quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Portugal. ENTRE RISOS E SORRISOS LÁ VÃO CANTANDO E RINDO… DA FOME E DA MISÉRIA



O Expresso Curto, hoje servido por Miguel Cadete, lembra-me a infância. Os anos em que o meu pai tinha um Opel Kadet e lhe chamava Miguel do papel. Alcunha devida aos imensos papéis que revestiam os acentos, o chão e até a bagageira do automóvel. O meu pai era contabilista e um desorganizado aparente. Ele entendia-se perfeitamente naquela desarrumação e quando ia aos clientes nada faltava na escrita contabilística. No caso deste Miguel a servir o Expresso decerto que é muito arrumado e organizado. A informação é de fontes fidedignas.

O mesmo não podemos dizer do governo em funções. Não forneceu ainda nada à UE sobre o Orçamento de Estado. Nem uma parcela. Dizem que vão haver sanções. Pagamos nós pela incúria de Passos e da sua bi-ministra Maria Luís, que é das Finanças, mas principalmente dos cortes e recortes. Uma das principais mentoras de os ricos cada vez mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres. Um deslumbre de sadismo que leva aos suicídios, às mortes nos hospitais, à fome, ao desemprego, ao desespero. O quê? O melhor é rir e alargar o leque dos que riem perante tanta miséria, tanto descalabro, tanta mentira, esbulho e traição? Só beneficiados com a "crise" ou lorpas o farão!

Adiante. Saboreie este Expresso Curto. Tenha um dia razoável, já que nunca poderá ser bom num país em que só vigaristas, aldrabões e ladrões se safam à grande e à portuguesa. Exemplos? Um: Ricardo Salgado. Há muitos mais a safarem-se naquelas pandilhas aduladas e protegidas por Cavaco e seus cúmplices. Leia o que aí vem e veja lá os risos e sorrisos, Salgado e o “super” juiz ao serviço de… Justiça?

Redação PG / CT

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Miguel Cadete – Expresso

Sócrates, Passos, Costa e Salgado: estes homens riem de quê?

Não tenho – não posso ter - a ambição de continuar a demanda pela felicidade ontem iniciada pelo meu camarada Valdemar Cruz a propósito das conferências que neste momento se realizam no Porto, no Forum do Futuro, até domingo e onde pontificam um Prémio Nobel e uma ex-actriz porno.

Mas sinto o dever de perguntar o que almejam estes portugueses do futuro e que raio consideram ser eles a felicidade. Comecemos por Sócrates.

A revista “Visão” leva à capa, na edição de hoje, um artigo que promete revelar “Tudo o que há contra Sócrates”. Tem a postura do inquiridor, procurando saber se o ex-primeiro ministro é realmente culpado dos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais e revela mais um sem número de pormenores que – supõe-se – podem ter sido recolhidos no processo entretanto aberto às partes e aos assistentes.

Não vou a ser um spoiler e, por isso, revelar aquilo que vem no artigo da “Visão”, mas são inúmeros os pormenores das transferências de verbas entre Carlos Santos Silva e José Sócrates para os quais é difícil encontrar explicação. Porém, no que respeita a provas que evidenciem corrupção, nem vê-las.

Acontece que Sócrates, depois de uma primeira volta de consagração perante uma plateia de fiéis em Vila Velha de Rodão, volta a dirigir-se ao povo em Vila Real no próximo sábado. Deslumbre ou descaramento? De uns e do outro. Este homem, que diz ter os seus “direitos políticos intactos”, ri de quê?

Número 2. Passos Coelho ficou estarrecido com a audácia de António Costa quando este lhe roubou o cargo de primeiro-ministro a 4 de outubro. Depois do frio – e do regresso de Miguel Relvas – voltou também o nervo. O governo entretanto empossado pelo Presidente já quer governar.

Os cortes na função pública e a sobretaxa do IRS serão renovados hoje em Conselho de Ministros, de acordo com o que, logo ontem, foi escrito no Expresso. Hoje, o “Jornal de Negócios” diz em manchete que tal se trata de um teste à consistência da coligação de esquerda. No que, aliás, é secundado pelo “Diário de Notícias” e pelo “Público”. A aplicação dessas medidas será, por isso mesmo, mais suave. Até a privatização da TAP é para ser resolvida já, ainda durante esta semana.

