Mário Motta, Lisboa
Francisco
Assis sempre foi um ariete de ataque da direita no PS, um, entre uns quantos,
dos que impossibilita o Partido Socialista de cumprir os seus desígnios. Desígnios
da sua fundação, desígnios que nunca se viram devidamente cumpridos por via de
guinadas à direita que sempre favoreceram que aquela concretizasse os seus
avanços e instalasse uma sociedade pseudodemocrática de progressiva exploração
e enriquecimento desbragado de uns poucos, limitativa dos direitos, liberdades
e garantias dos cidadãos. Limitativa, da justiça e dignidade que teve rasgos de
realidade após o 25 de Abril de 1974.
Assis nunca foi de esquerda, nem é. Infiltrou-se no PS com uma missão. Ele e mais uns quantos. Quem pode esperar que assuma a sua posição em consonância com o Partido Socialista? Acordos à esquerda? Nunca! Acordos à direita? Sempre!
Assis
cumpre as instigações de Cavaco Silva ao apelar à rebelião no Partido
Socialista para que torne os avanços da direita revanchista uma realidade,
ainda mais que nos últimos quatro anos. Assis é o filho que Cavaco não teve,
que a direita apoia e aplaude. Uma direita radical, extremista, que persegue os
objetivos da exploração desumana. Indiferente à fome e miséria que causa e que
serve seus intentos de ganâncias sustentáveis. Assis, o aríete a quem
definitivamente caiu a máscara de socialista, descobrindo um filho querido de
Cavaco e da direita radical – também ela com uma máscara de democrata. Máscara
que já caiu há muito. (MM / PG)
Assis.
“Última consequência é eu ser candidato”
Nem
esquerda, nem direita: para Francisc Assis, o ideal era que o PS fosse um
partido de oposição clara. Na defesa desta linha, o eurodeputado assume que
poderá ter de ir até às “últimas consequências”
A
corrente socialista desfavorável ao entendimento à esquerda toma forma e
Francisco Assis está determinado a desafiar o secretário-geral António Costa,
“como última consequência”. Em entrevista na edição desta sexta-feira do
“Jornal de Notícias”, o eurodeputado admite que “estaria a fugir às
responsabilidades” se não estivesse pronto para se apresentar como candidato à
liderança do partido.
Para
Assis, que considera um acordo com Bloco de Esquerda e PCP “um erro histórico”,
a posição ideal para o PS seria a de o partido se constituir como um “partido
de oposição clara”, o que deixaria os socialistas “no centro da decisão”.
Na
entrevista, Assis volta a frisar não considerar que a esquerda ofereça as
condições de entendimento necessárias, nomeadamente por existirem “divergências
profundas” em relação ao modelo social e económico do país ou aos compromissos
europeus. Segundo o eurodeputado, a negociação com comunistas e bloquistas, que
“nunca deveria ter ocorrido”, é uma “péssima solução”. Mais: o acordo à esquerda
acaba por ser “como um icebergue”, o que significa que o PS ficaria
“prisioneiro dos caprichos de duas formações políticas” que poderiam “tirar o
tapete” aos socialistas a qualquer momento.
Defensor
de uma negociação conduzida caso a caso com o Governo de direita, Assis prefere
também não se comprometer com Passos e Portas para não “assumir compromissos de
legislatura que nos poderiam aprisionar”.
NÃO
ESTAR DISPONÍVEL PARA DISPUTAR A LIDERANÇA DO PS SERIA “FUGIR ÀS
RESPONSABILIDADES”
Depois,
a questão inevitável: a liderança do PS está em causa? Assis recusa estar a
planear “uma estratégia dissimulada para chegar ao poder”. No entanto, o
socialista assume que “se a questão fosse saber qual era a linha política que
deveria prevalecer, num congresso”, teria de defender a sua ideia “até às
últimas consequências”. Ou seja, Assis ponderaria, nesse caso, ser candidato à
liderança do PS para promover uma corrente alternativa; de outra forma estaria
a “fugir às suas responsabilidades”.
A
reunião convocada por Assis para juntar os militantes socialistas desfavoráveis
ao acordo da esquerda acontece esta sexta-feira à noite, na Mealhada, depois de
ter sido antecipada para não coincidir com a Comissão Nacional do partido, que
se reúne na tarde deste sábado. E o que pensa António Costa disto tudo? “Há
muito que não falamos”, esclarece Assis.
Expresso
– foto Alberto Frias
Sem comentários:
Enviar um comentário