Rui
Sá – Jornal de Notícias, opinião
Esta
semana, aqui no JN, Manuel Teixeira decidiu escrever dois artigos para
enaltecer Rui Rio. Normal, até porque M. Teixeira foi, durante cerca de 10
anos, o todo-poderoso chefe de gabinete de Rui Rio na Câmara Municipal do
Porto.
M.
Teixeira procura matar dois coelhos com uma cajadada: manter Rio na
"crista da onda", procurando minimizar o facto de este, preso nas
suas habituais hesitações e contradições, ainda não ter apresentado formalmente
a sua candidatura à Presidência da República; e tecer mais umas odes aos
"talentos" do seu "ex-patrão"...
Em
particular, M. Teixeira procura fazer-nos crer que Rio (à falta de melhor...)
criou uma nova definição no léxico político nacional: o do
"principado" que mais não é do que uma variação sobre a
"corte", ou seja, todos aqueles que se movimentam na área do poder
(no caso, lisboeta). E isto dá-me vontade de rir porque M. Teixeira foi um dos
artífices e uma espécie de cardeal de Richelieu da "corte" que, no
Porto, se criou em torno de Rio, e que, em grande parte, recebeu como prémio a
colocação em lugares da administração pública municipal. E que, adaptando a sua
própria definição, mais não é do que "aquele pequeno universo de algumas centenas
de pessoas que, aconchegadas num microcosmos acantonado nos paços do concelho,
se assumem como os genuínos intérpretes e decisores da vida local. Muitos deles
nem sequer são naturais do Porto, mas deslumbram-se ao conviverem diariamente
nos corredores da política, no mundo dos negócios, nos palcos da cultura, na
roda da alta finança, e, claro está, nas tribunas dos jornais e das revistas,
nos debates das televisões, e nos estúdios das rádios". Bem sei que os
espaços da cultura eram as passadeiras vermelhas dos espetáculos de La Feria , onde os da
"corte" posavam com as Lilis Caneças, ou o ambiente fervilhante dos
paddocks onde uns capacetes debaixo do braço e umas voltas ao circuito davam um
ar de imperador, à imagem de Putin, que também gosta de ser comparado a um
grande e destemido desportista. Digamos que não é por serem provincianas que as
"cortes" deixam de o ser...
Detesto
o referido "principado" lisboeta. Mas Deus nos livre que esta
"corte do Porto" se instale em Belém...
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