Hélder Semedo, Coimbra
Francisco
Assis, deputado do PS no Parlamento Europeu, anda de candeias às avessas com o
PS de António Costa por pôr o partido à esquerda e a fazer acordo com a
esquerda para ser maioritária na Assembleia da República e assim governar o país
com políticas anti-austeridade nas vertentes em que seja possível. É nesse
acordo, que visa maioria parlamentar de sustentabilidade ao governo PS, que Assis
e seus apaniguados vê o demónio. PS à esquerda não.
Era
ontem notícia que Assis desenvolveu uma corrente discordante da política de António
Costa e vai reunir mais de cem militantes do partido na Mealhada já no próximo
sábado com o intuito de criar uma alternativa do PS à esquerda e retomar a
direita. Ou seja, Assis e apaniguados estão no Partido Socialista mas são de
direita e querem políticas miscigenadas com o CDS e o PSD, coisa a que chamam “centro”,
falsamente.
Assis
e apaniguados estão no Partido Socialista mas não querem ter nada que ver com o
socialismo. Legitimo perguntar: o que passou pela cabeça de Assis e dos da sua
vontade política quando aderiram e se fizeram militantes do PS? Se não são
socialistas o que estão ali a fazer? Será que são uma corrente do CDS e do PSD
infiltrada no PS para o “puxar” para a direita? O que e quanto ganham por isso? Ou é pro bono?
De
todo, não se compreende que indivíduos que se identificam com as políticas de
direita – às vezes de direita extrema – adiram ao PS e ao seu programa, às suas
bases estatutárias e programáticas vincadamente socialistas. Socialistas da modernidade e
destes tempos mas com bastante pendor de esquerda, de socialismo democrático. Com
legitimidade devemos questionar novamente: o que passou pela cabeça de Assis e
dos da sua vontade política quando aderiram e se fizeram militantes do Partido
Socialista? São a lança da direita no PS? Aderiram ao PS porque foi onde
encontraram vaga com a possibilidade de serem eleitos para “tachos” que
ambicionavam desde pequeninos? Deve ter sido, já que de socialistas nada têm.
Estão no partido político errado, em vez de no PSD ou no CDS. Compreende-se,
naqueles já existem muitos como eles e as possibilidades de serem incluídos em
listas eleitorais eram menores que no PS.
Nesse
raciocínio conclua-se que afinal o que eles são é oportunistas. Não se regulam
por regras socialistas, nem social-democratas, nem cristãs democratas. Regulam-se
exclusivamente pelas suas ambições de ganância em obterem os melhores “tachos”
possíveis no menor prazo de tempo possível... e que sejam duradouros o mais possível.
No
sábado, na Mealhada, os gananciosos vão reunir-se. Não no interesse do país nem da democracia,
não em defesa dos cidadãos que já somam quase três milhões na miséria, afogados
em dívidas, em fome, em desemprego. Afogados e quase a parar de esbracejar
devido à sua malnutrição. Que são mais de cem, na Mealhada. Até podem ser
duzentos, que assim não suplantam os imensos milhares de realmente socialistas
democráticos que militam no PS. Assis e os seus apaniguados gananciosos vão ter
de ficar a marcar passo nesta intenção caríssima de fazer revalidar em
governos futuros Passos e Portas, de que aparentam ser utilitários agentes. A
direita ao poder será seu lema. Nessa direita pretendem incluir o PS, é o que
transparece.
Se
assim não é, o que estão a fazer com uma “corrente” anti-esquerda e tão à
direita no Partido Socialista?
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