César
Príncipe
Após
a célebre e última entrevista de Roland Faure a Salazar (diário L´Aurore, 6-7/09/1969),
jamais alguém se atreveu a vaticinar a repetição do espectáculo: Salazar
recolhido em São Bento, convicto de que continuava a exercer as ungidíssimas
funções de presidente do Conselho. Nem mais nem menos: Croit qu`il
gouverne encore le Portugal. A persuasão era mantida pelo presidente da
República, que zelava pela compostura e pela impostura do regime, pelos
ministros, que fingiam ir a despacho, pela governanta, que autorizou a visita e
a conversa do jornalista com Sua Excelência, com a condiçãode não revelar que
já não era o dono de Portugal e pelos médicos, que proibiram o enfermo de
ler jornais, ouvir rádio, ver e ouvir televisão. Estabelecido o cordão
sanitário e censório, o ditador morreu na santa, vã e patética presunção de
ainda mandar, apesar de haver sido derrubado por uma cadeira, apeado pelo
hematoma, enfim, substituído por Marcello Caetano, o delfim de quem sempre
desconfiara.
Agora, em 30/10/2015, a montagem teatral está de volta. Segundo as esquerdas, o Governo de Passos caiu da cadeira do Poder, sofreu um grave acidente vascular-parlamentar – e tudo sugere – tomou solene posse da coisa pública por uns dias, sabendo Thomaz II e Salazar II, e bem assim seus ministros e demais pessoal de palco e bastidores que a cerimónia do Palácio da Ajuda não passou de uma rábula, talvez para matar saudades do Parque Mayer ou justificar o Ministério da Cultura, tirado da cartola da Política do Espírito.
Seja qual seja o desfecho de Novembro, Portugal não deixa de surpreender. Quando menos se espera, somos encandeados por um acontecimento insólito e parabólico. Se a reprise de 69 se confirmar, os cenógrafos do nado-morto apenas tiveram uma falha de protocolo: a fotografia de Salazar em corpo inteiro, de blazer branco, e botas em pleno verão (ver imagem acima), muito ilustraria o acto, contribuindo para honrar a memória e reavivar os encantos da grei. Há quem diga que Portugal está na moda.
E ao que parece, está.
Retro.
Agora, em 30/10/2015, a montagem teatral está de volta. Segundo as esquerdas, o Governo de Passos caiu da cadeira do Poder, sofreu um grave acidente vascular-parlamentar – e tudo sugere – tomou solene posse da coisa pública por uns dias, sabendo Thomaz II e Salazar II, e bem assim seus ministros e demais pessoal de palco e bastidores que a cerimónia do Palácio da Ajuda não passou de uma rábula, talvez para matar saudades do Parque Mayer ou justificar o Ministério da Cultura, tirado da cartola da Política do Espírito.
Seja qual seja o desfecho de Novembro, Portugal não deixa de surpreender. Quando menos se espera, somos encandeados por um acontecimento insólito e parabólico. Se a reprise de 69 se confirmar, os cenógrafos do nado-morto apenas tiveram uma falha de protocolo: a fotografia de Salazar em corpo inteiro, de blazer branco, e botas em pleno verão (ver imagem acima), muito ilustraria o acto, contribuindo para honrar a memória e reavivar os encantos da grei. Há quem diga que Portugal está na moda.
E ao que parece, está.
Retro.
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