Leandro Vasconcelos, Maputo
Numa
sociedade civilizada as armas de fogo não são autorizadas a serem possuídas sem
licença apropriada e devidamente cadastradas. Sabemos que nos EUA as armas de fogo
são para qualquer pessoa e podem adquiri-las como cogumelos. Mas daí temos visto
os resultados catastróficos nas universidades às mãos de cowboys malucos. E não
só nas universidades mas um pouco por toda a parte, sendo que as escolas e
campus universitários têm sido alvos fáceis para matar indiscriminadamente
professores e estudantes inocentes. Claro que qualquer organização que se preze
em defender os Direitos Humanos é contra a posse e uso indevido de armas de fogo sem
licença regulamentar. Licenciadas pelos Estados de Direito internacionalmente
reconhecidos, de preferência democráticos (ao menos o modelo pseudo-democrático da modernidade imposta pelos EUA e UE).
Em
Moçambique algo de muito original acontece. Alice Mabote, presidente da Liga
dos Direitos Humanos, declarou-se contra o Estado de Direito ter feito uma
busca à casa de Afonso Dhalakama, líder da Renamo, com o intuito de apreender
armas ilegais que estavam em casa de Dhlakama. Surpreendentemente foi
apreendido um autêntico arsenal, como se pode ver na foto que incluímos junto
desta prosa - foto da Deutsche Welle.
São armas de guerra, de alto calibre, que servem para matar com
muito mais eficiência que armas de pequeno calibre. Considerará Alice Mabote
que defende os Direitos Humanos sendo apologista de que andem armas daquele
tipo à solta em Moçambique? E o Estado de Direito? Manda-se para as urtigas? E os Direitos Humanos que são o respeito pela vida?
Pode
até existir razão para criticar e resistir ao que acontece de errado (política,
social e economicamente) no regime moçambicano (decerto que há) mas para isso
Dhlakama tem o parlamento e outras instâncias para recorrer e procurar combater
e mudar o regime. Tem é de o fazer democraticamente, respeitando os direitos
dos cidadãos moçambicanos, a livre circulação de pessoas e bens. O senhor
Dhlakama, a Renamo, não pode ter uma polícia sua, nem um exército seu. Não pode
guardar em casa ou noutros locais arsenais de armamento. Legitimamente o Estado, as
autoridades policiais, militares e judiciais moçambicanas foram mandatadas para apreender o
referido arsenal ilegal. Sorte têm os detentores das armas em não serem
julgados e penalizados pelo crime de posse de armamento de guerra. O resto são
loas. Alice Mabote não pode, nem deve – considerando o cargo que tem na Liga de
Direitos Humanos – ser parcial, analisar e comentar enviesadamente a busca que
foi realizada pelas autoridades moçambicanas ao local do crime, que é residência
do senhor Dhlakama.
Na
verdade as declarações de Alice Mabote, referidas no Voz da América, são muito exíguas.
Falta saber se foi aproveitado pelo Voz da América para fazer um título que impressiona
os que são suscetiveis de serem manipulados. Certo, deve ser que o Voz da América
não inventou as curtas palavras da presidente da Liga dos Direitos Humanos
moçambicana. O resultado foi que, quer a publicação, quer Alice, ficaram mal na “fotografia”.
O regime moçambicano pode não ser flor que se cheire, mas também não será com um
cowboy como Dhlakama que melhorará. Mais natural e fiável será Daviz Simango,
um líder democrático e pacifista que dialoga, denuncia e luta por um Moçambique
melhor – dir-se-à que é de políticas mais à direita. Pois será. Certo é que o
regime em Moçambique – como em Angola e noutros países PALOP – de esquerda é
que não são. Já era muito importante serem honestos e trabalharem em prol dos
seus povos em vez de roubarem e enriquecerem-se uns aos outros, gananciosa e seletivamente. É
contra isso que urge combater. São essas (as ganâncias) as causas de muitas
violações dos Direitos Humanos. Alice Mabote que se empenhe no que deve e não
em defender os direitos terroristas de Dhlakama. (LV / PG)
Personalidades
indignadas com a invasão à casa de Afonso Dhlakama
Voz
da América
Alice
Mabote, Presidente da Liga dos Direitos Humanos, não concorda com a invasão e é
pelo diálogo.
Quem
também se pronunciou a favor do diálogo foi Daviz Simango, Presidente do
Município da Beira e líder do terceiro maior partido, o Movimento Democrático
de Moçambique.
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