quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CHINA ACELERA DESENVOLVIMENTO DE MOÇAMBIQUE E DE ÁFRICA



Gustavo Mavie, da AIM, em Shanghai, na China

Shanghai (China), 16 Set (AIM) - Vários peritos mundiais em desenvolvimento internacional confirmam que o apoio técnico-financeiro concedido pela China está a acelerar o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique e de África no geral, contribuindo para a crescente melhoria das condições de vida de seus povos.

Entre os defensores desta teoria destacam-se os norte-americanos David Dollar, Wenjie Chen, Haiwai Tang, e o britânico Martin Jacques, que publicaram as conclusões de seus estudos em livros e revistas de renome.

David Dollar é membro sénior da Global Economy and Development, uma prestigiada instituição norte-americana. Wenjie Chen é devotado em assuntos africanos na Universidade George Washington e funcionário do Departamento para África do Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto Heiwai Tang é economista e docente na Escola de Estudos Avançados da Universidade Johns Hopkins.

Eles sustentam que as obras de grande vulto que a China vindo a financiar e construir em África, tais como hospitais de referência, escolas, universidades, estradas, auto-estradas, linhas ferroviárias, aeroportos, portos, barragens hidroeléctricas, centrais térmicas, constituem uma prova material que tornam a ajuda daquele gigante asiático uma verdade visível, citando o sábio indiano Osho.

Na China, são vários os cidadãos que exprimem a sua satisfação pela ajuda concedida pelo seu país a África.

Vocês africanos merecem nossa ajuda, porque são mesmo amigos, disse Yangzi, uma jovem chinesa, falando a AIM.

Foram mesmo amigos quando nós também precisávamos mais de vocês. Foi graças ao apoio de África que quebramos o isolamento do qual havíamos sido condenados pelo Ocidente, o mesmo Ocidente que vos colonizava ou apoiava os vossos colonizadores, acrescentou

Dollar, Chen, Tang e Jacques são unânimes ao afirmar que Beijing está a tirar da penúria centenas de milhões de africanos, da qual haviam sido condenados devido ao atraso socioeconómico dos seus países causado pela colonização que vedava o seu acesso a educação.

Eles defendem que apesar da diabolização, orquestrada por alguns mal-intencionados, do apoio da China ao continente uma sondagem apurou que cerca de 70 por cento dos africanos são a favor da sua manutenção.

O estudioso britânico Martin Jacques, autor de um livro com 812 páginas, intitulado
When China Rules the World (Quando a China Governar o Mundo, tradução em português), diz que apenas no período compreendido entre 2006 a 2010, as doações financeiras chinesas, empréstimos de bancos estatais com juros bonificados totalizaram mais de 115 biliões de dólares.

Deste montante, 100 biliões de dólares foram concedidos pelos dois principais bancos chineses para o desenvolvimento, nomeadamente o Banco da China para o Desenvolvimento (BCD) e o China Exim Bank, uma instituição financeira autorizada a conceder, em nome do governo chinês, empréstimos bilaterais em condições preferenciais, bem como financiar importações e exportações.

O Exim Bank foi quem financiou parte considerável das infra-estruturas construídas nos últimos anos em Moçambique, tais como o Aeroporto Internacional de Maputo, as obras da construção da ponte Maputo/Ka-Tembe.

Deste valor, contam-se cinco biliões de dólares que Beijing colocou à disposição de 43 nações africanas para o período 2006 e 2009, incluindo Moçambique.

Segundo Martin Jacques, a China também está a ponderar adoptar um Plano Marshall, ao abrigo do qual seriam disponibilizados 500 biliões de dólares para acelerar o desenvolvimento de África.

COMÉRCIO CHINA/ÁFRICA: UMA PARCERIA COM GANHOS MÚTUOS

Uma das vantagens da parceria entre a África e China são as trocas comerciais. Pela primeira vez, decorridos vários séculos, os africanos estão a fazer trocas com ganhos verdadeiros, pelo facto de estarem a fazê-lo numa base com ganhos mútuos, contrariamente até um passado recente onde apenas Ocidente saia a ganhar.

Isto fica evidenciado por Martin Jacques, que aponta que as trocas comerciais entre África e China, dispararam de 18,54 biliões de dólares em 2003 para mis de 200 biliões em 2013.

Efectivamente, o volume do comércio entre África e China regista um crescimento acelerado. Como forma de estimular as exportações de África, a China aumentou o leque de produtos isentos ao pagamento de direitos alfandegários de 190 para 440, de modo a torná-los mais competitivos naquele país asiático.

Como forma de tentar promover o consumo de produtos africanos, Beijing colocou a disposição no mesmo período um fundo para empréstimos de três biliões de dólares com taxas preferenciais, e ainda um outro de dois biliões para que os retalhistas locais possam adquiri-los dos importadores.

