Mário Motta, Lisboa
A
memória diz-nos que muitas vezes os políticos são a peça na engrenagem da
democracia que emperra por comprometimentos com, por exemplo, os banqueiros, os
grandes industriais, os grandes grupos económicos, os podres de ricos. Cavaco
Silva demonstra ser uma dessas peças emperrada que guarda uma visão de
democracia, executando-a e impondo-a, que na realidade nada tem que ver com a
democracia de facto. Nos últimos anos e anteriormente os portugueses têm tido a
oportunidade de constatar exatamente isso. Neste caso o foco vai para Cavaco
Silva. Outros políticos têm sido aliciados, pagos e comprometidos do mesmo
modo, daí a democracia que nos é imposta ser uma fraude.
São
demasiadas as peças emperradas por via dos benefícios que os do grande capital
compram. Peças que em altos cargos nos poderes tendem a adulterar os desígnios
que viabilizem e aperfeiçoem a democracia real, no interesse dos países, no
interesse das populações. No exemplo de Portugal é gritante o facto de nos
imporem uma democracia de fraude. O mesmo acontece na UE, nos EUA e etc., no chamado
mundo livre. Um mundo de engano em que os políticos vendidos e sem escrúpulos governam
essencialmente para protegerem aqueles que os compram, que lhes pagam e lhes
asseguram carreiras nacionais e internacionais se souberem ser fieis quanto
baste.
E
o povo, pá? O povo, os eleitores, albardam o burro à vontade dos seus donos - à
força de tanta manipulação e falta de honestidade de imensos políticos que
afinal são os “soldados” daqueles que os compram para a guerra sem-quartel
entre exploradores e explorados.
Num
trabalho apresentado no jornal Observador, da lavra de Liliana Valente, em Dezembro
de 2014, o foco está direcionado em Cavaco Silva e na campanha da sua reeleição
para a Presidência da República. Este artigo é um mero exemplo de tantos que
podiam povoar a comunicação social. O rol dos vendidos seria enorme. Esta é a
democracia “a la carte” que serve os personagens que padecem de imoralidades
que não servem a democracia mas que são comuns nos simples mortais: a ganância
que despoleta a obrigatoriedade do servilismo nos “soldados” postados nos
poderes para exercerem convenientemente a “democracia” que só serve a uns
quantos.
No
exemplo do artigo que se segue deparamos com um último parágrafo que diz: “O
Observador contactou a Presidência da República, que recusou comentar a
prestação de contas das eleições presidenciais.” Recusa transbordante de transparência e honestidade. E diz Cavaco Silva que é muito
honesto. Devemos acreditar que existem muitos portugueses que com ele não
concordam? (MM / PG)
BES:
Banqueiros debaixo de fogo foram principais financiadores de campanha eleitoral
de Cavaco Silva
Banqueiros
e administradores do BES e GES foram dos principais doadores da campanha de
Cavaco Silva em 2011. Empresário José Guilherme e família deram 100 mil euros.
Todos os nomes, aqui.
A
campanha para a reeleição de Aníbal Cavaco Silva, em 2011, contou com donativos
de vários banqueiros, entre os quais, alguns responsáveis pelo BES que
agora estão a ser investigados pela gestão do banco. No total, banqueiros ou
administradores do Grupo Espírito Santo deram à campanha de Cavaco
253.360 mil euros. E todos deram o máximo permitido por lei: 25.560
euros.
O
próprio Ricardo Salgado é dos primeiros nomes (de acordo com o
registo interno) a aparecer no processo sobre as eleições presidenciais de 2011
consultado pelo Observador no Tribunal Constitucional, que ficaram hoje
disponíveis. Ofereceu para a reeleição de Cavaco Silva o máximo permitido por
lei: 25.560 euros. Mas não foi o único.
Amílcar Morais
Pires, membro da comissão executiva do BES, também contribuiu. É o homem
que Ricardo Salgado sugeriu ao Banco de Portugal para que o substituísse como principal
responsável do banco, mas o seu nome acabou por ser chumbado pelo governador do
Banco de Portugal. Tal como Joaquim Goes, outro membro da
comissão executiva do BES e um dos nomes que chegou a ser falado como
sucessor de Salgado. Chegou a transitar para o Novo Banco.
Neste
grupo de doadores, encontra-se o comandanteAntónio Roquette Ricciardi, pai
de José Maria Ricciardi, que até julho foi administrador
da Espírito Santo Financial Group, e José Manuel Espírito
Santo, vice-presidente da Espírito Santo Financial Group. E ainda Pedro
Queiroz Pereira, presidente da Semapa e ex-acionista de referência do BES.
O
presidente da KPMG Portugal, que fez uma auditoria externa ao BES, também
consta no processo. Sikander Sattar deu 5 mil euros.
Em
2006, na campanha que elegeu pela primeira vez Cavaco Silva como Presidente da
República, a família ligada ao Grupo Espírito Santo já tinha sido uma das
principais financiadoras. Familiares de Ricardo Salgado entregaram nessa
altura 152 mil euros, segundo o DN.
Na
campanha de 2011, Cavaco Silva recebeu 179 donativos, grande parte deles de
elevado montante que perfizeram um total de um milhão e meio de euros
(1.497.128 euros).
Família
de José Guilherme dá 100 mil
Mas
na lista de donativos há uma família cuja história se cruza também com o BES:
Guilherme. O empresário que deu uma prenda a Ricardo Salgado de 14 milhões de
euros que está a ser investigada pela justiça deu à campanha de Cavaco em
2011 25 mil euros. Mas não foi o único da família a fazê-lo. A mulher, Beatriz da
Conceição Veríssimo deu o mesmo contributo de 25 mil euros, o
filho Paulo Jorge Veríssimo Guilherme também e Ilda Maria
Veríssimo Guilherme Silva Alberto, uma familiar que é gestora da empresa de José
Guilhermedoou também 25 mil euros.
Só
com a família do empresário José Guilherme, a campanha de Cavaco Silva contou
com 100 mil euros. Esta família, aliás, já tinha feito donativos na
primeira campanha presidencial de Cavaco, em 2006. Nessa altura, porém, deu
menos dinheiro. José Guilherme ofereceu 20 mil euros, o filho doou 15.000 euros
e a mulher 20 mil euros.
O
Observador consultou os processos dos restantes candidatos presidenciais,
Manuel Alegre, Fernando Nobre e Francisco Lopes, e nestas candidaturas não
houve donativos destes responsáveis.
Manuel
Alegre, que terminou a campanha com uma dívida de quase meio milhão de euros
recebeu mais donativos (249), mas de menor montante, perfazendo um total de 159
mil euros.
Fernando
Nobre, que concorreu sem o apoio de partidos, conseguiu arrecadar mais
donativos que Manuel Alegre e num valor superior ao do candidato apoiado pelo
PS: 728 donativos no valor de 211.843 euros.
Já
o candidato apoiado pelo PCP, Francisco Lopes, não registou donativos.
O
Observador contactou a Presidência da República, que recusou comentar a
prestação de contas das eleições presidenciais.
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Espírito
Santo financiaram campanha de Cavaco
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