um ano de governação, ainda com o país a procurar credibilidade internacional, só descredibiliza, ajuda a descredibilizar o país", disse.

Alkatiri, um dos líderes timorenses que se envolveu diretamente no apoio de Timor-Leste à Guiné-Bissau antes das últimas eleições legislativas e presidenciais no país, considera que independentemente das razões do chefe de Estado, nenhuma é maior que a necessidade do Estado reentrar plenamente na comunidade internacional.

"O Presidente da República tem naturalmente as suas razões, mas não há nenhuma razão que supere a necessidade do próprio Estado afirmar-se, nenhuma razão que possa por em causa a necessidade do Estado afirmar-se com credibilidade a nível internacional", disse.

Alkatiri apelou diretamente "às forças de defesa e segurança" para "que se coloquem à margem disto e que procurem intervir para trazer de novo os políticos à mesa".

Mari Alkatiri comentava a decisão do Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitir o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, segundo um decreto presidencial lido às 23:10 de quarta-feira (00:10 em Lisboa) na Rádio Difusão Nacional.

Timor-Leste foi um dos países que mais se envolveu no apoio à Guiné-Bissau depois do último golpe de Estado, tendo canalizado mais de 10 milhões de dólares para o processo eleitoral e para apoio ao executivo.

Os principais líderes timorenses envolveram-se pessoalmente no processo com figuras como Xanana Gusmão, Mari Alkatiri e José Ramos-Horta a intervirem diretamente.

"Para nós é ainda mais chocante porque acreditamos que tudo iria mudar. Não pela nossa intervenção mas porque a população estava a viver com muito entusiamo essas mudanças", disse Mari Alkatiri.

"O facto de termos conseguido em conjunto com os guineenses, iniciar o processo de profissionalização das formas armadas e de segurança, já é um dado muito importante para a estabilização do país", afirmou.

Mari Alkatiri critica o facto de terem sido "políticos a tomar decisões desta forma", afirmando que deveria ter sido procurado uma solução de diálogo, e recordou as "lições" que Timor-Leste aprendeu depois das suas próprias convulsões internas, nomeadamente em 2006.

"Em Timor-Leste num curto espaço de tempo, passámos por experiências amargas em 2006. Mas aprendemos rapidamente a ultrapassar esta crise de querer o poder a todo o custo e passar a assumir uma postura de que o estado ainda está em construção e de que para se construir precisa de todos", disse.

Lusa, em Notícias ao Minuto

José Mário Vaz diz que remodelação não chega para resolver crise

O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, anunciou hoje, num discurso à nação, que uma remodelação governamental não chega para resolver a crise política no país.

Na intervenção de cerca de 40 minutos lida aos jornalistas no Palácio da Presidência, pelas 20:00 (21:00 em Lisboa), o chefe de Estado não revelou se vai ou não destituir o Governo, mas manteve essa possibilidade.

"Mesmo que todos os membros do Governo fossem substituídos", numa remodelação, "a grave crise política que põe em causa o regular funcionamento das instituições não seria provavelmente ultrapassada, na medida em que a questão substantiva é a quebra mútua da relação de confiança com o próprio primeiro-ministro", referiu.

Desta forma, José Mário Vaz referiu que é ao PAIGC, que venceu as eleições de 2014, "que pertence o direito de governar, não podendo esse direito ser pessoalizado ou privatizado por um grupo de interesses instalado no seio do partido".

O Presidente da República acusou esse grupo de "ameaçar a paz social" e "ameaçar fazer o país mergulhar num caos e conduzi-lo a uma guerra civil, caso as instituições do Estado não se declinem perante a pessoa do primeiro-ministro".

"Se o custo da estabilidade governativa é a corrupção, o nepotismo, o peculato, saibam que considero esse custo demasiado elevado para ser pago", referiu.

Entre outros aspetos da governação, o Presidente questionou o destino de 85 milhões de euros detetados no saldo das operações financeiras do Estado nos últimos 12 meses.

"Em que é que foi gasto todo esse saldo", perguntou.

O chefe de Estado lamentou ainda nunca terem sido ouvidas as suas inquietações acerca de questões de "segurança nacional e gestão transparente da coisa pública".

Vaz condenou os excessos de linguagem da última semana por parte do presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, que acusa de ter deturpado uma conversa que ambos mantiveram, numa altura em que estavam em cima da mesa outras opções sem ser a queda do Governo.

Igualmente lamentou a imprudência do primeiro-ministro quando, de seguida, acusou o Presidente de querer derrubar o Governo, sem contactar o chefe de Estado.

Estas e outras declarações criaram "uma escalada de excesso de linguagem" e fizeram com que "as condições de normal funcionamento das instituições, já de si difíceis, se tornassem "praticamente impossíveis".

José Mário Vaz disse ainda acreditar que "a comunidade internacional vai continuar ao lado do Estado guineense, das suas instituições e do seu povo, sempre que as decisões de soberania sejam conformes à Constituição".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Sem comentários:

Mais lidas da semana