João Oliveira*
Desde
a adesão ao euro, Portugal é um dos países que menos cresce na Europa e no
mundo. Produz hoje menos riqueza do que quando se introduziram as notas de
euro. Quase década e meia perdida.
O euro é uma moeda ajustada às necessidades e aos interesses da alta finança europeia, à capacidade produtiva e exportadora da Alemanha. Que contrai o investimento e condiciona o nosso crescimento. Que encarece as nossas exportações, substitui as nossas produções por importações, arruína a nossa indústria e a nossa agricultura. Que promove o desemprego, a precariedade, o empobrecimento, a emigração, a desertificação. Que estimula o endividamento externo, a saída de capitais e a especulação financeira. Que submete o país ou à chantagem dos "mercados", isto é dos especuladores, ou à chantagem do BCE, isto é da troika.
Não podemos fazer de conta que o problema não existe. Em termos substanciais, dentro do euro, o país não cresce, não se desenvolve, não recupera o emprego. Por isso afirmamos que foi um desastre para Portugal e que não temos alternativa, a prazo, senão abandoná-lo. Idealmente em concertação com outros povos europeus, mas sem ficar dependentes dessa possibilidade.
O exemplo grego
Há quem nos diga para aprender com o que se passou na Grécia. Mas isso é virar o bico ao prego. O que vimos é o que pode suceder, e o que de facto sucedeu, a um país periférico dentro do euro. Porque a Grécia está no euro, não é como a Inglaterra, a Suécia ou a Dinamarca, que pertencem à UE mas que estão fora do euro.
A destruição em mais de um quarto da riqueza que produzia por ano, o desemprego oficial de mais de um quarto da sua população ativa (e mais de metade no caso da juventude), o risco de pobreza de mais de um terço da população, o corte do financiamento dos bancos pelo BCE, as filas à porta dos bancos e dos multibancos, a chantagem permanente da troika, a destruição de qualquer veleidade de praticar uma política de esquerda ou tão somente de responder às necessidades mais prementes da população.
Este é o retrato da Grécia no euro. O grande erro do governo grego não foi querer sair do euro, foi, ao contrário, ter alimentado ilusões de que era possível eliminar a austeridade e desenvolver o país dentro do euro e não se ter preparado para se libertar dele. Uma grande lição para todos os povos europeus.
O verdadeiro aventureirismo
São aqueles mesmos que nos meteram na aventura desastrosa do euro que vêm agora descaradamente acusar o PCP de defender a aventura da saída. Bem podem novamente virar o bico ao prego, que os irresponsáveis não somos nós, foram eles!
À enorme irresponsabilidade da entrada, o PCP opõe a grande responsabilidade do reconhecimento da necessidade estrutural nacional da saída.
À irresponsabilidade da precipitação da adesão, o PCP opõe a responsabilidade de uma cuidadosa preparação do abandono.
À irresponsabilidade com que menosprezaram os salários, as pensões, as prestações sociais e os níveis de vida no cumprimento das regras do euro, o PCP opõe a defesa dos rendimentos e das poupanças da população na libertação do euro.
Na nossa conceção, a libertação do euro é uma necessidade profunda do país, mas que tem que ser um processo preparado, democrático e que proteja os meios, os recursos e os direitos da generalidade da população.
O euro é uma moeda ajustada às necessidades e aos interesses da alta finança europeia, à capacidade produtiva e exportadora da Alemanha. Que contrai o investimento e condiciona o nosso crescimento. Que encarece as nossas exportações, substitui as nossas produções por importações, arruína a nossa indústria e a nossa agricultura. Que promove o desemprego, a precariedade, o empobrecimento, a emigração, a desertificação. Que estimula o endividamento externo, a saída de capitais e a especulação financeira. Que submete o país ou à chantagem dos "mercados", isto é dos especuladores, ou à chantagem do BCE, isto é da troika.
Não podemos fazer de conta que o problema não existe. Em termos substanciais, dentro do euro, o país não cresce, não se desenvolve, não recupera o emprego. Por isso afirmamos que foi um desastre para Portugal e que não temos alternativa, a prazo, senão abandoná-lo. Idealmente em concertação com outros povos europeus, mas sem ficar dependentes dessa possibilidade.
O exemplo grego
Há quem nos diga para aprender com o que se passou na Grécia. Mas isso é virar o bico ao prego. O que vimos é o que pode suceder, e o que de facto sucedeu, a um país periférico dentro do euro. Porque a Grécia está no euro, não é como a Inglaterra, a Suécia ou a Dinamarca, que pertencem à UE mas que estão fora do euro.
A destruição em mais de um quarto da riqueza que produzia por ano, o desemprego oficial de mais de um quarto da sua população ativa (e mais de metade no caso da juventude), o risco de pobreza de mais de um terço da população, o corte do financiamento dos bancos pelo BCE, as filas à porta dos bancos e dos multibancos, a chantagem permanente da troika, a destruição de qualquer veleidade de praticar uma política de esquerda ou tão somente de responder às necessidades mais prementes da população.
Este é o retrato da Grécia no euro. O grande erro do governo grego não foi querer sair do euro, foi, ao contrário, ter alimentado ilusões de que era possível eliminar a austeridade e desenvolver o país dentro do euro e não se ter preparado para se libertar dele. Uma grande lição para todos os povos europeus.
O verdadeiro aventureirismo
São aqueles mesmos que nos meteram na aventura desastrosa do euro que vêm agora descaradamente acusar o PCP de defender a aventura da saída. Bem podem novamente virar o bico ao prego, que os irresponsáveis não somos nós, foram eles!
À enorme irresponsabilidade da entrada, o PCP opõe a grande responsabilidade do reconhecimento da necessidade estrutural nacional da saída.
À irresponsabilidade da precipitação da adesão, o PCP opõe a responsabilidade de uma cuidadosa preparação do abandono.
À irresponsabilidade com que menosprezaram os salários, as pensões, as prestações sociais e os níveis de vida no cumprimento das regras do euro, o PCP opõe a defesa dos rendimentos e das poupanças da população na libertação do euro.
Na nossa conceção, a libertação do euro é uma necessidade profunda do país, mas que tem que ser um processo preparado, democrático e que proteja os meios, os recursos e os direitos da generalidade da população.
[*] Deputado
do PCP.
O original encontra-se em blogues.publico.pt/...
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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