No
próximo dia de 10 de Novembro, se tudo seguir de acordo com as previsões, o
Governo de Passos Coelho e da coligação PàF cairá na Assembleia da República
portuguesa, devido a uma coligação de interesse político entre o PS, o BE, o
PCP e o Verdes - estes coligados na CDU - (ou seja, nada de anormal em
democracia).
Pelo
menos o PCP, pela voz do seu secretário-geral e em véspera de entrega no
parlamento do programa de governo da coligação PàF e face ao ultimato de
Costa de tudo estar resolvido antes do debate, veio a afirmar, hoje, que aprova
o programa debatido com o PS.
A
dúvida, pertinente, é se o PCP, e de Sousa, também o fará com próximo e futuros
orçamentos? E irá assinar um documento nesses termos e em conjunto com o BE de
quem ainda ontem, sob o protesto de estarem a divulgar antecipadamente factos
sob segredo, fazia críticas bem fortes? Na realidade Catarina Martins, a
porta-voz do BE, mais parece uma sólida e bem informada ministeriável do que
somente uma "sponsor", como a CDU, do Governo do PS. Dupla
questão que se põe e com pertinência
Só
que nesse dia, e após essa votação, alguém, algures, onde ninguém sabe bem onde
é, estará a bater palmas feliz; não porque faria 102 anos se fosse vivo, mas
por, ao fim de 40 anos, conseguir o que viu ser negado em 25 de Novembro de
1975: o Poder. Essa personalidade, chamava-se, em vida, Álvaro Barreirinha
Cunhal.
Nesse
dia, esteja onde ele estiver, deixará de dizer o que disse em 1976, face a
Mário Soares, e passará a dizer bem alto: Olhe que sim! Sr. Doutor, olhe que
sim!
Ora
este acordo – e se for como preconizam, sem a presença dos outros parceiros no
Governo - é também uma vitória do BE e do PCP. Porque se der para o torto, só
haverá um único culpado: o PS! E isso vai se reflectir em próximos actos leitorais.
Veremos
se nessa altura os dirigentes socialistas conseguirão que o PS português não se
torne num novo PASOK ou num PSOE.
Se
por acaso fosse assessor de algum dirigente de cúpula PS – e não sou, como
alguns, se lerem isto (certamente muito poucos) dirão – nunca quereria derrubar
o Governo de Passos e deixava-o cair de podre.
É
que se com um Governo do PS e o novo apoio parlamentar, o PSD e CDS-PP nada
farão, no imediato, para o derrubar. Vão esperar para ver o que dará as
eleições presidenciais e como o possível no Governo manterá equilibradas as
contas do País.
Ora
caso a coligação PàF estivesse no poder, se o novo presente
eleito for da mesma área política que o putativo novo Governo – como seria
e será natural – ele daria imediata via a eleições antecipadas e, aí, o PS
teria mais possibilidades de vencer, e, talvez, se não com maioria absoluta,
com um larguíssima maioria.
São
muitos “ses” e veremos como vai ser no futuro imediato. De certeza, nesta
altura, e em várias frentes e em vários sectores haverá quem esteja já a
verificar as suas armas políticas para os próximos tempos!
Só
se espera que, com tanta despesa e menos receitas não acabe, depois, tudo
voltar ao mesmo e com impacto maior. Porque, fazendo fé no documento ontem
apresentado, viver só do consumo interno, não me parece que faça desenvolver o
País.
É
que 4 anos já foram demais e muitos parecem esquecer que os contribuintes que
vivem e pagam impostos em Portugal sofreram e de que maneira os efeitos de um
memorando/crise que não estavam preparados.
Agora
na dúvida não irão de certeza desbaratar o que lhes querem “oferecer” de
retorno.
Realmente
4 anos de inferno austero foi demais! Será que haverá quem ache que não
chegaram?
*Investigador
do CEI-IUL e CINAMIL - Na foto: Eugénio Costa Almeida
**Eugénio
Costa Almeida* – Pululu -
Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em
Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo
Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos
de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.
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