Portugal
ficou abismado ao perceber que tinha apenas a metade, com um corte vertical, do
Presidente da República. E pior, a metade desprovida de coração, já que é exclusivamente
de direita, e todos sabem que aquele órgão que responde pela sensibilidade
humana fica do lado esquerdo.
Já
o povo tinha esta impressão ao ouvir as suas considerações expostas em público
há tantos anos, enquanto a nação empobrecia e a miséria dos trabalhadores
aumentava enquanto o número de milionários aumentava.
Mas
agora foi afirmado pelo próprio Presidente, cujo conceito de democracia não
admite a voz da esquerda. É verdade que ele também não revela conhecer a
existência de um Parlamento que tem a função de aprovar ou não um governo de
acordo com os votos de direita e, já está, somados aos de esquerda. Parece
confundir os tempos e decide como se fosse um Imperador sem coroa mas com
gravata, como manda a moda.
Se
fosse só o Presidente, já era grave. Mas todos os governantes empossados por desejo
do Presidente, raciocinam da mesma maneira, pela metade vertical.
Esta
descoberta é de tal maneira inesperada que muitos dos que se consideram
"de direita", sem negar que existem os "de esquerda",
desvinculam-se publicamente dos que assumem a sua metade orgulhosamente como se
lhes bastasse. Afinal, ter coração sempre foi uma necessidade física e
mentalmente imprescindível aos seres humanos, especialmente aos que assumem
funções de responsabilidade na liderança dos povos.
Temos
visto que esta condição, que assolou a governação do país tem, alguns seguidores
que distraidamente andavam junto aos que, sendo normais, optam agora pela
esquerda que representa a maioria da população. Quem, depois de constatar que
Portugal está no plano inclinado, em vias de perder a sua independência e ver a
sua dignidade espezinhada pelos que só têm uma metade, na vertical, a direita,
não escolhe o caminho que sempre foi seguido pela esquerda?
Trata-se
de uma epidemia? Há cura para tão estranha patologia? Urge combater esta perversão
do género humano, antes que seja tarde.
*Zillah
Branco (na foto) - Cientista social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de
vida e trabalho no Brasil, Chile, Portugal e Cabo Verde.
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