Graças a estas medidas, toda a falácia cai por terra porque as obras da China são bem visíveis que não escapam nem mesmo aos olhos dos leigos. Tentar negá-las seria o mesmo que negar a existência do Sol.

No caso dos moçambicanos, a ajuda da China já não é algo que apenas ouvem falar, pois já se beneficiam dela. Este é o caso dos habitantes da capital Maputo, que já se beneficiam de várias infra-estruturas, tais como a estrada circular, também conhecido noutros por estrada-anel, ou
ring road em inglês.

Na verdade, esta circular, a primeira do país, deverá ser replicada noutras cidades moçambicanas com o crescimento do parque automóvel.

Isso aconteceu nas grandes cidades, como em Shanghai, onde existem seis estradas circulares, que ajudam a reduzir o seu infernal trafego. Esta é maior cidade chinesa, com mais de 24 milhões de habitantes, um número equivalente a toda população moçambicana. A seguir vem a cidade de Beijing, com 22 milhões e, igualmente, com seis estradas circulares.

Estes quatro peritos reputados denunciam, através destes e de outros factos, que não cabem neste artigo, a falácia de alguns círculos mal-intencionados ocidentais alegando que a China estaria a assaltar os múltiplos recursos naturais africanos para poder alimentar a sua insaciável indústria transformadora.

Eles confirmam com dados, como as grandes obras de engenharia, umas construídas e outras em fase de construção em Moçambique e noutros países africanos, estão ajudar as nações africanas a saírem da pobreza.

Um dos aspectos destacados por Jacques é o apoio concedido pela China na educação de milhares de jovens africanos. A China aumentou o número de estudantes africanos bolsistas de 2.000 para 4.000 a partir do ano de 2009.

A China também acolhe anualmente 15.000 profissionais de diferentes áreas, para a sua especialização nas várias áreas de actividade. Isto prova que Beijing deseja que sejam os próprios africanos a pescarem o peixe que precisam, como o velho ditado, e assim adquirirem a sua independência económica.

O jornalista italiano Frederico Rampini é outro estudioso da China. Ele ressalva no seu livro intitulado o
O Século Chinês, o impacto da educação no rápido desenvolvimento da China.

Foi a educação que catapultou o desenvolvimento económico deste país em apenas 30 anos. Para o efeito, mandou obrigatoriamente à escola e universidade, centenas de milhões de estudantes dentro e fora do país.

Estes jovens eram obrigados a passar de classe por ter conhecimento e os que frequentavam o ensino superior só podiam casar depois de concluir o curso. Hoje, os estudantes chineses são melhores em muitas áreas de ciências como a matemática. Isto ficou provado em competições mundiais, depois de derrotar estudantes norte-americanos que se vangloriavam de serem os melhores.

BEIJING DESEJA MAIOR COOPERAÇÃO BILATERAL COM MOÇAMBIQUE

Durante um contacto recente mantido em Maputo com o embaixador chinês acreditado em Moçambique, Su Jian, ele disse a AIM que Beijing quer fazer das relações diplomáticas, que há 40 anos unem ambos os países, uma base inexpugnável, sobre a qual irão estabelecer relações económicas dinâmicas, e mutuamente benéficas, em prol do bem-estar de seus povos.

A nossa ajuda ao vosso desenvolvimento será feita em boa-fé, para que nós e vocês estejamos no mesmo nível de prosperidade. Este é o nosso desejo. A nossa ajuda será desinteressada como foi quando vos ajudamos na luta contra o colonialismo português, disse o diplomata chinês.

Refira-se que, no passado, alguns actores ocidentais acusavam a China de estar a exportar o seu comunismo para África quando apoiava os então movimentos de libertação como a Frelimo.

É claro que tudo isto não passava de uma mentira na tentativa de incutir na mente dos africanos sentimento de temor pelos chineses e, deste modo, recusar o seu apoio. Hoje, acusam os chineses de serem novos colonizadores e delapidadores das economias africanas.

Os detractores da China alegam que este gigante asiático está a busca das matérias-primas que abundam em África, incluindo o petróleo e gás natural. No caso do gás natural, por exemplo, as pesquisas apontam para existência de mais de 200 triliões de pés cúbicos na bacia do Rovuma, que poderão colocar Moçambique na quarta posição na lista dos maiores produtores de gás natural do mundo inteiro.

Mas dados contidos no livro de Jacques, revelam que no período em que ele analisou, a China consumia apenas 10 por cento do consumo mundial de petróleo, zinco (43), prata (42), ouro (44) e cobre (33).

O estudo de Jacques revela ser um facto que estas vendas a mais para a China são por vontade dos próprios países africanos, porque Beijing oferece um melhor preço.

Outra razão é o facto de a China aceitar pagamentos adiantados antes da entrega da encomenda, o que evita o endividamento dos países africanos em algumas instituições tais como como o Banco Mundial, que impõem condições asfixiantes.


(AIM) GM/SG

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