A campanha eleitoral continua e Passos vai agitando a sua bandeira predileta e de sempre, a da austeridade. Ri de quê?

Por seu lado, António Costa é mestre das sombras. Finge que há acordos onde não há e leva os seus parceiros a julgar o mesmo. A este respeito, é obrigatório ver a entrevista de Catarina Martins na SIC Notícias. Há acordo? O que é que isso interessa? Será ele, Costa, a decidir na véspera da votação da moção de rejeição do governo de Passos. Faltam cinco dias.

Em caso de acordo, tudo indica que está em marcha o plano de atirar dinheiro para o consumo, à boa maneira de Keynes e Mário Centeno. Salário mínimo mais alto, diminuição da TSU e pensões a subir podem trazer crescimento económico, como bem explicam Pedro Santos Guerreiro e João Silvestre.

Não vale a pena repisar o episódio da marcação da reunião daComissão Nacional do PS para um horário coincidente com um almoço na Mealhada - who wants couscous? – de um “conjunto alargado de militantes do PS que não se reconhecem na orientação política atualmente prosseguida pela direção do partido", vulgo Francisco Assis a contar espingardas.

António Costa precisa de chegar a primeiro-ministro. A política é isso mesmo. Mas ri?

OUTRAS NOTÍCIAS

Recuso-me a alinhar no coro de indignação. Mas não deixa de ser surpreendente a notícia, divulgada pela TVI, de que Ricardo Salgado verá a sua pensão aumentada para o triplo. Passa de 29 mil euros mensais para 90 mil. A decisão da sociedade gestora do fundo de pensões do BES, dirigida por José Almaça, implica retroativos no valor de cerca de um milhão de euros. A medida beneficia ainda outros gestores do BES como José Manuel Espírito Santo e José Maria Ricciardi. A SIC Notícias acrescentou que a caução de Ricardo Salgado, outrora de três milhões de euros, terá sido reduzida para metade. Os pedidos da defesa, em parte aceites pelo juiz Carlos Alexandre, permitem ao antigo líder do BES pagar (só) 1,5 milhões de euros para ficar em liberdade. Rir é o melhor remédio.

O FC Porto venceu o Maccabi por 3- 1. Mariana Cabral relembraque os israelitas eram a equipa mais fraca das 32 que tiveram acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões mas Lopetegui não vai deixar de sorrir por ter o apuramento para os oitavos de final praticamente na mão. Willian, por seu lado, safou Mourinho de mais um vexame, ao ter transformado espetacularmente um livre direto que deu a vitória por 2 – 1 ao Chelsea, já perto do fim, contra o Dínamo de Kiev.

Mas quem ri mesmo a bandeiras despregadas é Marco Silva. O treinador do Olympiacos, despedido do Sporting no final da época passada, voltou a vencer. Desta vez virou o resultado para ganhar por 2 – 1 ao Dínamo de Zagreb mesmo ao cair do pano, com um golo de Pardo. Com a derrota quase humilhante do Arsenal ante o Bayern de Munique (4 – 1), Silva está praticamente apurado para os oitavos de final da Liga dos Campeões. E Villas-Boas, ao leme do Zenit, tem tantas vitórias quantos jogos. Apuradíssimo!

O Sporting joga amanhã, na Liga Europa, mas o Benfica descobriu um novo adversário: o PAN quer acabar com a águia Vitória.

México legaliza marijuana para fins recreativos. Por quatro votos contra um, o Supremo Tribunal da Nação, no México, validou o uso da marijuana desde que para fins lúdicos e não para a obtenção de lucro. A decisão é tida como histórica devido ao empenho do México na luta contra o narcotráfico ao longo das últimas décadas. De ora em diante, o cultivo, consumo e transporte daquela droga já é permitido.

A BLITZ, na qual estou como diretor, celebra hoje o seu 31º aniversário. A festa é no Musicbox, ao Cais Sodré, e conta com atuações dos Diabo Na Cruz, Frankie Chavez e Prodígio. A ocasião serve também para vincar a “guinada digital” da marca: no local será anunciado o primeiro lançamento de uma nova editora, aBLITZ Records, que distribuirá os seus lançamentos exclusivamente em plataformas digitais como o Spotify, Apple Music, YouTube ou iTunes. É preciso chegar cedo.

