sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

EUA. JÁ CHEGA DE TRUMP



Benjamim Formigo – Jornal de Angola, opinião

Donald Trump ultrapassou todos os limites da decência humana e da convivência, mesmo intolerante. O candidato a canditado republicano à Presidência dos Estados Unidos pode ter sido um homem de negócios com sucesso, mas a sua retórica não mostra inteligência política e o seu discurso destila ódio – conforme a definição do equivalente à Ordem dos Advogados dos EUA, inquirida pela CNN.


“Incitação ao ódio: o discurso que ofende, insulta (...) com base na religião, cor, raça, orientação sexual (...)”. Esse tem sido o discurso do bilionário americano que recebe, ao que parece, 68 por cento do apoio dos republicanos.

O homem que se pretende sentar na Sala Oval da Casa Branca tem visto sucessivas afirmações suas desmentidas inclusive pelo PM britânico David Cameron ou o Chefe de Estado francês. Agora, a poucos dias de se encontrar com o ultraconservador PM israelita Benyamin Netanyahu, viu as suas últimas declarações sobre a expulsão de muçulmanos dos EUA e outras referências do mesmo teor, serem repudiadas por Netanyahu, o político mais radical relativamente aos Estados árabes vizinhos que Israel teve.

Trump não se limita porém a insultar os muçulmanos globalmente. Minimiza as mulheres, despreza os homossexuais ou os que se distinguem por deficiências ou por serem simplesmente estrangeiros.

Pretende construir um muro ao longo da fronteira com o México para acabar com a imigração clandestina e é também sua intenção expulsar todos os imigrantes não legais. Sobre política internacional não se lhe conhece uma ideia minimamente consistente, para além de afirmar que quer uma “América forte”. O mesmo queria Ronald Reagan que, gostemos ou não dele, conseguiu retirar os EUA do complexo da derrota nos pântanos do Vietname, mas soube reconhecer em Gorbatchov o homem com quem seria possível fazer uma parceria – à sua maneira – que mudasse o Mundo e assinar vários acordos de desarmamento reduzindo os riscos de confronto entre os EUA e a URSS. Nem mesmo George W. Bush foi capaz de dizer tanto disparate nem fazer tanta asneira quanto se adivinha que Donald Trump faria se chegasse à Casa Branca.

O Partido Republicano bem gostaria de se ver livre desse candidato que apenas encontra algum eco entre o chamado “Tea Party”, os ultraconservadores republicanos. Os americanos não são Donald Trump, por muito que essa realidade possa custar ao candidato republicano. O Mundo, ao contrário de Trump, não toma a nuvem por Juno e sabe fazer distinções, como saberão os eleitores americanos. Mesmo que Donald Trump venha a conseguir a nomeação republicana, só muito dificilmente terá no Colégio Eleitoral o  número de delegados que necessita para a Casa Branca.

A sua demagogia é sonante e dá-lhe visibilidade porque diz muitas vezes as inconveniências comuns nas pessoas normais que contudo reconhecem a existência de uma linha de demarcação entre o desabafo e a realidade da vida.

Vamos ter de aturar esta diatribe enquanto durar a campanha eleitoral. Mas a verdade é que: já chega de Trump e de disparates ofensivos. Trump felizmente não é os EUA.

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