segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Portugal. A METADE DE UM PRESIDENTE




Portugal ficou abismado ao perceber que tinha apenas a metade, com um corte vertical, do Presidente da República. E pior, a metade desprovida de coração, já que é exclusivamente de direita, e todos sabem que aquele órgão que responde pela sensibilidade humana fica do lado esquerdo.

Já o povo tinha esta impressão ao ouvir as suas considerações expostas em público há tantos anos, enquanto a nação empobrecia e a miséria dos trabalhadores aumentava enquanto o número de milionários aumentava.

Mas agora foi afirmado pelo próprio Presidente, cujo conceito de democracia não admite a voz da esquerda. É verdade que ele também não revela conhecer a existência de um Parlamento que tem a função de aprovar ou não um governo de acordo com os votos de direita e, já está, somados aos de esquerda. Parece confundir os tempos e decide como se fosse um Imperador sem coroa mas com gravata, como manda a moda.

Se fosse só o Presidente, já era grave. Mas todos os governantes empossados por desejo do Presidente, raciocinam da mesma maneira, pela metade vertical.

Esta descoberta é de tal maneira inesperada que muitos dos que se consideram "de direita", sem negar que existem os "de esquerda", desvinculam-se publicamente dos que assumem a sua metade orgulhosamente como se lhes bastasse. Afinal, ter coração sempre foi uma necessidade física e mentalmente imprescindível aos seres humanos, especialmente aos que assumem funções de responsabilidade na liderança dos povos.

Temos visto que esta condição, que assolou a governação do país tem, alguns seguidores que distraidamente andavam junto aos que, sendo normais, optam agora pela esquerda que representa a maioria da população. Quem, depois de constatar que Portugal está no plano inclinado, em vias de perder a sua independência e ver a sua dignidade espezinhada pelos que só têm uma metade, na vertical, a direita, não escolhe o caminho que sempre foi seguido pela esquerda?

Trata-se de uma epidemia? Há cura para tão estranha patologia? Urge combater esta perversão do género humano, antes que seja tarde.

*Zillah Branco (na foto) -  Cientista social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Brasil, Chile, Portugal e Cabo Verde.

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