Antes, pelas 18h30, na Fnac do Colombo, terá lugar o lançamento do livro dos jornalistas Filipe Santos Costa e Liliana Valente sobre “O Independente – A Máquina de Triturar Políticos”. Quem sou eu para escrever o que quer que seja sobre o assunto depois de ler o texto de Ricardo Costa que será publicado na próxima edição da Revista do Expresso. Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso ao leme de um projeto que servia os seus intentos e que, talvez por isso, não podia sobreviver.

FRASES

“Quadro pré-eleitoral foi violado de forma radical”. José Pedro Aguiar-Branco no “Diário Económico”

“A direção do PS revela velhos tiques de receio de debate interno e nervosismo”. Àlvaro Beleza no “i”

“Vão avisando os portugueses que a crise não passou”. Henrique Neto no “Jornal de Negócios”

“Bomba é um cenário altamente possível”. Responsável norte-americano sobre o despenhamento do avião russo no Egito ao “Guardian”

“Uma adaptação é libertadora porque deixas de ser quem és”. Nick Hornby, escritor britânico, sobre a adaptação para cinema do romance “Brooklyn” de Colm Tóbín, à “Rolling Stone”

“Apostas? O Sporting também ganhou por 3 – 0 ao Benfica”. Mirel Josa, treinador do Skënderbeu sobre o resultado com o Sporting e a correspondente polémica sobre manipulação de resultados que envolve a sua equipa

O QUE EU ANDO A LER

“Racismos – Das Cruzadas ao Século XX” de Francisco Bethencourt, por estes dias publicado pela Temas e Debates doCírculo de Leitores. Ainda só vou na página 24, quero dizer, na introdução. Mas o livro é suficientemente sedutor por se dispor a provar que, ao contrário do que é geralmente aceite, a teoria das raças não antecedeu o racismo; o racismo não é inato e não foi inventado na Antiguidade Clássica.

O autor, muito conhecido pela “História da Expansão Portuguesa” publicada em 1999 ou por ter sido diretor daBiblioteca Nacional (onde amanhã, às 18h, é lançado o livro) segue obviamente o preceito académico e começa por definir o conceito de racismo enquanto “preconceito quanto à descendência étnica combinado com ação discriminatória”. Ou seja, não é sempre o mesmo, altera-se, dilui-se ou cresce em determinados contextos, ainda que tenha sido a expansão europeia que lhe deu um corpo coerente de ideias e práticas.

Estas práticas eram (são) variadas e podem ir da assimilação ao distanciamento. Não resisto a saltar para a página 121 de maneira a poder citar o primeiro parágrafo do sexto capítulo. “Em 1488, o príncipe jalofo Bemoim foi deposto. Bemoim governava um território próximo da foz do rio Senegal, onde os portugueses comerciavam escravos e ouro. Anteriormente enviara presentes e um embaixador ao rei português, D. João II. Após a sua deposição refugiou-se numa caravela lusitana, acompanhado por vários apoiantes, e partiu para Lisboa (…). D. João II recebeu-o com honras de Estado: ofereceu a Bemoim roupas dos tecidos mais finos, ordenou que lhe servissem comida numa salva de prata e recebeu-o de pé, a três passos do trono, com o toucado erguido como faria com um príncipe europeu. Bemoim e os seus seguidores lançaram-se ao chão para beijar os pés do monarca e depois agarraram em terra, que deitaram sobre a cabeça em sinal de submissão. (…) Nos dias que se seguiram foram convertidos mais vinte e quatro dos seus seguidores. Bemoim partiu então para recuperar o seu domínio, com vinte caravelas comandadas por Pero Vaz da Cunha (…). Ao chegarem à foz do rio Senegal, o capitão português e seus oficiais ficaram desconfiados de Bemoim, matando-o antes de regressarem a Lisboa com os navios e os soldados. D. João II ficou indignado com o gesto do capitão, o qual reprovou com veemência, acreditando que o príncipe jalofo deveria ter sido levado para interrogatório. Contudo,não se atreveu a castigar o capitão.”

Tenha um bom dia. Amanhã, sim, estará cá o Pedro Santos Guerreiro para lhe servir outro Expresso Curto. Conte com a atualidade no Expresso Online e, mais logo, lá pelas 18h, com oExpresso Diário, já com toda a informação digerida e analisada e com a opinião dos nossos colunistas.

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