Um
relatório divulgado pela ONUSIDA diz que Moçambique está entre as dez nações da
África Oriental onde ocorreram novas infeções pelo vírus. Em Angola mantêm-se
os esforços para acabar com a epidemia até 2030.
O
diretor executivo adjunto do Programa Conjunto da ONU de Combate à SIDA
(ONUSIDA), Luiz Loures, disse à Rádio das Nações Unidas que Angola pode vir a
ter uma "epidemia semelhante" à que aconteceu em Moçambique se os
países lusófonos não se juntarem no combate à doença.
Luiz
Loures refere a existência de "epidemias importantes, como em Moçambique,
e países que podem vir a ter epidemias importantes como Angola." Por isso,
defende, "tem que se renovar atenção à sida nesses países. Existe uma base
forte. Vejo de uma forma otimista, países como o Brasil e Portugal têm uma
resposta à SIDA hoje entre as mais avançadas do mundo e não existe uma razão
para que outros países de língua portuguesa não avançarem da mesma forma. A
unidade entre esses países para levar a essa epidemia ao fim é parte da
estratégia."
A
DW África conversou com Tsemo Sihaka, representante da ONUSIDA em Angola, que
esclarece a atual situação no país. "A prevalência do VIH/SIDA é de 2,4%,
muito longe dos outros países. Tem havido um esforço muito grande na resposta à
luta da epidemia. Em 2004 havia quatro centros de prevenção em Angola e em 2014
há mais de mil centros, dentro dos municípios em todo o país. Há uma melhoria
muito importante na propagação da doença que reduziu para menos de 25%. Houve
mais acesso a centros e o tratamento com antirretrovirais é gratuito."
Mas
o combate à doença não depende apenas do Governo. "A maior dificuldade tem
a ver com constrangimento da sociedade. A fraca mobilização da sociedade civil,
a nível dos parceiros baseados na fé. A fraca mobilização dos jovens e isto tem
a ver com o nível da educação que tem de ser melhorada", sublinha Tsemo
Sihaka.
Prisões
sobrelotadas são foco da doença
A
doença tem incidência em grupos de pessoas que estão mais vulneráveis, como nas
prisões de Angola, onde se regista uma sobrelotação de 9% na capacidade das
cadeias do país. As patologias mais frequentes são o HIV/SIDA, tuberculose e a
malária.
Tsemo
Sihaka refere que "os prisioneiros fazem parte de populações chave de
grupos vulneráveis que merecem toda a atenção na resposta a epidemia. O país e
os parceiros estão conscientes que os presos, os trabalhadores de sexo,
usuários de drogas e homens que fazem sexo com homens estão mais vulneráveis à
epidemia."
A
representante da ONUSIDA para Angola acredita que o país está melhor preparado
para combater o vírus. "Já houve muito esforço e vai haver muito mais no
próximo plano estratégico nacional que vai de 2015 a 2018. Existe um maior
envolvimento da sociedade civil e acreditamos que com o apoio de todos os
parceiros que tem de estar no terreno para acompanhar esta resposta vamos
acabar com a epidemia até 2030."
Cantora
Yola Semedo nomeada embaixadora
A
cantora angolana Yola Semedo aceitou, entretanto, ser embaixadora da Boa
Vontade da ONUSIDA para dar voz ao combate à doença em Angola.
"A
cantora Yola Semedo ofereceu o seu apoio para mobilizar a juventude a lutar
contra o estigma da descriminação que ainda é importante na sociedade de África
e ela se comprometeu em usar a sua voz e fama em trazer a sua contribuição
pessoal como embaixadora de boa vontade. É uma grande honra ter a Yola como
embaixadora da boa vontade", sublinha a representante da ONUSIDA em
Angola.
Yola
Semedo vai tomar posse como embaixadora da boa vontade no Dia Mundial da Luta
contra a SIDA, 1 de dezembro.
Manuel
Ribeiro / Lusa – Deutsche Welle
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