quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Portugal. DESLUMBRAMENTO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL



Ana Alexandra Gonçalves*

Uma eventual solução governativa de esquerda terá de contar, invariavelmente, com a comunicação social mais ideologicamente comprometida de que há memória. Esse comprometimento é visível há muito tempo, mas tornou-se escandaloso quer na campanha eleitoral, quer nos dias que se seguiram à desilusão de não ver uma maioria absoluta da direita.

Se dúvidas persistem, recomenda-se alguma atenção a Francisco Assis. Este "socialista" tem todo o direito a discordar do rumo seguido por António Costa - o pluralismo, de resto, é apanágio das democracias -, mas existe também alguma dificuldade em compreender toda a atenção que o senhor em questão tem merecido. Francisco Assis, uma figura pouco relevante na cena política portuguesa, é agora o menino mais do que querido de boa parte da comunicação social.

É escusado relembrar a multiplicidade de jornalistas, comentadores e afins que estão comprometidos com o ainda governo. Mas será uma opinião diversa da manifestada pela direcção dos partidos de esquerda que contará com todas as atenções da comunicação social. Chegámos ao ponto de ter um país em que Presidente da República e comunicação social anseiam e promovem a cisões internas dos partidos de esquerda.

A democracia enfraquece perante uma comunicação social deslumbrada ideologicamente. Mas o facto é que a democracia tem sido enfraquecida por aqueles que juram defendê-la. Por conseguinte, resta muito pouco a dizer.


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